BILIRO Clerisvaldo B. Chagas, 13 de maio de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.701 O quadro da festa de Senhora S...

 

BILIRO

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de maio de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.701

O quadro da festa de Senhora Santana estendia-se por toda a extensão do Centro Comercial, o Quadro da Feira e Ruas José Américo e Tertuliano Nepomuceno. As atrações profanas eram variadíssimas, mas o Parque de Diversões sempre acenava como a maior delas, inclusive com a roda-gigante.  A roda-gigante quase sempre ficava entre o “prédio e o sobrado do meio da rua”, quando não era ali, localizava-se entre a “Casa Atrativa” do senhor Abílio Pereira (sobrado do meio da rua) e o “Hotel Central” da conhecida Maria Sabão. Entre tantas atrações, estava sempre também defronte a Casa Atrativa a seção do parque da PESCARIA. Era um redondo com grade onde o público se debruçava para pescar na areia no solo representando água. Ali estavam enterrados muitos objetos de pouco valor: caixa de fósforo, pente, colchete, biliro e um ou outro de maior relevância.

Com um anzol, o indivíduo pescava os objetos enterrados, com um arame para ser puxado. Bastava pagar. O locutor fazia uma zoada medonha e chovia de pescadores. Depois anunciava o nome do “peixe” pescado: um pente, uma bola, etc. Era uma brincadeira bem divertida mesmo. O que mais me chamava atenção era o nome “biliro” que o parque trouxera de outra região e que aqui se chamava simplesmente “grampo” de prender cabelos. Biliro saía muito na pesca e eu perguntava que diabo é biliro? Pois bem, para uma pessoa de bem com a vida bastava ganhar um biliro, um pente, para comentar em casa e rir à vontade, após a festa.

Estamos comentando apenas sobre a parte profana da Padroeira de Santana do Ipanema. Pois as reflexões estão tanto   dentro da nave quanto fora. Em todas as situações humanas cabem as meditações que podem conduzir à felicidade interna. Foi assim que muitos refletiram sobre a imensa alegria em pescar um objeto tão simples como uma caixa de fósforo, um colchete, uma bola... Porque o sentido da brincadeira não era enriquecer no puxar do anzol, mas assim como a vida, ser feliz em participar pois o que menos importava era ganhar uma joia, mas saber valorizar a simplicidade, daí alegria e risadas após a festa. Os sábios compreendem o complexo da vida e sabem celebrar junto a Deus a conquista significativa e profunda de um BILIRO.

CAIXINHA DE BILIRO (CRÉDITO: PINTEREST).

 

    EXTRA, EXTRA Clerisvaldo B. Chagas, 11 de maio de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.700   Não é fácil cheg...

 

 

EXTRA, EXTRA

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de maio de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.700

 



Não é fácil chegar a 2.700 crônicas. É preciso muito amor e dedicação aos escritos. Lembro-me de uma oportunidade quando me achava no Colégio Divino Mestre e o professor Valter Filho me fez um convite para escrever crônicas no seu site. Como estava precisando fazer alguma coisa entre uma publicação e outra de livros, aceitei na hora. A minha primeira crônica na Internet estava muito motivada e crítica sobre compra de votos. Antes, porém da Internet eu tinha publicações de crônicas na “Rádio Correio do Sertão”, na voz do saudoso Edilson Costa sempre às 12 horas, com o nome de “A Crônica do Meio-Dia”. Com seu vozeirão e modo de lê, o homem dava vida ao que estava escrito. Uma crônica diária anos a fio, é mais do que “matar um leão por dia”.

Passei a reforçar o site “SantanaOxente” que funcionava na época como opção do noticiário sertanejo e hoje é destaque no mundo da informação. Daí em diante os nossos trabalhos foram sendo divulgados em outros sites e os artigos chegaram em muitos países onde são apreciados diariamente. Entretanto, a fidelidade SantanaOxente continua e o lugar dos Blogs abriga também o nosso. Mesmo assim achamos que deveria haver maior visibilidade ou chamada especial, porém, quem procura acha. Santana do Ipanema está bem servida de órgãos noticiosos cada um com seu formato e estilo. Uma contribuição importantíssima que teve início com a Rádio Correio do Sertão, relíquia para o mundo sertanejo e que foi ampliada para outras rádios, sites e blogs.

Continuo grato ao Valter Filho, também conhecido como Valtinho.  Já tentei visitá-lo ultimamente, mas nunca deu certo. Torço, porém, que o seu site – feito e mantido com muita garra – esteja a cada dia melhor no conteúdo, no formato e no alcance de tantas mensagens importantes, cujo Sertão precisa divulgá-las. Por outro lado, desejo-lhe muita saúde, inspiração e  sucesso contínuo.

Crônicas no geral registra o cotidiano. Inclusive as coisas simples e mais simples que acontecem diante das multidões e só o cronista ver. E por mais desinteresse que ela cause no momento, não deixa de ser registro importante para o futuro quando novos pesquisadores e historiadores sobre elas se debruçarão. Sem vaidade, acho que eu e o Valtinho merecemos um champanhe.

ENCONTRO CASUAL COM VALTINHO NA CÂMARA DE VEREADORES, EM TRAJE DE GUARDIÃO DO RIO IPANEMA. (FOTO: ARQUIVO DE B. CHAGAS).

 

  CAROÁ Clerisvaldo B. Chagas, 10 de maio de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.699   Deus concede conhecimentos ...

 

CAROÁ

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de maio de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.699

 




Deus concede conhecimentos ao homem para enfrentar qualquer tipo de ambiente onde tenha nascido. É interessante observar como era possível viver, por exemplo, num ambiente de caatinga bruta com apenas pobreza no couro cabeludo. Pobreza, mais a sabedoria divina para a sobrevivência extraída do próprio meio. Assim o catingueiro se alimentava das caças e quando não tinha arma industrializada, com a sua criatividade, fazia armadilhas para os bichos. Pegava o preá, o tatu, o mocó, o peba e aves da sua região. Às vezes, como os indígenas, usava o bodoque, armas perigosa e eficiente que ajudava a matar a fome. Mas também aprendeu a tirar mel silvestre de todas as espécies de abelhas que a caatinga oferecia.

Sendo o mel um dos alimentos mais nutritivos do mundo, tinha muito significado a peleja para obtê-lo no oco do pau, no cupim, na terra, nos enxus pendurados nos galhos das árvores. Mas também chama atenção o fabrico de objetos diversos com matéria-prima do próprio ambiente e um deles era a corda de laçar, de amarrar e para muitos outros fins. O matuto para fazer corda utilizava a fibra de uma planta bromélia denominada caroá, também chamada croá. Folhas compridas, esverdeadas com alguns espinhos, eram coletadas e trabalhadas com habilidade até chegar ao ponto de corda e mesmo de barbante. Esse processo era muito rudimentar dentro da mata, mas às vezes era utilizado com mais conforto nas clareiras ou no terreiro de casa.

A cidade de Senador Rui Palmeira, (antes Riacho Grande) teve sua origem numa fábrica de barbante de caroá ou croá. Esse fabrico fez com que esse lugar, no início, fosse chamado de “Usina”. Veja como foi importante um fabrico de corda de fibras nativas na própria caatinga. A cidade de Senador Rui Palmeira continua crescendo no Alto Sertão de Alagoas, graças ao impulso inicial dos produtos do próprio bioma. Falar nisso, vem à lembrança uma fabriqueta de corda no Bairro Floresta, em Santana do Ipanema. Era uma engenhoca ainda rudimentar à margem da Rua Joel Marques. Isso faz uns dez anos e parece-me que a matéria-prima não era caroá, mas sim, agave chamado em outras plagas de sisal. Havia muitas plantações de agave no município, inclusive, no conjunto residencial onde residimos, era só plantação de agave.

Pesquisas e observações.

CAROÁ (CNIP).