SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
CHUVA NA TERRA Clerisvaldo B. Chagas, 27 de dezembro de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.634 EXTRA Primav...
CHUVA NA TERRA
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de dezembro de 2021
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.634
EXTRA
Primavera
foi embora e o verão teve início com cara de inverno na região de Santana do
Ipanema. Uma noite inteira de chuva mansa durante o Natal (25) alegrou bastante
o sertanejo. Uma friezinha de 25 graus tomou conta do município e,
diante de trovões e relâmpagos distantes, a impressão é que a chuvarada foi
geral no sertão de Alagoas. Não poderia haver notícia melhor para quem vive da
terra direta e indiretamente. Um início de verão abençoado com as esperanças
redobradas há muito não se via por aqui. O calor estava muito forte e os
termômetro marcavam todos os dias temperaturas superiores aos 36 graus. Esse
presente da Natureza fez o Natal mais feliz e cheio de interrogações.
Como
havia dito antes, os montes do entorno de Santana do Ipanema, estão verdes e
belos. Além dessas boas chuvadas de fim
de ano, o rio Ipanema apresentou outra novidade chegando com água limpando seu
leito, trecho urbano, do lixo, das plantas aquáticas dos poços altamente
poluídos, carregando o excesso de vegetação arbustiva do seu leito. Uma cheia
normal, mas... “Cachorro mordido de cobra tem medo de linguinça”. A preocupação do homem rural é terra molhada
para se plantar, água nos barreiros, barragens ou açudes para matar a sede dos
rebanhos, armazenamento garantido pela Natureza, e que o verão não seja
padrasto até a chegado do outono, início do período chuvoso nas Alagoas. “Olho
no rato, olho no gato”.
Talvez
o amigo esteja chateado com a fala de chuva no sertão, porém é somente pensar
naquelas comidas gostosas que encontramos no supermercado, nas feiras semanais
e nas feiras camponesas dos assentados. Quanto mais chuva, mais fartura nos
campos, preços acessíveis e dinheiro sobrando no seu bolso. Pense nisso e
compreenda numa síntese de cadeia produtiva. Janeiro está tão pertinho e no
início desta última semana a temperatura caiu bastante. Coisa boa! Deve ser mais
uma loucura de compras no Comércio com a busca sem freios por promoções,
enganosas ou não.
FELIZ
ANO NOVO (Foto: Ângelo Rodrigues)
PINGA-FOGO Clerisvaldo B. Chagas, 24 de dezembro de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.633 Quem não lembra das ...
PINGA-FOGO
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de dezembro de 2021
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.633
Quem
não lembra das brincadeiras de pular-corda? Quase sempre todos já brincaram ou
pelo menos apreciaram esse lazer mais praticados pelas adolescentes. Duas mocinhas seguravam nas extremidades da
corda enquanto uma terceira submetia-se ao teste. A atividade iniciava
lentamente e cada vez ia ficando mais rápida. A moça do meio pulava, pulava,
pulava... Até que a velocidade da corda chegava ao máximo. Com grande
habilidade a adolescente desafiante dominava incrivelmente a brincadeira na
velocidade extrema chamada de pinga-fogo. Nem todas conseguiam a façanha onde
predominava pessoas do sexo feminino. Pular corda no sistema pinga-fogo não era
nada fácil nas ruas empoeiradas do interior. Era ou não era!
Em
alguns momentos da vida o filme passa muitas vezes sem ser chamado. O trem da
vida somente estaciona para alguém descer. Assim os momentos da existência são
explicados e não têm explicações até porque depende do momento em que se quer ver
ou não. Caminhar, pensar, filosofar, entretanto, vai ajudando a viver entre o
ânimo e o desânimo. Não existe apenas caminhos planos, firmes e seguros, mas
montanhas a serem escaladas, mares para serem explorados e pântanos fantasmagóricos
nas trilhas camufladas. As coisas da existência, controladas com as mãos
invisíveis, quase sempre surgem abruptamente e a reação depende do preparo do
caminhante.
É
final de ano.
Vou me
preparando para uma devoção, uma aliança feita com Nosso Senhor Jesus Cristo
para o dia 25 de dezembro de todos os anos. Mas isso não afasta momentos de
angústias, esperanças trôpegas ou felicidade extremada. Bem diz o poeta que
felicidade não existe, mas apenas momentos felizes. Se é assim, deve acontecer
também para a desesperança, para a amargura, para o baixo astral de uma hora,
de um dia... Pensar nos mistérios da vida tanto pode levar ao céu quanto ao
purgatório. Talvez seja melhor vivenciar a hora, o dia, o mês nos conformes dos
projetos divinais. Sei não! Sinto que em
alguns momentos da existência estou no meio de uma corda de movimentos
invisíveis sem saber como sair de um tremendo PINGA-FOGO.
(FOTO:
AUTOR NÃO IDENTIFICADO)
SANTA LUZIA E A BANDA Clerisvaldo B. Chagas, 21/22 de dezembro de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.632 No m...
SANTA LUZIA E A BANDA
Clerisvaldo B. Chagas, 21/22 de dezembro de 2021
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.632
No
mundo sertanejo, vez em quando somos surpreendidos pela tradição. Recebemos
vídeo da mana Jeane Chagas, sobre as andanças de nova banda de pífanos pela Rua
Antônio Tavares. Como antigamente, uma senhora com uma sombrinha, devido ao Sol
forte do Sertão, comanda a bandinha. Leva nos braços a imagem envolvida em
panos de Santa Luzia e pede auxílio para a novena da santa, de casa em casa.
Seguindo à senhora, dois tocadores de pife, um zabumbeiro, um tocador de caixa
e um ás no tarol animam as ruas e o ego dos pedintes. O pessoal da banda vai
recebendo o auxílio para a festa, avisando onde será realizado o evento com o
convite ao vivo. Esses gestos de homenagear os santos, acontecem mais com Santa
Luzia, São José e Santa Quitéria, três grandes preferências sertanejas.
Não
temos mais banda de pife ou esquenta-muié, porém, elas existem em municípios
como São José da Tapera, Pão de Açúcar e outros mais. É preciso saúde para
passar o dia inteiro rua acima, rua abaixo, fé para a persistência e muita
devoção para informar, pedir, passar troco, e não se alimentar corretamente. Conforme
o grupo, ele também dança com seus bailados próprios. Seguem páginas musicais
gravadas por semelhantes criativos que atingiram o ápice, como o do saudoso
João do Pife, sucesso no Brasil inteiro. particularmente gostamos muito da
página musical “a Onça”. É um tipo de ópera matuta em que os músicos
interpretam uma caçada de onça feita com cachorros. Os cachorros acoam a onça, brigam, cachorro
grita, tudo representado pelos pifes e os acompanhamentos, com fidelidade. Um
espetáculo! Quanto mais se entende sobre o assunto maior valorização.
Como
em Maceió que os movimentos folclóricos aconteciam no Bairro Bebedouro, as
nossas novenas com banda de pife, concentravam-se na zona rural e no subúrbio
Bebedouro/Maniçoba. Um nome inesquecível mais recente dessas manifestações, senhor
José Rosa que não está mais entre nós. Porém outros nomes se destacaram no
Bebedouro antigo como o artesão de chapéu de couro de bode, João Lourenço,
fundador da igrejinha de São João contra a Influenza, da Primeira Guerra
Mundial.
As
bandas de pife também se apresentavam sem o santo nas ruas, nos logradouros
públicos, diante das igrejas... Patrocinadas pelas respectivas prefeituras.
Ô que
Sertão gostoso de se viver!
BANDA
DD OUTRA REGIÃO. (FOTO: AMORIAL BRASILEIRO).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.