O NOME DO PESTE (Clerisvaldo B. Chagas, 7 de dezembro de 2010)      Já contamos aqui um fato engraçado com o senhor Abel Mendonça (já falec...

O NOME DO PESTE

O NOME DO PESTE
(Clerisvaldo B. Chagas, 7 de dezembro de 2010)
     Já contamos aqui um fato engraçado com o senhor Abel Mendonça (já falecido) mestre em adestrar passadas de cavalos. Não custa repetir. A pioneira no semi-árido, Rádio Correio do Sertão, criou um programa de forró que funcionava ao cair da tarde. Esse programa também passou a atuar ao vivo com vaqueiros, forrozeiros, aboiadores, repentistas e todo movimento rural da região. Havia espaço direto também para recados. Ao toque da sanfona, do coco de roda, repentes e aboios improvisados, as mensagens eram enviadas pelos seus ativos convidados. Na vez do senhor Abel Mendonça ─ homem rude que nunca havia usado o microfone ─ ele se saiu com essa. Mandava recado para os compadres e conhecidos, quando os ouvintes de casa perceberam que Abel esquecera um nome engatilhado. Assim só se ouvia o gaguejar do adestrador batendo as mãos, tentando lembrar: “Esse recado vai para... para... para... (E as mãos: ploc, ploc, ploc...) Ô minha gente, como é mesmo o nome do peste?” Gargalhada geral na rádio e nas casas dos ouvintes.
     Ficou para ontem, o final do caso comprido que só o hino nacional, sobre a compra de aviões a ser realizada pelo Brasil. Também já visto por nós esse tema, quando o governo resolveu prorrogar o suspense, após conversar o que não deveria. Para mostrar independência dos Estados Unidos, Lula firmou parceria estratégica com o governo francês que também busca destaque de líder na Europa. E por viverem essa crise que atingiu os ricos, França, Estados Unidos e Suécia, procuram vender seus caças nessa transação bilionária com o Brasil. Não é interessante para o nosso país, comprar avião sem trazer junto a tecnologia. Se, como exemplo, comprássemos aviões americanos e precisássemos fazer um ataque a um aliado deles, tudo que envolvesse reposição para as nossas aeronaves nos seria negado. Portanto, o Brasil opta por quem lhe fornece tecnologia e parceria para que também possamos fabricar aqui no Brasil esses aviões de guerra. Além disso, com a concessão de venda para outros países da América do Sul. Lógico que o Brasil iria aprender e desenvolver seus próprios métodos construtores, virando fabricantes de aeronaves de ponta. A França e a Suécia oferecem coisas que o americano não faz. Querendo driblar o tempo, Lula adiou a decisão para não causar constrangimento aos Estados Unidos que ficariam bravos com a não preferência pelas suas máquinas.
     Mesmo deixando a decisão para o finalzinho do seu governo, o presidente Lula parece ter perdido toda a influência sobre o assunto que teve que ser enfrentado por Dilma. Convocando o Jobim para decidirem sobre o avião a ser escolhido, a presidenta eleita mostra querer a situação imediatamente resolvida. Até a entrada dessa crônica no ar, havia um sigilo absoluto sobre a conversa ocorrida entre os dois. Apelamos para a presidenta eleita: Dilma, qual foi mesmo o avião escolhido? Diga aqui para o nosso blog como é mesmo O NOME DO PESTE!


HISTÓRIA E REMEMBRANÇAS (Clerisvaldo B. Chagas, 6 de dezembro de 2010)      Quando não havia asfalto entre o Sertão e Palmeira dos Índios, ...

HISTÓRIA E REMEMBRANÇAS

HISTÓRIA E REMEMBRANÇAS
(Clerisvaldo B. Chagas, 6 de dezembro de 2010)
     Quando não havia asfalto entre o Sertão e Palmeira dos Índios, em Alagoas, a viagem a Maceió era longa e difícil. Geralmente as paradas eram divididas em quatro partes, para os que usavam o automóvel, à preferência do viajor: Palmeira dos Índios, Cabeça Danta, Corumbá ou o Salgado. Palmeira, terra adotiva do Graciliano Ramos, surgia aos olhos dos viajantes do Sertão e Alto Sertão como um oásis interessante. Aspecto de cidade civilizada e limpa. Água de coco e café da manhã representavam à procura de quem passava. Cabeça Danta ─ perto de Belém e da famigerada curva do “S” ─ fornecia frutas dos sítios locais, puxadas pelo coco verde, muito procurado pelos passageiros. No Salgado, sopé das montanhas sempre verdes, após a cidade de Maribondo, o atrativo era o café da manhã com bolachas cream cracker e poções de manteiga em minúsculas manteigueiras de vidro, além da cristalina e pura água da serrania. A quarta opção, sítio Corumbá, perto de Atalaia, oferecia o café com uma chamada macaxeira ouro, que fazia jus a cor e ao sabor. Em alguns pontos da estrada, como no trecho da fértil Canafístula, a atração da estrada eram bancas de frutas e abóboras produzidas nas terras do local, por trás das casas dos moradores. O condutor parava o automóvel, enchia a mala de produtos frescos, deliciosos e baratos. Quem fazia o trajeto de ônibus, tinha como certas duas paradas costumeiras: a churrascaria Brasília, em Maribondo, que pertencia a um italiano e, cujas paredes eram repletas de provérbios cívicos, escritos à tinta; e a churrascaria do Josias na cidade Cacimbinhas, bem defronte ao posto de gasolina do Galego, um dos raros postos do Sertão e que prestou serviços décadas a fio.
     Algumas coisas mudaram na paisagem. Do Sertão à capital, o asfalto reduziu de quatro horas e meia para três ou duas horas e meia o trajeto. A “Princesa do Sertão” saiu do mapa das paradas, para quem vai de carro pequeno. O ponto Cabeça Danta está desativado, permanecendo, ainda hoje, com a pequena construção onde se vendiam os frutos da terra. A casa do sítio Salgado encontra-se abandonada e quase em ruínas. O ponto do Corumbá há muito tempo fechado e sem sinal de vida. Atualmente, a parada única de quem vem do Sertão e Alto Sertão, agora é Maribondo, cidade cortada pela BR-316, a cerca de setenta quilômetros da capital. É ali em churrascaria ou lanchonete o ajuntamento de bestas, micro-ônibus, automóveis particulares e de órgãos públicos que vão resolver negócios no litoral. Parada obrigatória para os de Santana, Canapi, Poço das Trincheiras, Mata Grande e todos os do semi-árido que trafegam pela BR-316.
     As bancas de frutas ainda são encontradas, mas também não são mais a mesma coisa. Muitos produtos vem da feira, são de qualidade duvidosa e preços elevados. A pureza dos quintais tornou-se rara. Os viajantes escaldados passam direto, receosos de explorações azedas. E assim os tempos vão mudando como mudam as nuvens tangidas sob o céu azul e eterno. Maceió ─ Sertão, Sertão ─ Maceió. Reminiscências despregando-se das lameiras... Da vida, que não estaciona para chorar. Desculpe aí leitor, a HISTÓRIA E REMEMBRANÇAS.

CATAR (Clerisvaldo B. Chagas, 3 de dezembro de 2010)      Com as duas surpresas do sorteio, a FIFA apresenta a Rússia e o Catar como sedes ...

CATAR

CATAR
(Clerisvaldo B. Chagas, 3 de dezembro de 2010)
     Com as duas surpresas do sorteio, a FIFA apresenta a Rússia e o Catar como sedes da copa de futebol de 1918 e 1922. Concorrendo com fortes candidatos, esses dois países conseguiram essa façanha espetacular, motivo de desejos global. Os Estados Unidos não gostaram, bem como o âncora brasileiro Boris Casoy. De parabéns está a FIFA que não se deixou intimidar pelo poderio e representantes americanos. Ambos os países escolhidos são extremos do continente asiático, desde as nevascas de Moscou às quenturas do deserto do Oriente Médio. A Rússia já prometeu construir estádios e mais estádios e gastar uma fábula nesse grandioso evento. O catar, mesmo pequeno polegar no Golfo Pérsico, não tem problemas com dinheiro. Ficou famoso pelo seu ponto estratégico dentro de outro ponto estratégico enorme que fica na confluência de três continentes ─ Europa, Ásia e África ─ ainda hoje, passagem obrigatória de diferentes povos. Sua capital Doha, também ganhou espaços nos jornais do mundo inteiro ao pagar bem aos jogadores estrangeiros e sediar reunião global sobre o clima. Essa localização tem particular importância porque os maiores produtores mundiais de petróleo ficam nessa região. Esse dado faz com que o Oriente Médio desempenhe um papel geopolítico importantíssimo no cenário internacional. São quinze países dentro dessa região, sem contar com dezenas de outros bem próximos dos três citados continentes. Todo o Oriente Médio é apaixonado por futebol, embora não tenha o destaque de outros lugares do globo. A estratégia da FIFA, além de amenizar a tensão do lugar, incentiva o esporte na Ásia Seca onde jorra dinheiro e petróleo.
     Os Estados Unidos não gostaram porque estão acostumados a mandar em tudo. Mas parece que o mundo vai perdendo o medo da Águia com a pintura da nova Geografia. É bom saber que o Catar fica de um lado do Golfo Pérsico e o Irã do outro. Para o Tio Sam, que mete política em tudo, a decisão da FIFA não podia mesmo agradar porque soa para ele como uma forma de prestigiar indiretamente o inimigo. Mas ─ como se fala em advocacia ─ o perdedor tem o direito de espernear. Já aqui no Brasil, ontem à noite, o apresentador de jornal Boris Casoy, com um toque sutil de preconceito disse, ironicamente, que a escolha do Oriente Médio devia ser por causa do futebol primoroso da região; e rebateu depois para aproveitar a gíria das ruas, referindo-se ao país de Doha: "Ora, vai-te catar!" Da Rússia não falou nada. Seu nome não deixou.
     Boris é um dos melhores apresentadores do Brasil. Todavia, vez em quando, comenta coisas sem base e conhecimento de causa. Quer dizer, é bom, mas também (citando jargão) foi não foi, pisa no tomate. E, ao contrário do que disse o grande âncora, sem preconceito nenhum é a hora do Catar e de Boris se CATAR.