DEPRESÕES Clerisvaldo B. Chagas, 10 de junho de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.058   As depressões são form...

 

DEPRESÕES

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de junho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.058

 



As depressões são formas de relevo de superfícies aplainadas por longo processo de erosão. Suas formas se apresentam planas ou levemente onduladas. As depressões têm altitudes mais baixas em relação aos terrenos do seu entorno. Ficam mais localizadas em superfícies mais elevadas como os planaltos.

Estar muito difícil hoje para o estudante identificar o piso do lugar em que habita, porquanto não existe mais Geografia de Alagoas e nem História nas escolas estaduais. Assim prospera o analfabetismo estudantil geo-histórico do seu estado, da sua origem. Qual é o relevo da região de Arapiraca, de Palmeira dos Índios, de Santana do Ipanema ou de São Miguel dos Campos, por exemplo?

Sempre baseado nas formas de relevo tradicionais:  montanhas, planícies, planaltos e em outras denominações particulares, mas com os mesmos significados, surgiu também o termo depressão. E nessas depressões você vai encontrar além dos desgastes de superfícies, rio, riachos, serras, serrotes que estão profundamente caracterizados tanto no relevo quanto nas condições de clima da sua região.  Na área do semiárido alagoano, vamos notar bem essa diferença de altitude quando subimos para o planalto da Borborema, pelo planalto de Garanhuns através da elevação que nos leva até a cidade de Tupanatinga, em Pernambuco, depois de vencermos a região plana de Águas Belas.

E estando o sertão alagoano na Depressão do São Francisco, a região do Agreste arapiraquense, é de um planalto rebaixado e que não é fácil para o profissional identificar, quanto mais para o estudante sem aulas de Geografia sobre seu estado! Quanto a região mais desenvolvida nordestina, retirando as capitais marítimas, desponta a faixa do Agreste onde estão localizadas cidades importantíssimas que fazem a diferença, como Arapiraca, Caruaru, Campina Grande...  Porém, o importante mesmo é ter uma boa noção da região em que se nasceu ou na que se vive. Afinal, é o Conhecimento que faz a diferença.

 

 

 

 

 

  CAIÇARA Clerisvaldo B. Chagas, 7 de junho de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.057   Caiçara é uma paliçada d...

 

CAIÇARA

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de junho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.057

 



Caiçara é uma paliçada de madeira usada em torno de aldeias indígenas. Cerca de proteção contra inimigos e animais. Caiçara é também a denominação aplicada a quem nasce no litoral paulista. Caiçara pode ser chamada a uma cerca de varas para proteção do gado. A denominação acima é coisa rara no Sertão alagoano e se for encontrada é nesse último sentido. Porém, ainda não sabemos porque a grande serra de Maravilha, com mais de 800 metro de altitude, é denominada serra da Caiçara. Essa referência vem de séculos apontada sempre como serra da Caiçara. Nos últimos anos vem sendo chamada também de serra da Maravilha, mas não pode perder sua mais antiga identificação. Aliás, atualmente foi transformada em área de reserva ecológica. É uma das mais belas do estado e falam do magnífico cenário visto do cimo.

Mas Caiçara também era um soldado que pertenceu à força volante do coronel Lucena. Por ser uma pessoa perversa matou sem necessidade o velho José, pai de Virgolino Ferreira, o futuro Lampião. E o coronel Lucena, ainda não coronel, teve que assumir a culpa por ser o comandante da tropa que invadiu a casa onde estava o pacato pai do cangaceiro. O soldado Caiçara também fora sacristão do padre Bulhões, pároco na época, de Santana do Ipanema. O sacristão gostava muito de jogar e explorava o padre por dinheiro de jogo e cerveja. Tentara o suicídio por várias vezes. E ainda como volante, matara à pedradas um dos irmãos Porcino, justamente o mais pacato que não era cangaceiro manso como os irmãos. (Lampião em Alagoas).

Voltando à palavra Caiçara, a serra nos arredores da cidade de Maravilha, tem sido visitada por inúmeras pessoas da região e turistas que chegam para conhecer o museu que abriga fósseis de mastodontes, construído na cidade. Não sabemos, porém, dizer se a nova condição da montanha como Reserva, exige licença para visitá-la, mas o procedimento é sempre esse.  No caso de formação de varas ou estacas como proteção o termo no sertão de Alagoas é apenas “cerca”. Assim vamos desvendando o reino encantado do Sertão que, mesmo profundamente desmatado, ainda oferece encantos mil para os apreciadores da Natureza e da pesquisa inusitada.

SERTÃO (FOTO: ROBSON FRANÇA)

 

  TEMPO RICO Clerisvaldo B. Chagas, 5 de maio de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.056   O mês de junho para nós...

 

TEMPO RICO

Clerisvaldo B. Chagas, 5 de maio de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.056

 



O mês de junho para nós sertanejos alagoanos, representa muita festa junina e esperança total no campo. Nosso chamado inverno, denominado pelo povo, tem início no outono e tira até o fim do inverno oficial. Portanto, apesar das incertezas dos climas no mundo, já tivemos início do período chuvoso desde o mês de abril, embora com poucas e alternadas chuvas. O mês de maio foi uma ótima alternância de chuva pouca e sol. Isso permitiu que todas as regiões alagoanas mostrassem nesta ocasião um verde cheio de matizes pelo Sertão, Agreste, Zona da Mata e Litoral. Essa chuva pouca e alternada é muito sadia para o campo e nutre esperanças na agropecuária que teremos um ano de fartura e de barriga cheia com se fala por aqui.

Barreiros e açudes estão cheios, o homem do campo cortando terra e plantando com a animação em alta. A Economia da região, em todos os setores não abandonou a certeza de um ano privilegiado. Como somos pobres em indústrias, temos um comércio crente, tanto pelas condições climáticas quanto pelos muitos festejos programados para os próximos dias. Assim, Festa da Juventude, Festa da Padroeira, Festa de Santo Antônio, Festa de São João, Festa de São Pedro e mais tarde, Festa de São Cristóvão, vão semeando com antecedência a mente dos que pensam em dinheiro. Sempre escutamos bombas no meio da noite e foguetes que antecipam a vontade do comportamento junino. São tantas festas que até falta fôlego para a narrativa.

Por outro lado, faz gosto viajar dentro do estado ou caminhar pela zona rural do Sertão. Mato verde, barragens cheias, riachinhos escorrendo, chuva fina nos telhados de argila. E para coroar a alegria sertaneja e agrestina, ordem de continuidade do Canal do Sertão, que pegará nessa etapa a metade da nossa pujante Bacia Leiteira. Melhor do que isso, só no Céu, mas ninguém quer ir agora. O alarme que autoridades falam nos alertas de tragédias de chuvas em Alagoas, talvez seja mais pelo trauma brasileiro do Rio Grande do Sul. Por enquanto, graças a Deus, o tempero do clima em solo alagoano segue um desenho de bondade e fartura que almejamos para todos os irmãos do campo e da cidade, ligados diretamente ao tempo. Ave!