SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
SEU MANÉ Clerisvaldo B. Chagas, 13 de setembro de 2923 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.961 Já fizemos vários tr...
SEU
MANÉ
Clerisvaldo
B. Chagas, 13 de setembro de 2923
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.961
Já
fizemos vários trabalhos sobre figuras populares do dia a dia em nosso
interior. Talvez já tenha falado de Seu Mané, mas um pedido forte na mente pede
crônica. Os tipos populares
interioranos, servem de diversão em lugares onde ela não é muito presente. Seu
Mané era um homem alto, aspecto agradável e folclórico. Não temos certeza se
trabalhava em padaria. A atração estava no seu caminhado, quando descia as
ladeiras do Bairro Camoxinga. Não tinha,
mas parecia ter uma perna mais comprida de que a outra por causa do balanço que
proporcionava parecendo subir e descer no solo. Os seus braços eram
desengonçados, soltos, que se agitavam para todos os lados na sua caminhada
normal. Usava um chapéu de abas curtas que completava o seu perfil
caricaturesco. Um boneco de Olinda
A
figura do homem era tão querida e popular que aonde ele passava sempre tinha
gente para gritar, carinhosamente: “Seu, Mané!” Esse chamamento alegre do povo
era seguido de uma expressão que parecia ter vindo do próprio personagem e
adotado pelos seus fãs: SEU MANÉ! HIM!, HIM! Nunca procuramos saber de verdade
as origens do him, him, mas que divertia o povo, divertia.
Outro
personagem marcante e popular era o índio Moreira, da tribo Fulni-ô de Águas
Belas. Trabalhava na padaria de Raimundo (Padaria Royal), no Comércio. O índio
padeiro era alto e forte e fugia de todo padrão da sua tribo. Era parecidíssimo
com o ator francês, Victor Mature, pareciam gêmeos. E eu que era fã do francês,
não parava de encarar, discretamente, a semelhança de ambos. Mas o índio bebia
muito, principalmente nas madrugadas fazendo pão com os companheiros. Ouvi de
um deles que o vício era tanto que quando faltava cachaça, eles desdobravam o
álcool até o amanhecer do dia.
E
por fim, o bedel do Ginásio Santana, numa época do auge cenecista. Quase sempre
vivia embriagado e morava na Rua Prof. Enéas. Muitas e muitas passagens de Duda
Bagnani já foram contadas. Mas de vez em quando, numa necessidade, eu o chamo
de “grande filósofo Duda Bagnani” que costumava dizer quando se sentia
humilhado: “Quem se abaixa demais, o cu aparece”. E se a expressão é chula, a
interpretação é a mais pura verdade. Não se humilhar para ninguém! “Lembre-se
do grande filósofo Duda Bagnani”
PARCIAL
DO COMÉRCIO SANTANENSE.
COMENDO E ROENDO Clerisvaldo B. Chagas, 12 de setembro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.960 Pessoa impor...
COMENDO
E ROENDO
Clerisvaldo
B. Chagas, 12 de setembro de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.960
Pessoa
importante da capital pede que arranjemos duas coisas da culinária sertaneja e
que às vezes ficam adormecidas. Mas é sempre que exaltamos o semiárido em todos
os seus aspectos. O que para nós é rotina, para os de fora significa tesouro
ainda não descoberto. Assim as coisas simples da culinária, do artesanato, do
cenário sertão, imantam um turismo que se inicia aos poucos, acelera e ganha
dimensão nunca vista. Tudo baseado no singelo que encanta o viver e cobre a
alma de harmonia e paz do campo que apenas o interiorano tem a ofertar. Seja
capaz de adivinhar o que a criatura riquíssima, magnata, nos encomendou.
Será
que houve acerto? Pois bem, uma das coisas encomendadas foi “rapa de queijo”,
proveniente dos tachos de queijos de manteiga das fabriquetas. Encontramos esta
iguaria no final das tachadas, principalmente na grande região do leite: Major
Izidoro, Jacaré dos Homens, Monteirópolis, Batalha e Cacimbinhas, como os mais
conhecidos lugares. É de se comer com farinha até quebrar o bucho de tanta
gostosura! Por outro lado, a outra coisa da encomenda, foi o “beiju” original,
parente da tapioca e feito no forno da casa-de-farinha. O beiju é encorpado, grosseiro
e que se come roendo igual rato catita. Uma delícia com o parceiro café. Quem
nunca provou ambas as coisas, precisa viver mais para descobrir e provar a
qualquer preço.
Nesta
manhã de domingo quando a peça literária vai se alinhavando, o tempo se
apresenta nublado, frio e convidativo para um “banquete” de rapa de queijo com
beiju e café verdadeiro. Ah! Bem que
nos chega outras delícias do Sertão, mas para que falar, se a boca já está
cheia d’água com as duas acima! E mesmo outras não foram encomendadas. Assim
vamos lembrando de um beiju colhido na hora da farinhada em casa-de-farinha do
povoado santanense Areias Brancas. Atualmente, com a tapioca em alta em todos
os estados nordestinos, o beiju, mais demorado para o feitio, perdeu muito
terreno para a versátil e rápida tapioca, mas quem é rei, nunca perde a
majestade.
FAZENDO
BEIJU EM CASA-DE-FARINHA (FOTO: PINTEREST).
SÃO JOSÉ DA TAPERA Clerisvaldo B. Chagas, 11 de setembro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.959 Como já fi...
SÃO
JOSÉ DA TAPERA
Clerisvaldo
B. Chagas, 11 de setembro de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.959
Como
já fizemos um arco pelo extremo Oeste, Poço das Trincheiras – Piranhas, vamos
agora voltar de Piranhas a Maceió via Arapiraca, mas focando somente as cidades
sertanejas do trecho: São José da Tapera, Olho d’Água das Flores, Palestina,
Pão de Açúcar, Monteirópolis, Jacaré dos Homens, Batalha, Major Izidoro,
Jaramataia.
São
José da Tapera – Saindo de Piranhas, Olho D’Água do Casado,
entramos numa excelente reta e encontramos São José da Tapera. Cidade sertaneja
com um pouco mais de 30.000 mil habitantes. É servida pela rodovia Al-220,
entre Olho d’Água das Flores e Olho D’Água do Casado. Comemora sua Emancipação
de Pão de açúcar no dia 24 de dezembro. São José da Tapera fica a uma altitude
de 308 metros, é plana, simpática, típica do semiárido e distante da capital,
cerca de 181 quilômetros. Celebra o seu Padroeiro São José no dia 19 de março e
seus habitantes são chamados de taperenses. De casa pobre (tapera) e de uma
capelinha perto, permaneceu até o presente momento a denominação oficial de São
José da Tapera.
Já
houve muita pobreza e violência política no município, mas essa fase parece ter
sido superada. Sua população é uma das maiores daquelas redondezas e o seu
comércio, serviços, e agropecuária cada vez mais robustece a concorrência com
cidades como Olho d’Água das Flores e Batalha. Possui um forte intercâmbio com
a cidade mais próxima, Olho d’Água das Flores, nas áreas educacional, comercial
e social, principalmente e muitos investimentos feitos no seu território,
impulsionou seu desenvolvimento e expansão. Tem como atrativos geográficos a
bela serra do Xitroá, em sua periferia, avistada da AL-220 e um açude tipo lago
de minação localizado na entrada da cidade. Geralmente a urbe de São
José da Tapera, é utilizada como ponto de apoio para os que querem chegar até
Piranhas e mesmo Delmiro Gouveia, em busca do rio São Francisco e suas inúmeras
atrações. Para quem aprecia os aspectos
urbanos, vai encontrar um Centro Comercial retilíneo e longo com as ruas
principais em paralelos. A impressão que sempre nos deu a cidade, é como se
fosse uma divisória entre o Sertão e o Alto Sertão.
Tapera
apela muito para São José, o seu santo padroeiro, justamente no seu dia 19 de
março que representa um marco importantíssimo para o sertanejo. É o último dia
para um sinal forte de bom inverno ou não. Cantado e imortalizado pelo cantor
Luís Gonzaga, o mês de março destaca o dia do santo como se fosse uma chave que
solta ou tranca as águas do céu na terra.
A
tapera é pobre, mas o santo é rico.
IGREJA
EM SÃO JOSÉ (FOTO: PARÓQUIA).,

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.