MATA GRANDE Clerisvaldo B. Chagas, 7 de agosto de de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.941   Estamos encerrand...

 

MATA GRANDE

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de agosto de de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.941

 



Estamos encerrando a série de cidades montanhosas do Maciço de Mata Grande, extremo Oeste de Alagoas, após Água Branca, Inhapi e Pariconha. O município de Mata Grande já teve seu auge histórico tanto quanto se chamava Paulo Afonso, quanto na denominação moderna de Mata Grande. Tem muitos destaques físicos e mil histórias para contar. Foi a cidade alagoana que repeliu ataque de Lampião e seu bando, impedindo-o de entrar na urbe. Situada a uma altitude de 635 metros, a cidade dista da capital, Maceió, 280 Km. Mata Grande possui uma população de mais de 21.000 habitantes e que são chamados mata-grandenses. Seus grandes festejos de Emancipação Política acontecem no dia 5 de junho, data da sua Emancipação em 1902.

 O aspecto de Mata Grande é diferente de tudo que você já viu. Ladeirosa, agradável e bela, a sua padroeira é Nossa Senhora da Conceição celebrada em 22 de dezembro, dia em que a cidade toda se engalana e demonstra toda a fé dos corações dos seus munícipes. Suas terras de altitude são férteis e sua vegetação antiga e arbórea permitiu que o município chegasse ao título oficial que possui e se consolidou. Quanto ao alcance da sua agricultura, é bom dizer da satisfação que se tem de uma listagem galante: algodão, banana, cana-de-açúcar, cebola, feijão, laranja, mamona, mandioca, manga, melancia, melão, milho, tomate... E por aí vai.

Mata Grande muito abasteceu a região e além região, de rapaduras, graças aos seus engenhos rapadureiros, assegurados pela cana-de-açúcar, bafejada pela a sua altitude. A paisagem das montanhas encanta acumulando belezas por todos os recantos do relevo e traduz um orgulho alagoano: o pico mais alto do estado de Alagoas: a serra da Onça, nos seus arredores, com mais de 1.000 metros de altitude. Ultimamente a cidade ganhou acesso asfáltico também com intercessão pela BR-316. Pode-se se chegar a Mata Grande pela rodovia AL-145 Água Branca – Mata Grande, também

Quem conhece valoriza.

Vamos lá!

  PONTOS DE REFERÊNCIA Clerisvaldo B. Chagas, 4 de agosto de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.939   Achamos que...

 

PONTOS DE REFERÊNCIA

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de agosto de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.939

 



Achamos que as autoridades, quando houvesse um marco importante da história da cidade, pudesse registrar e arquivar no Patrimônio Público a bem da histórico municipal, caso tivesse de ser extinto, até por catástrofes naturais. O problema é que os compromissos dos ignorantes, os não estudiosos do seu torrão, a má vontade com o patrimônio coletivo ou a empáfia desajustada, prejudica pesquisadores, estudiosos e uma tradição histórica. Estamos nos referindo aos inúmeros casos que acontecem neste país chamado Brasil. As coisas simples, de tradição até seculares, fazem parte da cultura de um povo, seja popular, seja elitista. Vamos nos referir a três coisas do cotidiano santanense desde os tempos dos nossos avós.

“As Cajaranas”, lugar marcado por um conjunto de árvores chamadas cajaranas, situadas no final da antiga rodagem para Olho d’Água das Flores. O lugar “Cajarana”, hoje rua situada por trás do Hospital Clodolfo Rodrigues de Melo, por existir ali uma frondosa cajarana. Um marco que dividia o trecho urbano do rio Ipanema em dois; uma craibeira baixa, de tronco muito grosso e torto, situada na margem direita do rio, na curva perto da antiga olaria de “Seu Piduca. O pé de mulungu muito antigo à beira do caminho abaixo da famosa fazenda de Isaías Rego – estrada para a serra do Poço. E a craibeira frondosa por trás da delegacia de polícia, onde se armavam os circos que chegavam à cidade. Olhem o destino desses patrimônios de Santana do Ipanema de longa e longa tradição:

As cajaranas foram cortadas, ficando apenas os tocos. Quem fez o crime? A cajarana do outro lugar Cajarana, já havia sofrido um atentado de incêndio por um bêbado ou um irresponsável. Foi derrubada por uma forte ventania e, o lugar continua sendo chamado Cajarana. Até o hospital é denominado pelo povo de Hospital da Cajarana. Da craibeira do rio Ipanema, restou apenas o toco. Quem praticou o crime? O pé de mulungu, também foi cortado na surdina. Só o toco ficou. E a craibeira dos circos, foi derrubada por ordem do, então prefeito Paulo Ferreira, que não atendeu inúmeros pedidos da sociedade, inclusive, um apelo nosso num jornalzinho maçônico da época. Assim a história de um município vai se apagando e seus habitantes, viram alienados da história.

RIO IPANEMA (FOTO: REPENSANDO A GEOGRAFIA DE ALAGOAS, B. CHAGAS).

 

 

 

  GAMÃO Clerisvaldo B. Chagas, 3 de agosto de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.939   O senhor Cariolando Amaral...

 

GAMÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 3 de agosto de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.939



 

O senhor Cariolando Amaral, dono de farmácia por muitos anos em Santana do Ipanema, era muito sério, porém grande folião em nossos carnavais. Usava uma permanente gravata borboleta que não era dispensada em nenhum momento do dia. Aliás, era a única figura da cidade, que conservava esse hábito antigo de elegância. Sempre estava entre o balcão da farmácia e a calçada, jogando gamão com seus parceiros cativos.  Quando foi construída a primeira pracinha de Santana, no largo, hoje, prof. Enéas, “Seu Carola”, como era conhecido, doou os três bancos de cimento sem encosto e, segundo testemunhas, para representarem suas três filhas pequenas, na Pracinha João Pessoa. Mas Seu Carola também se tornou delegado civil por um bom tempo e atuava na sua farmácia, primeiramente no “prédio do meio da rua”.

O que chamava atenção naquele estabelecimento comercial, era o busto de um negro forte, careca e lustroso, envergando uma barra de aço, propaganda de um remédio. Quando demoliram o prédio do meio da rua, ficou no solo da farmácia e na rua, um verdadeiro mar de bainhas de facas espalhadas. Com o tabuleiro de gamão em cima das pernas suas e do seu adversário, o jogo era constante. Copo de couro para misturar e jogar os bozós (dados) e as pedras de marcação que eram sementes de mulungu, grandes, vermelhas e belas, atraiam os olhares dos “perus”. E como crianças ou adolescentes, tentávamos adivinhar de onde vinham aquelas sementes tão bonitas.  Mas eram sementes dos tantos mulungus que havia na região periférica da cidade.

Dizemos sem certeza que a farmácia de Seu Carola se chamava “Farmácia Amaral”. Era o tempo em que as pessoas compravam muito maná e Seu Carola vendia bastante esse produto. A farmácia, com a demolição do prédio do meio da rua, passou a funcionar em um dos compartimentos comerciais do casarão da esquina, onde funcionou no primeiro andar, o “Hotel Central”, de Maria Sabão.  As partidas de gamão passaram a ser na sombra que fazia à tarde, na parte da escadaria do hotel. E como se dizia como forma de desprezo: “Gamão é jogo de velho...” Será que o gamão tinha o poder de driblar as mazelas da vida?

Ah, só se perguntasse ao negrão que torava aço na farmácia Amaral de Seu Carola!.

MULUNGU (FOTO: TEREZINHA TAVARES)