NO
CORO DA IGREJA
Clerisvaldo
B. Chagas, 3 de maio de 2003
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.877
Como
ainda não era da nossa total atenção particular, não soubemos responder a
algumas perguntas sobre piano, órgão e mais indagações sobre o tema. Mas que
era bonito, era. O coro da Igreja Matriz de Senhora Santana, funcionava no
primeiro pavimento acima da porta principal de entrada, cujo acesso era uma
escadaria de degraus de cimento. Coro é a própria arquitetura, local físico de
realizações humanas. Coro também é a mesma coisa de coral, grupo de pessoas que
cantam sobre a regência de um maestro. No coro da Igreja Matriz de Senhora
Santana, cantava homens e mulheres durante a missa ou nos ensaios. Eram vários
participantes, mas, lembramos apenas de dona Maroquita Bulhões, irmã do padre
Bulhões, Marinalva Cirilo, irmão do padre Cirilo, o sacristão Jaime e o
deficiente visual Liô ou Leô que, se não estamos enganados era chamado para
consertar (afinar) o instrumento sempre que precisava.
Mas
a questão é se o instrumento rodeado pelo coral era um piano ou um órgão. Para
nós os leigos era um piano, mas para os entendidos, era um órgão. A diferença é
que o órgão não tem cordas, funciona à base de ar comprimido. Também não
sabemos de onde veio o órgão do coral, se de Belo Monte, Penedo ou de outro
lugar. Também não temos conhecimento do seu destino final e a quem realmente
pertencia. Sabemos, entretanto, que dona Maroquita, apesar da idade, ainda se
prontificava ao ensino, em casa, dos que queriam aprender a tocar. A impressão,
entretanto, era de paz e êxtase, quando o coral funcionava durante as missas da
Matriz.
Terras
de músicos, cantores e cantoras, todas as cidades do Baixo São Francisco,
influenciaram a música no rincão alagoano. De Penedo mesmo, já foi registrado a
vinda de cantora famosa e coral para as solenidades religiosas santanenses do
mês de julho, no tempo do padre Bulhões. E do coro da Igreja Matriz de Senhora
Santana fica apenas a saudade dos que ainda estão vivos e participaram do coral
magnífico de Jaiminho, de Marinalva, de rapazes e moças que animavam as missas
em Latim e em Português, depois. Enquanto isso, o grande sineiro e zelador da
igreja, quilombola “Major”, subia e descia por ali indo e vindo da torre dos
sinos. Tão educado, tão bom, tão discreto e invisível. Deus abençoe e guarde
aos que estão nas liturgias de outra dimensão.
INTERIOR
RECENTE DA MATRIZ DE SENHORA SANTANA (FOTO: B. CHAGAS).
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