REI PELÉ – ARNON DE MELLO Clerisvaldo B. Chagas, 17 de outubro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.979   ...

 

 

REI PELÉ – ARNON DE MELLO

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de outubro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.979

 



“Prestes a completar 53 anos de história, o Estádio Rei Pelé passará por reformas e melhorias nos próximos meses. Administrada pelo Governo do Estado, através da Secretaria do Esporte, Lazer e Juventude (Selaj), a maior praça esportiva de Alagoas, já dotada de uma série de equipamentos destinados aos amantes do esporte e ao público em geral, ficará ainda melhor”.  (Fonte: Tribuna de Alagoas).

Enquanto isso, nós santanense não tivemos muita sorte no futebol profissional. O pior era que existia apenas uma fonte que possuía estádio e essa fonte era particular. Resultados de muitas coisas que preferimos ignorar para evitar aborrecimentos desnecessários. Infelizmente fomos nos apaixonar por um estádio que hoje faz pena aos passantes.

Não podemos falar sobre a organização do Ipanema que não conhecemos, mas nos reportamos apenas ao lamentável estado físico, parte externa, do estádio Arnon de Mello. Além de causar pena, misturam-se as lembranças dos áureos tempos em que o “Canarinho do Sertão” era amado e respeitado no mundo sertanejo de Alagoas. Mas não se deve atirar pedra em quem morreu. “O que passou é passado”, mas fica a pergunta aos entendidos se existe algum plano para o futuro Estádio Arnon de Mello? Alguma carta na manga dos remanescentes diretores do clube para a ressureição do Ipanema. Será que nós torcedores podemos alimentar alguma esperança? O que é preciso para fazer voltar a alegria dos grandes embates no campo da Rua Santa Sofia?

Enquanto isso, vamos mastigando as notícias de melhoras em nossa praça maior dos esportes, Estádio Rei Pelé, que por se achar no Bairro Trapiche da Barra, é designado popularmente por Trapichão. E, para quem não sabe, trapiches eram os grandes armazéns de guardar mercadorias para embarques e desembarques  às navegações.

Sobre o estádio Arnon de Mello, cujo único apelido é: “O campo do Ipanema”, acha-se imprensado e mesmo que quisessem ampliá-lo, seria quase impossível, com um cemitério de um lado e avenida e ruas em três outros lados, segue o jargão usado hoje, pela juventude: ampliação do estádio? “Ora, teje quieto”.

Está faltando sensibilidade gentílica.

Os ventos santanenses de hoje não movem moinhos.

ESTÁDIO REI PELÉ (FOLHA PE).

                                                                                                                

 

 

  JACARÉ DOS HOMENS Clerisvaldo B. Chagas, 16 de outubro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2,978   Jacaré dos H...

 

JACARÉ DOS HOMENS

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de outubro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2,978

 



Jacaré dos Homens é lugar que conserva a tradição regional do nome. Originária de uma fazenda de gado, expandiu-se com residências, tornou-se vila e cidade. Possui um pouco mais de 5.000 habitantes e perdeu residentes de acordo com o último censo. Sua topografia é um misto de planos e ladeiras, situa-se entre as cidades de Monteirópolis e Batalha, todas elas no coração da Bacia Leiteira Alagoana. Comemora sua instalação municipal em 10 de janeiro, lembrando 1959. Sua distância da capital, Maceió, marca 196 Km via Arapiraca e situa-se a 135 metros de altitude. Foi emancipada de Pão de Açúcar, tem como padroeiro Santo Antônio de Pádua e seus filhos são chamados de jacareenses ou jacarezeiros.

É banhada pelo riacho Jacaré, em que um dia foi encontrado uma espécie representante desse réptil, daí seu primeiro nome. E “Dos Homens” vem pelo prestígio dos seus habitantes perante o comércio com os penedenses. No centro comercial, um monumento ao jacaré é o grande atrativo aos visitantes.  É no seu cemitério que fica na parte alta da cidade, onde está sepultado o famoso “Vingador do Sertão”, Floro Novais. A Economia da cidade baseia-se na pecuária leiteira, no pequeno comércio e no funcionalismo municipal. Quando o riacho Jacaré bota cheia, é uma atração que concorre com o turismo do monumento. Jacaré dos Homens é simpática, limpa e relembra os antigos bangalôs que tanto sucesso fizeram. Seu acesso até o centro, margeia o riacho que lhe deu o título.

Numa época em que todas as cidades de Alagoas estão interligadas por asfalto, a rede também facilita o deslocamento da juventude de uma cidade pequena para as cidades maiores e que possuem estruturas gerais como Educação, emprego e Saúde. Jacaré faz parte dessas cidades menores que buscam na vizinhança a evolução individual nata do indivíduo. Mas isso não a impede de exibir sua beleza tradicional e moderna, motivos de respeito e admiração dos que procuram conhecer o nosso semiárido. Bem localizada, a cidade de Jacaré dos Homens está perto de tudo: do Agreste, do Alto Sertão, do Sertão do São Francisco, da Capital do Agreste, Arapiraca e de Maceió.  

Com certeza você sairá enriquecido culturalmente, após uma bela visita a “Terra do Gado

PARCIAL DE JACARÉ DOS HOMENS (FOTO DIVULGAÇÃO).

 

 

  O DEPUTADO E A SANTA Clerisvaldo B. Chagas, 11 de outubro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.977   Estou dia...

 

O DEPUTADO E A SANTA

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de outubro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.977

 



Estou diante da capela de Santa Terezinha. Solitária e triste, a igrejinha contempla a cidade das alturas convidativas do serrote do Cruzeiro. Olho a réplica do cruzeiro de madeira fincado logo defronte, na passagem do século XIX para o século XX. E relembrando a história, vejo um cidadão, em 1915, fazendo festas com trabalhadores e zabumba, cozinhando e levando material serrote acima para o pagamento de promessa – jamais revelada – a Santa Terezinha, com a tosca ermida em sua homenagem. Vejo no futuro a capela em ruínas, paredes tombadas e o vazio do altar. Mas também vejo no tempo, o deputado estadual Siloé Tavares, nas faldas do serrote com muitos trabalhadores, feijoadas nas trempes, zabumba animadora, tijolos às cabeças e o sobe e desce para o soerguimento da capela de Santa Terezinha. Chapéu de palha a cabeça do deputado de ontem e a minha pergunta de hoje: Por quê?

Ah! Mais uma vez à ruína. E vem a terceira capela de Santa Terezinha. Construção sobre lajeiros, à luz do céu azul, do mato verde, da caatinga bruta e das marcas rochosas que viraram lendas.

A urtiga, o imbé, a catingueira, a macambira de flecha, companheiros e companheiras da santa ali de dentro, daquela que você vê pela vidraça de vidro rachado.

Os segredos das promessas uivam com o vento pela vegetação ora verdosa, ora esquelética da pequena serra, do monte residual de uma extensa cordilheira varrida pelas intempéries... Quem sabe? Sim, lugar de meditação que mexe na dúvida da alma sutil.

Sim, sim, serrote do Cruzeiro!

E a geografia da vida incentiva a escalada do Tabor, do Sinai santanense que descobre os horizontes invisíveis do interior da mecânica que liberta a alma dos grilhões terrenos. Voar, voar pelo infinito, navegar na misericórdia que flui, na esperança cultivada, no lombo dos ventos que vagueia pelos pontos cardeais.

 

Quem sobe o belo serrote

Busca esperanças mil

Quem desce traz do serrote

A tinta do céu de anil

Odor invisível e forte

Dos bosques do mês de abril

 

SERROTE DO CRUZEIRO E CAPELA DE SANTA TEREZINHA (FOTO B. CHAGAS)