COLÉGIO ESTADUAL Clerisvaldo B. Chagas, 22 de maio de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.309 COLÉGIO ESTADUAL EM ...

COCOLÉGIO ESTADUAL


COLÉGIO ESTADUAL
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de maio de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.309
COLÉGIO ESTADUAL EM 2013. ( B. CHAGAS).

O Colégio Estadual professor Mileno Ferreira da Silva, foi inaugurado em 26 de março de 1964, com o título de “Colégio Estadual Deraldo   Campos”, em Santana do Ipanema. Foi a primeira escola pública do município a funcionar da antiga 5a série até a 8a e, posteriormente, com o chamado hoje Curso Médio. Antes de tudo, a sua região era apenas caminho ou estrada para os camponeses provenientes dos sítios serra do Poço, Camoxinga dos Teodósio e outras localidades . Ali todas as semanas passavam jumentos, burros e bestas de carga levando os produtos  alimentícios de altitude para as feiras da quarta e do sábado, na cidade. O terreno do colégio era uma fazenda pertencente ao senhor Frederico Rocha que fora um dos interventores do município. Sua casa-grande chamava atenção por um belo pé de príncipe, na entrada. Havia uma cisterna subterrânea que alcançou os tempos do colégio. Supomos que tenha sido aterrada internamente, depois.
A fazenda foi vendida ao exército brasileiro para ser instalado um quartel em Santana do Ipanema. O quartel, de fato foi instalado, mas durou menos de um ano e foi evacuado. Ficamos sabendo à boca miúda que a unidade havia sido condenada por não se enquadrar em terreno compatível com a estratégia dos militares. O prédio ficou ocioso por certo tempo. Foi aproveitado, posteriormente, como escola. Dessa maneira surgiu no lugar do quartel, o Colégio Estadual Deraldo Campos. Seu primeiro diretor, Mileno Ferreira da Silva, passou quase vinte anos no cargo de diretor, herdando após, o nome da unidade. Vale salientar que era tempo de ditadura militar e o próprio diretor havia pertencido às Forças Armadas.
O Colégio ficou popularmente conhecido apenas como “Colégio Estadual” até a presente data. É impagável a prestação dos seus serviços   à sociedade santanense.  Conseguiu evitar o êxodo de milhares e milhares de jovens para outras plagas em busca do Saber. Infelizmente em março deste ano, foi uma das vítimas do valente riacho Camoxinga procurando passagem para desembocar no rio Ipanema.
Tive a honra de ser um dos seus mestres e diretor eleito por dois anos.
Difícil é encontrar quem não tenha sido aluno do Estadual durante algum tempo. Será que poderemos mandar levantar o dedo?
                                                                                                                                   

AINDA A TRADIÇÃO Clerisvaldo B.   Chagas, 21 de maio de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.308 CARRO DE CARNEIRO....

AINDA A TRADIÇÃO


AINDA A TRADIÇÃO
Clerisvaldo B.  Chagas, 21 de maio de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.308
CARRO DE CARNEIRO. (CRÉDITO NA FOTO).

Agora que todos possuem celular, virou moda no sertão, editar vídeos e enviá-los às redes sociais. São as feiras livres, as de gado, de galinhas, de peixes, até açougues, enchentes e até mesmo cenas cotidianas da roça. Esses vídeos também vão mostrando a redescoberta de tradições como a do carro de boi. Cada cidade sertaneja, atualmente está inventando festa de carreiro. É encontro, é festival, é procissão... E assim o secular carro de madeira, volta ao cenário estadual, brasileiro e mundial como um museu vivo do transporte, da arte e da História. O momento também traz outras novidades embutidas nesses festejos que antes eram raridades. Agora chove de carros de Carneiro, de bode, de jumento e pasmem, até carros de cachorro. O Sertão de Alagoas está contaminado de festas de carros de boi e similares.
O interessante é que o artesão do carro de boi, faz o carro de carneiro com a mesma perfeição, amor e capricho do primeiro. E se a grande alegria do carreiro é ouvir o seu carro cantar durante o transporte de mercadorias, o carreiro do carrinho de carneiro igualmente já pode se orgulhar em dizer que seu carro é cantador. Para isso é preciso ser confeccionado por quem entende. Ao se colocar  peças não recomendadas é fracasso garantido no chiado monótono que dá vida ao veículo. Nessas festas locais, contemplamos filas extensas de carros de carneiro com muito mais de um quilômetro de extensão, tendo como condutores dos carros, adultos, adolescentes de ambos os sexos e crianças.  Todos conduzem vara de ferrão porque o negativo também é repassado para a criançada.
Quer participar? Fique antenado na época do evento em cada município: Olivença, Poço das Trincheiras, Inhapi, São José da Tapera, Santana do Ipanema e talvez outros mais. Entretanto, gostaríamos que fosse divulgado na íntegra, o fabrico caprichoso de um mestre artesão, pela grande mídia. É um talento extraordinário que deve compensar quando os condutores capricham no trato com os bichos e não omitem sequer uma peça dos seus acessórios: correia de ponta, trela, sininho...
Ô sertão velho de guerra!
Orgulho em ser nordestino.


CONHECENDO A TERRA Clerisvaldo B. Chagas , 20 de maio de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.307 Casa de taipa ple...

CONHECENDO A TERRA.


CONHECENDO A TERRA
Clerisvaldo B. Chagas, 20 de maio de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.307
Casa de taipa plena de vida na periferia da cidade. (Foto: B. Chagas).

Sempre disse aos meus alunos que nós começamos a conhecer o mundo pela nossa rua, depois vem o bairro de morada, o restante da cidade, a vastidão do município e o estado de origem em que você nasceu. Aí sim, com toda essa base de segurança vamos conhecer pelo menos parte do mundo.   Você encontra novidades, lazer e conhecimento dentro do seu próprio município, já fez isso pelo menos uma vez na vida? Foi assim que fomos a uma incursão pelas terras de Senhora Santana, nos altos e nas baixadas municipais, repassando a experiência para alunos e colegas, pesquisadores em potencial. Nessa caminhada fomos sair na parte meridional da serra da Remetedeira, por estradas de barro nos patamares da sua encosta.  Deparamo-nos com uma igreja relativamente grande, aberta, com acesso de inúmeros e largos degraus, em meio a exuberante nicho de vegetação de encosta. Ficamos de boca aberta. Seu acesso tinha um quê da igreja da penha do Rio de janeiro. Mas a igreja estava implantada na própria encosta e não no topo da serra.
A casa da zeladora ficava  abaixo dos degraus, Dali de cima podíamos avistar lá longe, na planura, os sítios Olho d’Água do Amaro e Lagoa do João Gomes. Catingueiras gigantes de 15 metros de altura, ladeavam os degraus que levavam à igreja. Ficamos horas sentados entre o salão da igreja e os degraus sombreados, sem querer deixar aquele paraíso. Galo cantava e galinhas ciscavam em redor da casa da zeladora. Somente depois da paisagem serrana impregnar toda a nossa percepção, deixamos o lugar em busca de um novo sítio, o serrote dos Bois, desta vez lá em baixo, no monte fincado no peneplano do município.
Ali fomos observar novo cenário visto do cimo do serrote.  Uma paisagem aberta e ensolarada que permitia registrar os detalhes de caatinga, desmatamento e acesso aos sítios da vizinhança. Conhecemos belíssima criação de gado selecionado de cor avermelhada e fabriqueta de queijo de coalho. Passamos ainda pelo sítio Laje dos Barbosa, onde visitamos uma casa de reunião da comunidade e uma igreja da fazenda ricamente organizada. Já era tempo de sairmos para novas paisagens e fomos para a Região dos sítios Jaqueira, Martins e Cajarana onde novas surpresas nos aguardavam. Mas isso é assunto para outra crônica.
CONHECER A TERRA NATAL.