LUGAR E TIPOS SANTANENSES (Clerisvaldo B. Chagas. 2.6.2010) Para jovens pesquisadores Em Santana do Ipanema, entre o prédio da perfuratriz...

LUGAR E TIPOS SANTANENSES

LUGAR E TIPOS SANTANENSES
(Clerisvaldo B. Chagas. 2.6.2010)
Para jovens pesquisadores

Em Santana do Ipanema, entre o prédio da perfuratriz (rodeado de janelas, quase sempre fechadas) a atual Rua São Paulo (pela metade) e o curral de gado do senhor José Quirino, nasceu um núcleo habitacional. Com cerca de l00 m2, casas, em maioria, feitas de taipa, rebocadas ou não, resistiam a verões e invernos sobre a imundície do barro de louça. Cachorros, papagaios, porcos, conviviam com a extremada pobreza do lugar. Esse conjunto chegava perto da cerca de arame farpado que prendia vacas leiteiras e via as ordenhas de todas as manhãs. Mais acima, na porteira de entrada do cercado, teve início uma rua transversal, construída pelo senhor José Quirino, comerciante e fazendeiro. Essa Rua ainda hoje é chamada popularmente de Rua José Quirino ─ por causa do seu fundador particular ─, entretanto, possui nome oficial de Prof. Enéas (que também é nome de praça). Até hoje não entendemos por que a Rua José Quirino não leva oficialmente o nome do seu fundador. Como esse trabalho está voltado para o núcleo vizinho, fica a Rua Prof. Enéas para outra ocasião.
Ali, nos 100 m2 falados acima, moravam tipos populares que se sobressaíam no aglomerado. São personagens romanescos do lugar mais pobre de Santana nos anos 50. Esse local somente veio a sair da lama, com o calçamento em uma das administrações do prefeito Paulo Ferreira, morador nas proximidades.
Entre aqueles habitantes, registramos a Maria Lula, galega alta, solteira, sempre solicitada para vasculhar casas e fornecer água do Panema em pote de barro à cabeça. Bebia cachaça e ficava vermelha como fogo; Alípio, sapateiro e ex-jogador do time Ipanema (tornou-se alcoólatra inveterado) “Zefinha”, sua esposa (engomadeira) Dona Antonia (lavadeira) e os filhos de Alípio, Abelardo e Arnaldo, todos viviam na mesma residência; Tributino e suas tarrafas de pesca; Jesus, um dos filhos de Tributino, carregador, que a gente o chamava “Jisus”; Mário “Nambu” (assim conhecido por ser caçador e atirar bem no voo de nambus e codornizes) dono de uma das mais belas vozes de Santana e único a cantar as difíceis melodias de Augusto Calheiros. Algumas dessas pessoas ainda vivem.
Já em torno do núcleo, destacavam-se: “Tô” (famoso em retelhamento de residências e que usava um chapéu semelhante aos da Polícia Montada do Canadá); Joaquim “Mangaeiro”, branco e alto; Zé Preto (também mangaieiro) e seus filhos Dionísio (carregador de sacos) e Paulo Preto (jogador de futebol); Manoel Bololô (título de crônica aqui apresentada) entre outros da Rua São Paulo, ainda em formação.
“Caçador” (que ingressou na polícia e também cantava); Genésio “Sapateiro”; “Toinho das Máquinas” (ex-baterista, pescador de anzol dos poços do Ipanema e depois consertador de fogões e máquinas de costuras); Marcionilo (vaqueiro) e Otávio “Marchante” (torcedor fanático do Ipanema) com sua esposa Carmelita, foram moradores da Rua Prof. Enéas.
Pouco acima, morava um sapateiro, cujo nome fugiu à lembrança, com seus filhos José “Alma” (por ser branco e magro) e “Dadinho” (o garotão que tinha coragem de entrar num bueiro comprido que iniciava à Rua Nova e chegava até a sua casa); a velha Xana (com problema de cegueira) Edite e Preta com seus filhos Milton e Cícero “de Preta” (este, companheiro do autor nos filmes de bang-bang e nas brincadeiras de artista da Rua Antonio Tavares, me chamava ‘Quelo’); além disso, residia ali vizinho, a “Tina”, bela morena, prostituta, segundo o povo. Havia uma venda na esquina, perto do curral de gado, pertencente à família do atual Secretário de Agricultura do município.
Não incluímos outras pessoas que viveram nas proximidades. Atualmente, no lugar onde era o curral de gado e imediações surgiram residências e outras ruas. É bom dizer que esse núcleo já existia muito antes do surgimento da Rua da Praia que somente apareceu nas últimas duas décadas do século XX. Talvez falemos depois especificamente sobre a Rua de José Quirino. Pesquise à vontade esse LUGAR E TIPOS SANTANENSES.

OS CABELOS DE OBAMA (Clerisvaldo B. Chagas. 2.6.2010) O mundo velho sem porteiras está desmantelado mesmo. Parece até o poço de petróleo do...

OS CABELOS DE OBAMA

OS CABELOS DE OBAMA
(Clerisvaldo B. Chagas. 2.6.2010)
O mundo velho sem porteiras está desmantelado mesmo. Parece até o poço de petróleo do golfo, quanto mais tentam um tapume mais ele jorra. País pequeno, simpático e desenvolvido, Israel sempre foi aliado dos americanos. Trata-se de uma antiga fórmula de simbiose. Por seu lado, para se proteger contra todas as nações árabes da região; pela banda americana, um apoio geográfico, político, estratégico, militar e de espionagem eficiente. Os sucessivos erros israelenses, sempre arrebanharam os afagos americanos para os cabelos de Davi. Vai ficando claro que o país judeu, imaginando ser invencível, fala em paz, porém, reluta em devolver as três anexações de territórios, feitas durante a guerra com a vizinhança. Tem o seu padrinho forte que bate nos outros, mas beija a face nefasta das suas ações. Israel tem ido longe demais e irrita o mundo com suas paranoias defensivas. O ataque inconsequente aos barcos de ajuda humanitária aos palestinos iguala a nação israelense a qualquer outra que não segue as leis internacionais. Para se considerar povo escolhido de Deus, como fala a Bíblia do Antigo Testamento, falta muito para seguir os ensinamentos sagrados. E Israel vai ficando como seu povo de antes, nos quarenta anos de travessia pelo deserto, coração endurecido. E se essa nação deu tanto trabalho ao Senhor e recebeu a mesma quantidade de castigos, imaginemos, então, suas ações contra outros pobres mortais. “Povo de cerviz dura!”, dizia o próprio Deus. E como fala uma das parábolas de Jesus, com outras frases, na prisão você pede misericórdia, mas ao sair, não se mostra misericordioso com os seus devedores.
Do ato israelense, desastrado, desproporcional e covarde, gerou veementes protestos no mundo inteiro. Mesmo assim, os Estados Unidos, padrastos dos outros, colocaram panos quentes no predileto do Oriente Próximo. E Obama que tem a boca grande para o Iraque, Irã, Coreia do Norte, tapa os ouvidos ao clamor mundial e acha que o melhor a fazer, é nada fazer. O nariz de Pinóquio de Israel não deixa Barack lhe puxar as orelhas. Num curto espaço de tempo para fortes decisões contra o Irã e Coreia, os Estados Unidos recebem um presente bombástico do amigo. O mundo está muito perigoso. É que as ilusões das armas continuam prevalecendo sobre o direito, a diplomacia e a capacidade de reconhecer povos de outras nações como irmãos de um mesmo criador. A Terra não aguenta mais tantas agressões insistentes dos terráqueos que não atentam para a destruição total.
Enquanto isso vamos vivendo entre os espíritos belicistas mal dirigidos dos Bush, das Hillary, da besta careta e dos filmes fantasmagóricos de Irã, Afeganistão, Coreia... Iraque. E como os Estados Unidos estão em todas as encrencas do planeta Terra, ganham em dobro responsabilidades como essa do seu parceiro do mar Mediterrâneo. Juntam-se problemas externos e internos no chapéu do Tio Sam e vão ficando cada vez mais brancos OS CABELOS DE OBAMA.

DETALHANDO A HISTÓRIA (Clerisvaldo B. Chagas. 1º. 5. 2010) Para jovens pesquisadores Rio s e riachos do Sertão começaram a engolir areia há ...

DETALHANDO A HISTÓRIA

DETALHANDO A HISTÓRIA
(Clerisvaldo B. Chagas. 1º. 5. 2010)
Para jovens pesquisadores
Rios e riachos do Sertão começaram a engolir areia há bastante tempo. Nos meados do século XX, o assoreamento no rio Ipanema já era uma penosa realidade. Mostrava que o desmatamento da bacia hidrográfica, principalmente no vizinho estado de Pernambuco, contribuía de forma cruel para a perda de terras férteis. No trecho urbano de Santana, a aluvião amontoava-se às margens, formava ilhas, dividia o rio em braços tortuosos. Foi assim que o Panema aterrou toda a barragem construída na periferia, ao lado da BR-316. Naquela época as estações do ano ainda eram regulares, o que fazia prevalecer à experiência dos mais velhos sobre um possível bom, ruim ou nenhum inverno. Essas experiências baseavam-se no comportamento de plantas, animais, demonstrações no Sol, na Lua, nas estrelas e nas cheias do rio Ipanema, além de outras fontes.
Com as cheias regulares, as águas do Ipanema iam trazendo e depositando as toneladas de terra, como foi dito acima. A enchente de 1941 ─ a mais famosa de todas ─ chegou a lamber o prédio da perfuratriz. Outras cheias sucessivas formaram com a aluvião, um terreno mais alto entre a perfuratriz e a conhecida pedra do sapo, na metade da largura. Como o Ipanema passou dezenas de anos sem conseguir subir o elevado, o senhor Otávio “Marchante” (torcedor número um do time com o mesmo nome do rio) cercou a área e depois vendeu para o senhor Euclides José dos Santos. O senhor Euclides, ali vizinho construiu uma rua estreita para alugar pequenas casas às pessoas mais pobres. Depois ele mesmo denominou a via de: Rua da Praia, cujo nome chegou aos nossos dias.
Alguns benefícios naquela área de extrema pobreza foram feitos tal o calçamento, durante uma das administrações do prefeito Paulo Ferreira. Um campo de futebol, gramado e cercado por árvores frondosas, também foi construído por um dos filhos de José dos Santos, ex-bancário Luís Euclides. Fundada ainda uma pequena igreja no local da antiga perfuratriz e mais uma associação comunitária, para atender aos moradores daquela região. Para o visitante, logo se destaca um prédio moderno e de 1º andar onde funciona a sede de luta dos seus associados e da comunidade local. Sempre que o rio Ipanema surge trazendo grande volume d’água, o campo de futebol (cujo terreno é mais baixo) fica completamente inundado. As águas ameaçam a Rua da Praia, mas a comunidade fica vigilante para evitar surpresas. Bem perto desse local, a prefeitura resolveu implantar um centro de saúde em avenida larga que se inicia à Rua São Pedro, indo até a margem do rio. Mais uma vitória da localidade resistente. É sempre um prazer encontrar progresso onde antes nem o mínimo existia.
Temos intenção ainda de falarmos sobre a vizinhança da Rua da Praia e seus personagens dos anos cinquenta. Quem sabe, na próxima crônica, mais material para pesquisadores sobre Santana. Enquanto a narrativa completa sobre o município não sai, vamos por outra vertente DETALHANDO A HISTÓRIA.