TEMA EM DÉCIMA Clerisvaldo B. Chagas, 25 de janeiro de 2018 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano “Crônica” 1.831 Para a sensibilida...

TEMA EM DÉCIMA


TEMA EM DÉCIMA
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
“Crônica” 1.831
Para a sensibilidade de Remi, Fábio Campos, Goretti Brandão, Kélvia, Lícia Maciel, Vasko, Mendes e Lúcia Azevedo.

Tema em décima:
Meu bioma é a caatinga
Da caça e do predador
ILUSTRAÇÃO: ROSTAN MEDEIROS

Meu pai é mandacaru
Minha mãe é macambira
Meu doce é de jandaíra
Meu feijão é o andu
Meu vizinho é mulungu
Xiquexique é professor
Alastrado é meu senhor
Minha bebida é a pinga
Meu bioma é a caatinga
Da caça e do predador.

Sou primo do espinheiro
Não gosto de gerigonça
O meu cavalo é a onça
Creme dental juazeiro
Vaga-lume é candeeiro
Rasga-beiço meu credor
Pinhão roxo é meu doutor
Meu colchão é sacatinga
Meu bioma é a caatinga
Da caça e do predador.

Minha irmã é urtiga
O meu mano é cansanção
Meu chamado é o trovão
Minha comadre é formiga
Jararaca minha intriga
Meu jumento é inspetor
Maribondo o vingador
Quando espanto ele se vinga
Meu bioma é a caatinga
Da caça e do predador

Barriguda é meu ciúme
Meu comandante o facheiro
O guará meu companheiro
Bom angico meu curtume
A jurema meu perfume
Furão meu farejador
Coleira meu cantador
Mosquito agulha e seringa
Meu bioma é a caatinga
Da caça e do predador

Grossas como baraúna
Da morena são as coxas
Por flores brancas e roxas
Sabiá faz a tribuna
Minha aroeira é coluna
Meu instinto é pegador
Meu cachorro é caçador
E a minha reza é mandinga
Meu bioma é a caatinga
Da caça e do predador

Meu escudo é o gibão
Gitirana é minha Juba
Minha sombra é timbaúba
Imbuá meu anelão
Cascavel meu Lampião
Papagaio é locutor
Meu canário é o cantor
O meu estilo é coringa
Meu bioma é a caatinga
Da caça e do predador

(FIM)







OS SANTANENSES NÃO SABEM: HÁ 107 ANOS Clerisvaldo B. Chagas, 24 de janeiro de 2018 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.830 ...

OS SANTANENSES NÃO SABEM: HÁ 107 ANOS

OS SANTANENSES NÃO SABEM: HÁ 107 ANOS
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.830

FOTO: (DIVULGAÇÃO).
O coronel Delmiro Gouveia construiu por conta própria 520 km de estradas, trechos em Alagoas e Pernambuco. De Pedra a Quebrangulo, passando por Santana do Ipanema e Palmeira dos Índios tinha ramal Bom Conselho – Garanhuns e mais outras em Alagoas. Em Santana do Ipanema ela passava pela Rua da Poeira, Comércio, Antônio Tavares, Rua de São Pedro e Bebedouro/Maniçoba. As estradas começaram em 1911 e, no primeiro semestre de 1912, Delmiro chegava a Santana com seus automóveis. (O primeiro automóvel de Alagoas foi o do coronel). O encontro de Delmiro com o coronel Manoel Rodrigues da Rocha, foi considerado o “Encontro do Século”. A feira do sábado acabou-se nesse dia com tanto matuto correndo com medo do automóvel e outros querendo conhecê-lo e até “matá-lo”, dizendo que era a besta-fera. Os carros da comitiva eram: um “Fiat”, um “Austim” maior, um “Austim” menor e mais um N.A.G. imenso.
Em 1915, fins de julho, o ministro da Agricultura Dr. José Bezerra e o governador de Alagoas, João Batista Acióli (daí o nome da antiga escola Batista Acióli, o “Bacurau”, da Rua São Pedro, em homenagem ao governador) vieram de Quebrangulo para uma visita à cachoeira. Passaram pela Pedra com três automóveis. Em meados de 1916, na qualidade de governador de Pernambuco, Manoel Borba veio em comitiva com Delmiro Gouveia e o próprio coronel Manoel Rodrigues da Rocha para a Pedra e jantaram em Santana do Ipanema no sobradão do coronel, no dia 22 de agosto.
Essa é apenas uma fração da história do Sertão alagoano que teve repercussão e influência Nacional. Mas, as nossas escolas não ensinam a História de Santana do Ipanema, produzindo gerações e gerações de ignorantes sobre a própria terra em que nasceram. Quantas e quantas vergonhas os nossos jovens passam por não saberem nada ABSOLUTAMENTE nada do nosso passado. AUTORIDADES! FAÇAM ALGUMA COISA antes que seja tarde demais. Capacitar professores sobre a história de Santana é uma necessidade. Cidade sem história é lixo.





JÂNIO, LOT E OS JUMENTOS DE MARCIONÍLIO Clerisvaldo B. Chagas, 23 de janeiro de 2018 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1....

JÂNIO, LOT E OS JUMENTOS DE MARCIONÍLIO


JÂNIO, LOT E OS JUMENTOS DE MARCIONÍLIO
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.829
LOT DE JUMENTOS. FOTO: (NÃO IDENTIFICADA)

Lembro-me bem quando era adolescente. O nosso empregado Marcionílio indagou a meu pai, quem eram os candidatos à presidência da república. E o meu pai – que havia colecionado fascículos sobre Jânio e mandara encaderná-los em capa dura – respondeu normalmente, querendo, porém, conquistar alguns votos para o homem: “São dois candidatos, Marcionílio, Jânio Quadros e o marechal Lot”. O empregado analfabeto rejeitou o segundo nome na hora: “Lote? Lote que eu conheço, Seu Manezinho, é lote de jumentos!”. O resultado é que o lote de jumentos de Marcionílio perdeu. Como intelectual e prometendo limpar o Brasil dos ladrões, cujo símbolo de campanha era uma vassoura, o Jânio vitorioso decepcionou.
Podemos transportar a problemática para o século XXI, principalmente sobre eleições municipais. Desde o candidato desconhecido dos difíceis tempos das comunicações até agora, com ajuda do rádio, televisão e as redes sociais, o nó das más intenções continua o mesmo. Culpa-se o analfabeto que vota em troca de alguns “peixes”, mas o letrado também vira bajulador em troca de um carguinho qualquer. Quando não acontece a indicação é porque o prazer sexual de bajular está mesmo na cara sem-vergonha. Quem sofre de fato com tudo isso, são os membros da sociedade (analfabetos ou não) dignos, conscientes, carimbados pela própria Natureza sobre o verdadeiro papel que se deve exercer como minúsculo e decente cidadão da Terra e da Pátria.
Nem só a honestidade faz um bom prefeito. É preciso ser um ótimo administrador. Dizia o meu velho que “o excelente administrador é como cavalo bom, mora longe um do outro”. O sem estudo no cargo de gestor quase sempre é um palerma. O letrado é míope das letras, só enxerga as cifras negras. Se o fraco não faz, o forte não quer fazer. E as cidades brasileiras, principalmente as do interior vão acumulando mazelas sobre mazelas, inferno da populaça e paraíso dos modernos coronéis. Assim o Brasil vai afundando cada vez mais onde existem muitas ratoeiras, porém, poucas são robustas bastantes para segurar os ratos.
Continuamos vendados. Sem quiromancia, sem cartomancia, sem esperanças, guerreamos ladeados por lotes e Minervas.