SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
COMENDO MOCÓ Clerisvaldo b. Chagas, 23 de março de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.677 Temos constantes inform...
COMENDO
MOCÓ
Clerisvaldo
b. Chagas, 23 de março de 2022
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.677
Temos
constantes informações na Internet sobre gente na fila do osso ou assaltando
carro do lixo em busca de comida. Vemos também previsões para saques nos
mercados ainda para este ano de 2022. Isso faz lembrar a seca de 1970, em
Alagoas, quando a salvação dos humildes foi carne de preá e de mocó. Não se
falava em meio ambiente, falava-se de fome braba que assolava o sertanejo
nordestino. Assim como Deus mandou chuvas de maná para o deserto, aqui em
Alagoas, surgiu uma praga de preás no campo, atacando principalmente a palma
forrageira, alimento do gado. Começou, então, a chegar às feiras, ao mercado de
carne, preás em balaios e sacos cheios. 
Foi a salvação do sertanejo alagoano em busca de proteína. A praga de
roedores matou a fome dos humildes. Aconteceu também em Pernambuco, porém, lá a
praga foi combatida com veneno.
O preá
e o mocó são roedores da família Cavidae. A diferença aparente é que o preá é
cinza. O mocó tem a pelagem com manchas coloridas e é maior. Quem nunca viu um
mocó, veja uma cobaia. O primeiro é muito comum em nosso Sertão. Está nos
aceiros, na macambira, nos lajeiros, na estrada, nas roças de palma. O mocó não
se encontra em todos os lugares. Gosta de terrenos abertos e habitar em
pedregulhos. Ambos se alimentam de capim verde, raízes, brotos, frutos, casca
de pau, gravetos... Não temos coelhos, lebres... Somente preá e mocó. Deve ser
por causa da fiscalização que não encontramos mais na feira, esses animais. Mas
nos sítios, para a própria refeição ninguém consegue impedir. Caso encomende,
não é difícil conseguir às escondidas.
O preá
e o mocó estão na parte de baixo da cadeia alimentar. O que mais possuem são
predadores como cobras, gaviões carcarás e o próprio homem. Já encontramos
aguardente de marca Mocó e   tipo de
algodão nordestino da mesma marca. Muita gente tem aversão a esses cavídeos por
eles se parecem com uma ratazana sem rabo. O sabor vai depender do modo de
preparo. De qualquer maneira ambos estão protegidos por lei.
Sem
preá, sem mocó, o Sertão fica sem graça.
Proteja
a Natureza.
MOCÓS
EM CIMA DE PEDRA (FOTO: JORGE SANTANA)
REVENDO O CAMPO Clerisvaldo B. Chagas, 21 de março de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.676 Os barreiros repre...
REVENDO O CAMPO
Clerisvaldo B. Chagas, 21 de março de 2022
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.676
Os
barreiros representam a forma mais comum de se armazenar água nas propriedades
rurais, sertanejas. É certo que existe o açude, também chamado barragem, porém,
os custos particulares com um barreiro são muito menores. Ai da pequena
propriedade que não possui um barreiro! Eles são formados em lugares onde
existem uma excelente bacia que possa facilitar a captação d’água da chuva, até
às condições financeiras do ruralista.  Pode
ser feito com pequenas escavações usando-se ferramentas simples e manuais, até respeitáveis
tamanhos com uso de máquinas como tratores. Nos intervalos das chuvaradas, são
limpos e desassoreado para renovar as águas. Seu uso vai para matar a sede dos
humanos, do criatório, do gasto da casa e para lavar roupa. Geralmente as
mulheres conservam uma ou mais pedras chatas e cuias de cabaças na beira do
barreiro para a lavagem de roupa.
O
barreiro não aguenta uma estiagem longa. Mesmo assim, terá cumprido o seu papel
depois de cheio. Hoje em dia, os governos municipais ajudam na limpeza
periódica, contribuindo na tradição da armazenagem. Ilustramos abaixo com um barreiro
seco na Reserva Tocaia, em Santana do Ipanema. Suas águas e a das imediações
formam o riacho Salgadinho de pequeno percurso até despejar no rio Ipanema.
Parece insignificante, mas já deu muito trabalho e interditou a estrada. É o
riacho Salgadinho que divide os bairros da Floresta e Domingos Acácio. Aperreou
tanto que ganhou uma ponte em uma das administrações do prefeito Adeildo
Nepomuceno e que foi alargada pelo gestor Isnaldo Bulhões. Sua foz encontra-se
no famoso Poço do Juá, a maior largura do Ipanema em trecho urbano.
Não
confundir o bravo riacho Salgadinho, também chamado Joel Marques, com o riacho
Salobinho. Ambas as denominações indicam água salgada, porém, o Salobinho nasce
nas imediações do povoado Alto do Tamanduá, cruza a BR-316, banha o sítio rural
Salobinho e despeja ao lado do antigo matadouro municipal, um tranquilo
afluente do rio Ipanema. O barreiro tanto pode formar nascente de riacho quanto
pode ser abastecido por ele. Algumas residências já dispõem de filtro de barro
no uso da água do barreiro. É esse o Sertão que eu conheço.
BARREIRO
SECO AGUARDANDO LIMPEZA E ÁGUA CORRENTE. RESERVA TOCAIA. (FOTO: B. CHAGAS).
SÃO JOSÉ Clerisvaldo B, Chagas, 21 de março de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.675 Sábado passado, dia 19, e...
SÃO
JOSÉ
Clerisvaldo
B, Chagas, 21 de março de 2022
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.675
Sábado
passado, dia 19, estava desatento à data, quando Jeane Chagas e Paulo Moraes,
me enviaram mensagens de bela estampa do pai de Cristo. Fiz como o antigo doido
Agissé de Santana do Ipanema, batei a mão à cabeça ao lembrar do padroeiro do
meu bairro. A imagem é tão bela que reproduzi aqui abaixo, muito embora não
viesse o seu autor. Além da sua própria história tão conhecida no mundo
inteiro, ainda tem a construção da sua igreja na veterana localidade COHAB
VELHA no incentivo de elevação a bairro. Para quem observou o antes e o depois,
muito foi acrescentado àquela região após a inauguração da igrejinha de São
José. Como várias outras igrejas, teve muita política no meio, discussões e
tempo longo para conclusão, à exemplo da igrejinha de São Pedro e a do Bairro
Clima Bom.
Prestigiado
no Sertão inteiro, O santo é quem marca o período chuvoso, segundo os
sertanejos. Mas, este mês de março já choveu várias vezes pouco ou muito. E se
não choveu no sábado passado, exatamente no seu dia, não será por causa disto
que teremos um inverno fraco. Nosso tempo sertanejo está variando sempre entre
dias quentes e dias nublados com aspectos de inverno. E ainda pelo conhecimento
do povo, temos no sertão o marceneiro, o carpinteiro e o “carapina”, sabe a
diferença entre eles? São José foi carpinteiro, diz a tradição. Não sabemos
informar se houve missa ou outros atos na igreja do nosso bairro, mas à
tardinha muitos foguetes espoucaram para aquelas bandas.
São
José é padroeiro da Igreja Universal da Boa Morte, das famílias, dos artesãos,
dos engenheiros e trabalhadores. É também padroeiro das Américas, Canadá,
China, Croácia, México, Coreia, Áustria, Bélgica, Peru, Filipinas e Vietnã,
segundo nos informa certo site. 
São
José teria morrido aos vinte anos de Jesus. Também informações apócrifas dizem
que ele era discreto, trabalhador e viúvo, ao casar com Maria. Muito pouco se
fala dele nos Evangelhos. Entretanto quem é devoto de São José continua com fé
inabalável independente de novas descobertas do esposo da Mãe de Deus.
SÃO
JOSÉ (DIVULGAÇÃO)  
 

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.