SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
PÃO DE AÇÚCAR Clerisvaldo B. Chagas, 2 de outubro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.970 Pão de Açucar, ci...
PÃO DE AÇÚCAR
Clerisvaldo
B. Chagas, 2 de outubro de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.970
Pão
de Açucar, cidade do São Francisco, tem história, longa, bonita e marcante. É
plana, daquelas de se andar de bicicleta, casario típico do Velho Chico e muito
romântica para noites de serestas. Afora a avenida principal, suas ruas são
estreitas e tradicionais do baixo São Francisco. Já foi chamada de Jaciobá,
“Espelho da Lua” e, sua denominação se relaciona a um monte que parecia uma
forma de depurar o açúcar. Foi o grande porto distribuidor de mercadorias para
todo o Sertão, através de navios que subiam de Penedo. Mas também porto
exportador sertanejo e núcleo básico de povoamento para toda a região. Já
recebeu visita de D. Pedro II, desafiou Lampião a invadi-la e, testemunhou
índios Umaris e Chocós em seu território. É uma das cidades mais quentes do
Brasil, possui fósseis pré-históricos e sítios arqueológicos.
Pão
de açúcar conta com uma população de mais de 23.000 habitantes e fica distante
da capital 230 Km. Sua Emancipação de Mata Grande é comemorada em 18 de junho,
lembrando o ano de 1887. Na Geografia estar situada a apenas 19 metros de
altitude, clima semiárido e festeja seu Padroeiro, Sagrado Coração de Jesus, no
dia 3 de junho. Sua feira semanal sempre empolgou feirantes do Sertão que faz
dupla com as belezas que tem o rio São Francisco como condição central. Vive da
agropecuária, da feira livre, da pesca e do comércio. Da cidade pode-se
alcançar de barco a Grota dos Angicos onde foi morto Lampião e que virou ponto
turístico. Sua praia de água doce e seus bancos de areia formam “prainhas”
bastante procuradas.
Independente
disso, sua culinária e aspecto físico do casario encanta o turista que não
deixa de visitar o monte na periferia onde a estátua, réplica do Cristo
Redentor, abençoa o rio e oferece paisagem inesquecível. Estando na capital, é
só rodar por São Miguel dos Campos, Arapiraca e Bacia Leiteira, pegando o
entroncamento em Olho d’Água da Flores e se direcionar ao “Espelho da Lua”. O
lugar chamado Ilha do Ferro, é uma atração à parte, onde, além do casario de
época, impera o artesanato natural motivo de inúmeras reportagens. Depois de
cenas de novelas da Globo, em seu território, Pão de Açúcar caiu no gosto do
Brasil inteiro. A priori, a cidade ainda não dispõe de uma ponte e, para
conhecer a margem de Sergipe, somente é possível de barco. Ainda tem muito mais
coisas para se dizer daquele “mundo encantado” diante do pouco dito acima.
PAISAGEM
VISTA DO CRISTO EM PÃO DE AÇÚCAR (FOTO DIVULGAÇÃO/PREFEITURA).
ORGULHO LATINO-BRASILEIRO Clerisvaldo B. Chagas, 27 de setembro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.969 Os ...
ORGULHO
LATINO-BRASILEIRO
Clerisvaldo
B. Chagas, 27 de setembro de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.969
Os
dois faraônicos projetos brasileiros e latinos, estão muito mais acima da
classificação comparativa. Quem imaginaria duas coisas como essas que estão
para acontecer!? Uma estrada rodoviária que se inicia em São Paulo, no Oceano
Atlântico (Porto de Santos), até o Oceano Pacífico, no Chile, portos de
Antofogasta e Iquique. Rodovia esta que cortaria, no Brasil, os estados de São
Paulo e Mato Grosso do Sul, passando pelo sul do Pantanal. Deixando o Brasil, a
rodovia penetra pelo Paraguai, Argentina e Chile, o seu destino final. Entre as
distâncias divulgadas, está a de 3.320 km, entre ambos os oceanos. Cada país
interessado em exportar pelo Atlântico ou pelo Pacífico, já se movimenta em
relação a rodovia em seus respectivos países.
Brasil
e Paraguai já estão perto do término de uma ponte trabalhada pelos dois lados.
A expectativa é que que a obra total esteja pronta dentro de dois anos. A
rodovia já tem apelido popular de “Corredor Bioceânico”, por sinal, um belo
nome! Será que você é brasileiro, estudante ou não e nem sabia disso? A outra
obra que será magnífica, é a segunda estrada que também ligará o Oceano
Atlântico, no Brasil, ao Oceano Pacífico, no Peru. Aí, segue por outro roteiro
com os mesmos objetivos, mas essa é uma ferrovia, também apelidada de “Ferrovia
Bioceânica”. Seu roteiro no Brasil, é São Paulo (Porto de Santos) Mato Grosso, Rondônia,
Acre, Bolívia, Peru (Porto de Ila), no Oceano Pacífico. A primeira está sendo
aprontada, a segunda, trechos ainda discutidos.
Quando
prontos, fomentarão o desenvolvimento do comércio da América do Sul com o resto
do mundo, em muito menos tempo, muito mais competitivo e mais seguro. Pelo
Atlântico facilitará as transações com Europa e África. Pelo Pacífico, fica viável
o comércio com o Oeste dos Estado Unidos e o mundo asiático. O país que for
invejoso, vai morrer de inveja dessas duas obras que estarão no topo das
maiores do mundo. Não caberia em apenas uma crônica, a grandeza detalhada
desses empreendimentos diretamente nos países participantes e indiretamente
para todos os que fazem a América do Sul e Caribe o grande orgulho latino,
exemplo para o mundo e coroação para o Sul-Global. Tenha orgulho do Brasil!
IMAGEM
(PIXABAY).
VENDE-SE UMA CASA Clerisvaldo B. Chagas, 26 de setembro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.968 Ouvindo ago...
VENDE-SE
UMA CASA
Clerisvaldo
B. Chagas, 26 de setembro de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.968
Ouvindo
agora o que foi o maior cantor do mundo, em minha opinião, Altemar Dutra,
bateu-me um sentimento grande de saudade e comoção ao lembrar um episódio do
passado. Junto a um companheiro, não lembro quem, fomos tomar uma cervejinha
gelada no chamado serrote do Pelado, modernamente denominado Alto da Fé. Nesse
monte, já urbanizado, havia uma casa suspeita com um bar defronte. Podia-se
curtir a paisagem da parte norte de Santana do Ipanema enquanto se bebericava.
Foi, então que vi chegar um carro com um casal – ainda hoje a subida de carro
não é fácil – pediram uma cerveja e sentaram-se à mesa vizinha. Ele, já um
senhor de meia idade, ela, uma senhora não tão bonita, mas com certo charme, em
torno de 30 a 40 anos. Ela fumava, ele não.
Eu
observava, disfarçadamente, aquele casal, cuja alegria da mulher com o foco no
seu acompanhante era bem visível. Ele muito tranquilo, apenas mexia com as
chaves do veículo. Descobrimos forçando uma aproximação, que o casal era de
Arapiraca e estava fazendo um tour pelo Sertão. A mulher era divorciada e
aquele cidadão era o seu novo amor. Ah! Só poderia ser. A senhora não cabia na
saia de tanto contentamento. Só havia olhos para o companheiro que procurava
disfarçar. Nesse momento ela pediu a música “Vende-se Uma Casa”, do compositor
e cantor Jota Ribeiro, uma página brega de grande sucesso da época. O homem
continuava tranquilo, falando pouco, mas a mulher ficou vermelha, emocionada, olhos
injetados, mesmo assim não demonstrava nenhuma tristeza, só emoção com novo o
idílio.
Eles
disseram que ainda iriam percorrer várias cidades até voltar para a “Terra do
Fumo”. Nunca tinha visto tanto felicidade brotando numa senhora. Deixamos o
lugar quando o casal pediu uma saideira. Na cabeça ficou a impressão daquele
encontro durante muito tempo. Pensei como poderia tirar proveito da ocasião
para mim inusitada. E, lá adiante, eu escrevia um romance do ciclo do cangaço,
quando precisei de cena semelhante. Fui mentalmente ao serrote Alto da Fé, dei
novos nomes ao casal apaixonado, conduzi a dupla, para a época cangaceira e os
transformei em personagens de um dos meus romances. O tempo nos revela cada
coisa!
Vende-se
uma casa!

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.