SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
PILÃO Clerisvaldo B. Chagas, 7 de junho de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.712 Antigamente, sobre uma dama...
PILÃO
Clerisvaldo
B. Chagas, 7 de junho de 2022
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.712
Antigamente,
sobre uma dama bem feita se dizia: “tem corpo violão”. Contudo, também se
falava: “cintura de pilão”. É que o velho pilão sertanejo tem duas bocas,
cinturado no meio. E na zona rural toda mulher queria ter cintura de pilão. Mas
os padrões vão mudando com o tempo, assim como tem mudanças na maneira de
pensar de cada indivíduo. E se for mudança de pensar entre gerações, a mudança
simples vira descomunal. Mas se formos falar desse assunto, dá uma discussão
geral na política, na igreja, nos ateus, nos revoltados com a vida e assim por
diante. Vamos falar apenas do pilão e da cintura, antes cobiçada. Não, não
precisa apertar o cinto para ler o artigo. O padrão da mulher, atualmente é o
que ela quiser, bem como o do marmanjo.
Ora,
muito bem. Até os meados do Século XX, Era quase obrigatório um pilão em cada
casa de fazenda, de roça, de sítio. É que muitas comidas eram feitas em casa e
não dispensavam o amigo pilão. Feito de madeira de lei, rígida, tal como a
sucupira, o pilão era feito artesanalmente e com apenas uma talhadeira. Com o
surgimento de maquinário mais adiantado, já se podia fazê-lo em tornos de
carpintarias. Tem altura de aproximadamente 70 centímetro e possui uma peça solta
chamada “mão de pilão”, de 60 centímetros em média. Bem conservado vai para
netos e bisnetos. No pilão pila-se café,
arroz, milho, paçoca, e mil coisa das fazendas. Possui uma boca para cima e sua
base é a outra boca. Bem cinturado, o pilão representa mesmo uma coisa bem
feita, valiosa e atraente. Não lembro de ter visto um pilão no Museu de Santana
que possui uma pedra-mó, de moer milho para xerém.
O
pilão antigo da zona rural foi desaparecendo graças aos produtos
industrializados. Tudo já vem pronto: é o milho desolhado, é o café torrado, é
o arroz sem casca... Todos partiram para o comodismo e o pilão foi ficando
esquecido e muitas vezes usado como ornamento com plantas no jardim. Aí
surgiram os pilões pequenos, torneados, para pilar tempero e coisas miúdas da
cozinha, mas até o tempero já vem pronto fazendo desaparecer também esse e
outros modelos de pilões pequenos e maiores. Mas que é um artesanato bonito de
se vê, não se pode negar. Já vi vário modelos de pilões pequenos ornamentando a
casa, as prateleiras, as estantes e mesmo o centro... E como fica bem realçando
o bom gosto da casa.
“Vem cá cintura fina
Cintura
de pilão
Vem
cá cintura fina
Vem
cá meu coração... (Gonzaga)
PILÃO
(FOTO: GALERIA ALFHAVILE).
RIACHINHOS Clerisvaldo B. Chagas, 6 de junho de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica:2.711 Nessas ocasiões de ch...
RIACHINHOS
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de junho de 2022
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:2.711
Nessas
ocasiões de cheias também os riachinhos são valorizados. Aquele riacho
minúsculo que passa na fazenda, tão seco que quase não define o leito em tempos
de estiagem, ressurge vivo e atuante com produção de água, pasto na várzea,
impedindo passantes, engordando o gado.
É a fazenda que tem uma "vazante (várzea, baixada, baixio, ipueira)
avaliada em tempo seco por compradores de terra. Estar aí a Defesa Civil
monitorando rios, riachos e riachinhos que podem causar tragédia em lugares
habitados. Os riachos conhecidos e anônimos de Santana do Ipanema surgem nessa
época como protagonistas do tempo chuvoso, notadamente aqueles que passam perto
de habitações rurais e citadinas.
Ah!
Como tinha razão o nosso querido mestre da Geografia Alberto Agra: “Para nós
mais vale um riachinho em nossas terras do que o rio Amazonas nas terras
alheias”. Assim o riacho do Bode, tão pequeno, tão acanhado, forma o grande
açude da cidade. O pequeno riacho Salobinho forma barragem particular em sua
foz. O riacho Tigre alimenta o córrego Camoxinga E o débil riacho Salgadinho
invade casarios da Floresta represado pelo rio Ipanema. Vão umedecendo os
terrenos, a campineira onde pastam o carneiro, o bode... O novilho, o boi de
carro. O Nordeste pode não ser a terra
onde corre leite e mel, mas com certeza onde nascem os riachinhos como lágrimas
divinais.
E
vendo a chuva mansa cair sem parar na minha rua, vem à memória a minha
dificílima descida acompanhando o riacho Ipaneminha na serra do Ororubá, no
município de Pesqueira, PE. Início de nascentes, tão pequeno, tão límpido,
murmurando por entre árvores frondosas; e eu, deixando aquele fio d’água bebê
passar tão fininho sob minhas pernas numa felicidade sem fim. Mão em concha
bebendo aquele líquido maravilhoso formador primário do meu querido rio
Ipanema, tão amado em nossa distante Alagoas. Um momento solene em que eu e o
meu fiel companheiro João Soares (Quen-Quen) desejamos a presença de todos os
santanenses naquele encantado da mata.
Riachinhos,
riachinhos! Vocês têm a inocência dos humanos, crianças embaladas pelas mãos de
DEUS.
Riacho
(Foto: Bianca Chagas).
SENHORAS E SENHORES! Clerisvaldo B. Chagas, 2 de junho de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.710 O Sertão ala...
SENHORAS E SENHORES!
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de junho de 2022
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.710
O
Sertão alagoano sempre foi promissor para as recepções aos circos de todas as
qualidades. O povo santanense, entretanto, tinha uma empatia gigante pelos
circos de qualidade superior e os famosos eram três ou quatro que ficaram para
sempre na memória dos frequentadores. Mesmo
ficando na memória, aqui, acolá ela dá um branco. Tinha um circo de nome “J. Mariano”,
se não estamos enganados, que era a preferência da cidade. Tinha outro ou era
esse mesmo cujo donos eram anões e fazia grande sucesso em Santana. Gostávamos
muito quando o circo era de primeira e possuía duas partes: a do espetáculo e
da dramaturgia. Nesta, era uma comoção geral e muito chororô.
Era
o palhaço, a rumbeira, o mágico, o equilibrista, o globo da morte, cantores e
atores espetaculares nas apresentações dramáticas. “A louca do Jardim” era uma
peça sempre em evidência. Teve até gente da nossa sociedade que fugiu com a
rumbeira.
Mas
quero homenagear os meus ex-colegas ginasianos Omir Silva e Sebastião das
Queimadas. Enquanto minha pessoa era apenas estudante, Omir e Sebastião já eram
funcionários do Banco do Estado de Alagoas – PRODUBAN. Omir gostava muito de
cantar, admirava a voz de Agnaldo Rayol e sempre cantava “Você fez Coisa”.
Sebastião tocava trompete se não estamos enganados e Omir outro instrumento que
não vem agora.
Mas
era um orgulho para mim, vê dois colegas de classe sendo contratados para
atuarem nos acompanhamentos musicais dos circos. Nunca fizeram feio e se
tornaram um motivo a mais para frequentarmos as agradabilíssimas noites
circenses. Estavam ali com o Mágico Faruk, com a rumbeira, com o palhaço e com
a nossa torcida que refletia nas palmas das mãos em calorosos aplausos, os
queridos colegas em noites coruscantes. Não eram profissionais mas se saíam
muito bem nas oportunidades.
Omir,
atualmente navega em águas maceioenses e Sebastião retornou por opção ao sítio
rural santanense, Queimadas do Rio, suas origens.
Mais
de cinquenta anos depois, como gostaria de ouvir novamente Omir Silva cantando
“Você fez Coisa”!
Sim,
lá no sítio de Sebastião com seu trompete.
CIRCO
(CRÉDITO: A HISTÓRIA DOS CIRCOS).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.