A DANÇA DAS AMÉRICAS (Clerisvaldo B. Chagas. 24.2.2010) BLOG DO AUTOR: http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/ A imprensa brasileira, pel...

A DANÇA DAS AMÉRICAS

A DANÇA DAS AMÉRICAS

(Clerisvaldo B. Chagas. 24.2.2010)

A imprensa brasileira, pelo menos, não nos pareceu interessada sobre a reunião de Cancún. Nesse balneário do caribe mexicano, estiveram presentes 25 chefes de estados latinos e caribenhos. Visando integrar as duas regiões, América Latina e Central, a chamada cúpula do grupo do Rio parecia discreta. Como os escândalos sempre estão em lugar de evidência, breve discussão entre Chávez e Uribe ganhou os jornais do mundo inteiro. Todos os objetivos simples e profundos, vão por terra perante a velha prática chavista de provocar. Isso lembra a família que reúne seus membros para uma confraternização e briga na hora da merenda. Querer os países, do México ao Chile, sem a presença dos Estados Unidos e seu apêndice o Canadá, não é tarefa muito fácil. Acostumados a mandar e a desmandar abaixo das suas fronteiras, os Estados Unidos não vão querer largar o suculento pernil. Como latinos do Sul e caribenhos sempre foram desunidos, não enxergamos em médio prazo essa independência sem estrutura interna regional.
Quanto ao caso das Malvinas, louvável foi a decisão unânime de apoio a Argentina. Entretanto, Os Estados Unidos, mesmo com a decisão da cúpula do grupo do Rio, jamais deixarão de apoiar a Inglaterra, sua sombra desde a Segunda Guerra Mundial. Foram os americanos que deram apoio logístico ao país europeu contra a nação do seu continente. E voltando ao assunto primordial da integração, é possível porque tudo no mundo é possível, mas não com o povo oprimido nas ditaduras disfarçadas de alguns chefes regionalistas. A tradição do caudilhismo ainda é resistente nos países menos desenvolvidos que integram o Hemisfério Sul. Esse negócio de esquerda e direita parece marcha de soldado em parada militar; representa a roupa cafona de certa apresentadora de televisão da Globo. Não faz mais sucesso. O que continua mesmo em cartaz é a sede de poder. A imitação barata e empinada do Imperador Pedro I.
Na América Latina, com toda razão, Álvaro Uribe deixou as nações vizinhas arrepiadas quando permitiu a instalação de bases americanas em seu território. Todos conhecem a insaciabilidade do Tio Sam. Entretanto isso não é motivo de provocações para nações que se dizem irmanadas no destino de ex-colônias. O fracassado e insano presidente da Venezuela tem o parafuso frouxo característico dos malucos que dão trabalho. Não tendo capacidade de bem governar o seu povo, navega com palavras em águas turbulentas geradoras de intrigas. Pelos nossos acompanhamentos seus dias estão contados. Se não cair pelo americano deve cair cedo ou tarde por revolta popular. Admirador de Fidel Castro, também quer se perpetuar no poder, sem a roupa de Fidel. Com Chávez ou sem Chávez, positiva se torna uma América Latina libertária, mas sem revanchismos idiotas que não levam a nada. Quem irá fazer a verdadeira revolução dessas nações, serão estudantes e intelectuais de todos os países. É por isso que a Educação é o maior bem de um povo, porque é com ela que se conquistam todos os outros benefícios. Sejamos mais um nesse objetivo de integração e não apenas espectador contemplando a nervosa DANÇA DAS AMÉRICAS.

O JEGUE DE BANDA MEL (CLERISVALDO B. CHAGAS. 23.2.2010) BLOG DO AUTOR: http://clerisvaldobchagas.blogspot.com Jumento , jegue, asno, inspe...

O JEGUE DE BANDA MEL

O JEGUE DE BANDA MEL

(CLERISVALDO B. CHAGAS. 23.2.2010)
BLOG DO AUTOR: http://clerisvaldobchagas.blogspot.com

Jumento, jegue, asno, inspetor, babau... Despontou no mundo desde a chamada pré-história. É originário da Abissínia, país africano localizado no chifre da África, cuja capital é Adis-Abeba. A Abissínia é considerada por muitos como o país mais antigo do mundo e berço do homem mais moderno. A língua oficial desse país do oeste africano é o Amárico. Foi daí que o Equus asinus, ou melhor, o jumento, espalhou-se pela África, Ásia e o planeta inteiro. Aqui no Brasil esse animal de porte médio serviu muito e ainda serve nas regiões rurais, conhecido por várias raças como a Pega (ê) e a Canindé. Possuindo força extraordinária, o jumento é motivo de piadas pelo exagero do órgão sexual, pela teimosia e mesmo pelas aventuras quando em bando selvagem. A ele devemos muito, pois transportou as nossas mercadorias pelos sertões longínquos. No caso particular de Santana, foi o jumento que abasteceu a cidade durante décadas com água do rio Ipanema. Uma dívida impagável ao animal que tem a cruz no lombo. Pelo menos ganhou estátua em praça pública que foi motivo de polêmica entre os insensíveis. O jumento já foi decantado em prosa e versos, por cronistas, historiadores, poetas, escritores, jornalistas, quando alcançou o ápice com o cantor e sanfoneiro Luiz Gonzaga.
Não pude deixar de rir quando li o apelo do colega Fábio Campos ao Valter Filho do site Santana Oxente. É que sua crônica “Meus Documentos, Pergunte a Esse Jegue” (título quase imoral), estava na pauta há vários dias e precisava urgentemente ser substituída. O colunista, então, enviou através do mural de recados o seguinte apelo: “Valtinho! Atualize aí minha coluna rapaz! Já enviei outras crônicas. Essa do jegue (de novo?) já está na tela há muito tempo!” Para quem conhece o Fábio Campos, fala mansa e arrastada, conseguiu ver o rosto choroso do colunista e a preocupação estampada no apelo. Ri das duas coisas, do apelo e da redação. Eis que a crônica sobre o jumento foi substituída pela benevolência do Valter e surgiu à outra intitulada: ”A Ressaca do Carnaval de Banda Mel”. Diverti-me mais uma vez à custa de meu amigo. Como um teatrólogo, ele tangia o jegue de cena e entrava o vidraceiro “Banda Mel”, figura folclórica de Santana do Ipanema. Logo imaginei Banda Mel montado no jegue; tangendo o babau para ocupar o seu lugar; desesperado com a presença do jumento.
Banda Mel tem residência à Praça Frei Damião. Gente muito boa e competente profissional. Mas quando conversa com a lourinha, não tem cristão vivo que aguente. Uma das características do homem magrinho e moreno é falar explicadamente mastigando cada palavra, demonstrando inteligência, educação e conhecimento. Mas é como se sabe, a marvada bota tudo a perder. Todavia, o problema para desenhar a crônica é que Banda Mel não possui jumento algum, pelo menos que eu saiba. Acho que deve ter pegado uma carona no inspetor do meu amigo Fábio Campos. E para distrair a seriedade do cronista, vamos imaginando o vidraceiro bem alegre, paletó e gravata, entrando em cena montado e, o autor da “Ressaca” anunciando com megafone nos bastidores: Atenção senhoras, apresentamos no momento o formidável, o fabuloso, o incrível, o imoral JEGUE DE BANDA MEL.

(NOTA: Friso nosso)



PUNHAL ENFERRUJADO (Clerisvaldo B. Chagas. 22.2.2010) BLOG DO AUTOR: http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/ Em Santana do Ipanema, décad...

PUNHAL ENFERRUJADO

PUNHAL ENFERRUJADO

(Clerisvaldo B. Chagas. 22.2.2010)

Em Santana do Ipanema, décadas 50/60, havia um doido conhecido pelo vulgo de “Coleta”. Lembramos muito bem da sua figura alegre usando chapéu de palha quebrado nas laterais. Coleta costumava fazer o trecho do Largo da Feira, entre o mercado de carne e a Igreja Matriz de Senhora Santana. Sua parada predileta era na padaria de Isaías Rego, onde recebia seus admiradores. Ninguém mexia com o doido, apenas falava animado com ele e, Coleta respondia fazendo gestos de esfaquear. “Olhe o punhal velho enferrujado!”
Ainda refletindo sobre a política, ficamos admirados com o vigor físico dos candidatos. O postulante a vereador percorre todos os sítios existentes na área rural e todas as ruas da cidade. Esse conhece, sem dúvida alguma, as bibocas do sertão e sabe exatamente onde o cão dorme, cochila e come. Uma vez eleito, com prestígio ou sem prestígio do Executivo, naturalmente continua suas peregrinações. É que o edil não tem nada a perder. Se conseguir realizar os pedidos dos eleitores, fica feliz; se não conseguir, escora-se na doce vingança de atribuir a falta ao chefe do município. Tirando os eleitores mais exigentes, os outros se conformam com apenas a presença da autoridade, como sinal de bom relacionamento.
Por outro lado tem o candidato a prefeito. Esse é guiado pelos vereadores ou postulantes pelas estradas, trilhas e veredas. Se não tem energia, arranja, mas vai percorrendo vales, grotas e montanhas na ansiedade febril de conquistar os munícipes. Além do gasto exorbitante do real, as promessas miraculosas levam finalmente o indivíduo ao éden insistentemente desejado. Uma vez com seus paramentos na cadeira fofa, a lógica se inverte como as gangorras da nossa juventude. Antes, uma pessoa preocupada com o porvir do município e o bem-estar dos cidadãos; um futuro empregado do povo, pago para administrar honesta e corretamente seus bens. Agora, um reizinho a mais no emaranhado político do País. Uma autopromoção a dono do município, patrão de todos e não mais gerente do povo. Na campanha podia, agora não pode mais aumentar salário, nem promover a Cultura, nem assegurar a Educação... Nada pode. Contudo, apresentar bandas caríssimas em espetáculos de macaquices com o dinheiro do contribuinte, pode. Em geral não existe uma equipe, existe um bando que freneticamente imita o ritmo sem parada das saúvas cortadeiras. Pobre reino de César, de Calígula, de Nabucodonosor... De fulano de tal. Final de mandato, malas arrumadas, voos para chácaras, fazendas, Europa... E o eleitor que recebeu uma onça ou outro bicho qualquer, cabisbaixo, humilhado, desmoralizado, se levantar a cabeça vê somente passar o rabo do avião. O bando se desfaz e fica cada um a espera de qualquer outro chamado para novo saque.
Não se preocupe meu amigo. Nada disso que foi dito acima é verdade. É apenas ficção de romancista. No sertão do Nordeste brasileiro não ocorre isso não. Mas, se você tem dúvidas, nas próximas eleições, ao abrir a porta para quem bate, fique atento; pode ser um “Coleta” travestido: “OLHE O PUNHAL VELHO ENFERRUJADO!”