SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
CARACOL Clerisvaldo B. Chagas, 8 de maio de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica:2.528 Não, não é o caracol dos se...
CARACOL
Clerisvaldo
B. Chagas, 8 de maio de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:2.528
Não, não é o caracol
dos seus cabelos, é a serra do Caracol no município de Santana do Ipanema. Estar
encravada após os povoados São Félix e Óleo. Faz parte da região serrana e foi
citado como marco de sesmaria no primeiro documento que se conhece sobre o nosso
município. Sua denominação, ao contrário do que muita gente pensa, vem da sua
forma física avistada de cima, parece com um caracol. Como quase todas as
elevações da parte serrana, a serra do Caracol é bastante habitada e apresenta
boa cultura frutífera, como a manga, por exemplo. Havia olhos d’água na região,
inclusive, fontes da chamada água mineral.
Atualmente, o Povoado São Félix funciona como abastecedor e socorrista
daquela área, cumprindo assim o seu papel de intermediário entre o campo e a
cidade.
Informações dão conta
de que o Óleo, quase encostado a São Félix, de quatro ou cinco casinhas e
terreno esburacado de olaria, cresceu, desenvolveu, virou povoado e faz séria
concorrência a São Félix, antigo povoado Quixabeira Amargosa. Ambos usam a boa
política de levar benefícios para esses aglomerados que terminam de extrema
utilidade para o restante dos entornos, a exemplos de escolas, postos de saúde,
ambulância e investimentos particulares no pequeno comércio que caracteriza um
povoado. Quem pretende conhecer esses
lugares, deixa a cidade de Santana do Ipanema pelo Bairro São Vicente, passando
pelo Santuário de Nossa Senhora Guadalupe, sempre seguindo em frente até pegar
uma estrada de terra que leva à serra do Caracol.
Caso o amigo ou amiga
queira conhecer mais a zona rural, naquela direção, passando serras e grotas
poderá chegar em ponto muito distante de inscrições rupestres no sítio Pedra
Rica. Não tem tantas coisas assim, mas as inscrições que são encontradas nas
abas de um grande lajeiro podem deixar qualquer pessoa satisfeita. Daí
originou-se o nome do sítio Pedra Rica, pois se acreditava que as inscrições
indígenas indicavam um tesouro escondido, porém a riqueza são as próprias
inscrições na pedra.
Diversos pesquisadores
têm chegado até ali, vindo dos mais diferentes estados, mas ficam “batendo
fava” diante dos estranhos desenhos. Pode-se chegar à Pedra Rica também
seguindo pela cidade e município de Dois Riachos...
Mas, primeiro beba uma
água fria na serra do CARACOL.
INICIE A JORNADA PELO
SANTUÁRIO DE N. S. DE GUADALUPE, NO BAIRRO SÃO VICENTE. (FOTO: LIVRO 230/B.
CHAGAS).
O ARSÊNIO Clerisvaldo B. Chagas, 7 de maio de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.528 Não sabemos quem construiu, no...
O
ARSÊNIO
Clerisvaldo
B. Chagas, 7 de maio de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.528
Não sabemos quem
construiu, no século passado, o Hospital Dr. Arsênio Moreira, em Santana do
Ipanema, Alagoas. Mas o enorme edifício horizontal foi inaugurado no governo
municipal Dr. Henaldo Bulhões Barro, no segundo ano da sua gestão, em 16.
01.1971. O local escolhido ficou na área “filé” e central, parte baixa do
Bairro Camoxinga. Ainda nem havia calçamento por ali, somente terreno poeirento
e nu naquela área nobre da cidade. Ali perto já existia o Grupo Ormindo Barros,
que havia sido fundado em 1954, à cerca de 400 metros de distância do hospital
que estava sendo inaugurado. O grupo representou uma espécie de independência
do Bairro Camoxinga, consolidada pelo surgimento do hospital pioneiro da terra.
Muito mais tarde, após
calçamento com paralelepípedos, foi construída uma praça moderna e de canteiros
suspensos, bancos sem encostos, longos e em curvaturas, defronte o hospital.
Esta foi a segunda praça do Bairro Camoxinga, inaugurada em 24.04.1980, no
governo Genival Tenório. Praça sem nome, ficou sendo apontada pelo povo como
Praça do Hospital ou Praça de São Cristóvão. A placa de inauguração foi roubada
por vândalos, não sabemos se vândalos oficiais ou vândalos de rua. A primeira
praça do Bairro Camoxinga havia sido construída defronte o Grupo Escolar
Ormindo Barros, no mesmo período da Escola, com o nome de Praça Siqueira
Campos.
Houve época em que foi
acrescentado no título da Unidade hospitalar a palavra Maternidade, ficando
Hospital e Maternidade Dr. Arsênio Moreira. O hospital foi a pedra fundamental
para a implantação definitiva da medicina em Santana do Ipanema e sua
consequente evolução. Quando foi inaugurado o novo hospital chamado Hospital da
Cajarana – governo Marcos Davi – o hospital antigo ficou ocioso, fechado e
estado deplorável. Recuperado como prédio gigante e útil, funciona nos dias
atuais como Secretaria de Saúde. É bom
salientar que desde a sua inauguração, ainda tem cômodos projetados e não
construídos. O retrato grande do homenageado, afixado na sala de espera, foi
parar no museu da cidade.
O Hospital e
Maternidade Dr. Arsênio Moreira, tem a sua história própria, ainda não escrita
em um bom livro, por alguém a ela ligado.
HOSPITAL DR. ARSÊNIO
MOREIRA NOS PRIMÓRDIOS (FOTO: DOMÍNIO PÚBLICO).
Dr. ARÊNIO (FOTO:
DOMÍNIO PÚBLICO).
PERDIDOS NA CAATINGA Clerisvaldo B. Chagas, 5 de maio de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.526 Estávamos perdidos ...
PERDIDOS
NA CAATINGA
Clerisvaldo
B. Chagas, 5 de maio de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.526
Estávamos perdidos na
caatinga. Alto Sertão de São José da Tapera, região do sítio Cacimba Cercada. O
jipe amarelão passou de funcionar, o anoitecer chegava rápido e, para complicar
as coisas uma bela chuvarada começou a cair. O que fazer? Nós, os três pesquisadores
do IBGE, ficamos dentro do veículo enquanto a chuva caía e o tempo ia
escurecendo. Como a água do céu não parava, resolvemos apelar para o veículo
com chuva e tudo. Aguaceiro no lombo,
saímos empurrando o danado que pegou logo adiante. Muita alegria. Mas por onde
seguir? Não sabíamos, apenas seguimos a sugestão do ditado sertanejo: “vamos no
giro da venta”. E saímos rodando na vegetação mais aberta. Os embornais estavam
praticamente vazios de víveres.
O amarelão continuou
roncando pela caatinga guiado ora por Antônio Amâncio, ora por Antônio Moisés.
A minha parte de aprendiz eu só queria exercê-la nas longas estradas
empoeiradas da Tapera. Sempre no giro da venta, já passava mais de meia hora
das Ave Marias quando nos deparamos com uma iluminação a candeeiro numa
casa de tijolos, alta, simples e sem reboco. “Estávamos salvos”, pensamos. Na
porta alta de três robustos degraus, um homem agradável, galego, parecia nos esperar.
Naquela hora, qualquer som na caatinga é ouvido à distância... Estacionamos no
terreiro, desligamos a chave do bicho e nos dirigimos ao galego que aguardava
bem tranquilo no alto dos batentes. Todos nós conhecíamos os costumes matutos.
Cumprimentamos normalmente, nos identificamos, falamos da nossa missão,
amplamente divulgada pelos meios de comunicações e reconhecemos que estávamos
perdidos.
O galego nos recebeu muito
bem, mandou preparar um ribacão para nós (era apenas o que havia para comer) e indicou
um riacho com bastante água, a uns cem metros da residência. Havia parado de
chover e fomos tirar o enfado em um magnífico banho de riacho. Vestimos roupas
limpas e secas e retornamos à casa do homem que tinha a profissão de carreiro.
A fome estava grande, “entramos” no ribacão como quem dormira amarrado. O
ribacão é uma comida grosseira feita com feijão, arroz, alguns ingredientes,
sem carne. Comemos que só um bispo! Barrigas cheias, dormimos no chão, mas
abrigados da frieza, da chuva e dos perigos da noite.
Ô meu Sertão, meu
Sertãozinho! Orgulho em ser sertanejo nordestino!
RIBACÃO (Institucional
> Receita Interna)

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.