SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
ADELSON ISAAC DE MIRANDA Clerisvaldo B. Chagas, 16/17 de março de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.674 Conhec...
ADELSON
ISAAC DE MIRANDA
Clerisvaldo
B. Chagas, 16/17 de março de 2022
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.674
Conheci
o Dr. Adelson Isaac de Miranda como um dos primeiros dentistas formados de Santana
do Ipanema. O homem viera de Bom Conselho, Pernambuco, casara com filha de
Santana e se adaptara aos modos vivendi sertanejo. Estou lembrando tudo isso
por está nesse momento na cadeira de um dentista da minha terra, onde a
lembrança medra. Adelson gostava de trabalhar com músicas clássicas e assovios
para relaxamento da clientela. Consultório defronte ao Grupo Escolar Padre
Francisco Correia, lugar seguro para encontrá-lo e tratar dos mais diferentes
assuntos. Foi um homem social intensamente participativo e chegou a ser um dos diretores
do antigo Ginásio Santana, grande fonte do Saber, na época. Participava quase
sempre de todos acontecimentos sociais da elite da terra.
Deixou-se
apaixonar também por terra e gado chegando a adquirir uma fazenda à margem do
rio Ipanema, muito acima do espelho d’água Barragem e dera a sua nova conquista
o nome de “fazenda Berra Boi”. A entrada ficava na BR-316, perto do sítio Baixa
do Tamanduá, cujo caminho por dentro da fazenda levava à sede, justamente
voltando em direção ao rio. Um enorme cajueiro cuja galhada arrastava-se pelo
chão, era um dos seus orgulhos da fazenda Berra Boi.
Trabalhei
como professor sob a sua direção no Ginásio Santana. Adelson foi o prefaciador
do meu livro e conto “Carnaval do Lobisomem” que ao sair da gráfica ele disse: “danado,
você conseguiu ser imortal...” E eu respondi “Você deve ter muita coisa para
contar, quando vai começar a escrever? Ele me disse que estava tentando arrumar
seu consultório e arranjar um cantinho a seu gosto para iniciar na literatura.
Acho que não teve tempo.
Homem dinâmico
e futurista, estava sempre na vanguarda progressista da cidade. Tive o prazer
de participar de um encontro/almoço/farra na fazenda Berra Boi e que se tornou
inesquecível. Ainda fiz muitas caminhadas até a porteira da sua fazenda, pela
BR-316, percurso em que eu calculava em três quilômetros. O homem de Bom Conselho
recebeu homenagem póstuma quando seu nome substituiu a denominação da Praça da
Bandeira defronte ao Ginásio Santana. Uma crônica não passa de uma gota d’água
no açude da sua vida.
Um
profissional competente
Um
intelectual à frente do seu tempo.
DEBAIXO DA JAQUEIRA Clerisvaldo B. Chagas, 15 de março de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.673 Não podíamos...
DEBAIXO
DA JAQUEIRA
Clerisvaldo
B. Chagas, 15 de março de 2022
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.673
Não podíamos deixar de registrar a cena. Uma
farra animada e barulhenta de homens na praça. Não havia bebida, mas o grupo
aglomerava-se em torno de uma escancarada jaca mole, cada qual com um espetinho
improvisado e parecia uma competição amundiçada. Os passantes achavam graça ou
ficavam com inveja da brincadeira produtiva. Jaca não é fruto abundante no
Sertão. Os terrenos de planura, inclinam-se mais para a criação de gado e
raramente possuem fruteiras plantadas. Vamos encontrá-la em relevo de serra
onde a fruticultura toma conta das elevações. Entretanto, durante época de
safra sua presença nas feiras apresenta-se nas modalidades jaca dura e jaca
mole.
A
jaqueira (Artocarpus heterophyllus), é uma árvore alta e geralmente mais
comprida de que esgalhada. Os seus frutos, as jacas, são ricos em açúcares,
gorduras e proteínas. Pode funcionar como anti-inflamatório e contém outras
propriedades medicinais. Troncos e galhos são usados para confecção artesanal
com os mais diferentes tipos de peças, inclusive, instrumentos musicais. Apesar
do seu plantio reduzido, aqui em Santana do Ipanema tem um sítio rural bastante
conhecido e visitado chamado exatamente Jaqueira. Mas o bom mesmo disso tudo é
a farra que se faz quando todos habitantes da casa participam da “comilança”
dos seus gomos. Ou com garfo ou com espeto de pau os gomos moles vão sendo
catados e deglutidos. A jaca dura vai mesmo de mão limpa. Dura ou mole, o
resultado é sempre o mesmo: uma batidinha no ‘bucho” para medir o volume
consumido e expressar a satisfação em ter passado tão saboroso fruto.
As
expressões feias e chulas “Vá tomar na jaca” e “atolou o pé na jaca”, tentam
desmerecer o fruto divino da jaqueira, porém, o seu prestígio crescente ganha
corpo, notadamente, entre os mais humildes pelo volume tamanho família e que
momentaneamente mata a fome de muitos. Em Maceió, a Chã da Jaqueira, bairro
atingido pelo escândalo Braskem, oferece um cenário belíssimo do seu mirante
para a laguna Mundaú, além de produzir o fruto na região. Os que não podem comer açúcar, devem tomar
cuidado com a glicemia alta dos seus gomos amarelos.
É
tirar o pé da jaca e seguir em frente que atrás vem gente
JAQUEIRA
E SEUS FRUTOS (FOTO: REVISTA NATUREZA)
VISITANDO O MIAÍ Clerisvaldo B, Chagas, 14 de março de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.672 Não estamos tão d...
VISITANDO O MIAÍ
Clerisvaldo B, Chagas, 14 de março de 2022
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.672
Não
estamos tão distantes da Semana Santa, tempo em que nos dá bastante vontade
para mudar de ares nas belas praias do Miaí de Baixo, litoral de Coruripe. Era
uma viagem longa que passava em Arapiraca, São Sebastião, Penedo, Piaçabuçu e
Feliz Deserto. Não compensava sair de Santana do Ipanema para Miaí, para ficar
na praia por apenas um dia. Segundo boas informações, o governo estadual
encurtou a distância quando asfaltou o trecho Colônia Pindorama – Coruripe. Após
Arapiraca entra-se por atalho via Usina Pindorama, uma das cooperativas mais
pujantes do Brasil. Já andamos outra vez ali por aquele atalho, porém sem
asfalto e por dentro de desertos canaviais. Falam que agora é apenas um pulo de
Arapiraca para Miaí, fora o direito de visitar a Colônia Pindorama já em terras
de Coruripe, com seus fabricos de deliciosos sucos tendo como carro-chefe o de
maracujá.
O
pequeno povoado litorâneo ainda é um bom refúgio para quem quer descansar, mas
no Carnaval descanso no lugar é perdido, tanto no Miaí de Baixo quanto no Miaí
de Cima até a Lagoa do Pau. O que sempre nos chamou atenção por ali foi a praia
que faz recuar suas águas fazendo o banhista andar muito ao encontro das ondas.
Vezes que não se vê viva alma nas extensas praias desertas. Os mercadinhos se
encarregam de abastecer a dispensa e, a feira do peixe na sede municipal é uma
delícia para quem aprecia o pescado. Ainda é possível comprar camarão em barcos
pesqueiros se o turista assim o preferir. Caso a preguiça não chegue dá para
conhecer a cidade de Feliz Deserto e a própria Coruripe. Muito coqueirais e
comidas típicas: paraíso alagoano.
Mesmo
com esse atalho pela Colônia Pindorama, era muito bom rever os casarões e a
orla de Penedo, cidade extremamente limpa e turística. A movimentação da cidade
ensolarada de Piaçabuçu com seus barcos pesqueiros ancorados. Os infinitos
coqueirais que levam até o Miaí de Baixo. O esforço de Feliz Deserto para
progredir... Dunas, vegetação de beira de rio, vegetais praianos, atrações para
uma boa câmera fotográfica. Geografia profunda na Foz do São Francisco, na
Praia do Peba, nos desenhos dos encantadores cenários.
Alagoas,
onde a felicidade mora.
“A
gente faz uma latada
Cobre
com paia de coco
De
noite vê-se o pipoco
Da
rapaziada...”
Obrigado,
saudoso Jacinto Silva, forrozeiro do litoral.

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.