SAGRADA FAMÍLIA Clerisvaldo B. Chagas, 21 de agosto de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.090   Caso pesquisemo...

 

SAGRADA FAMÍLIA

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de agosto de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.090

 



Caso pesquisemos direitinho poderemos até dizer que Santana do Ipanema é a Terra das Igrejas. Não que sejam igrejas grandes e luxuosas, mas sim, a quantidade de templos religiosos encontrados na cidade, como mostra o livro “O Boi, a Bota e a Batina; História Completa de Santana do Ipanema”, em páginas com o título: “Igrejas e Igrejinhas”. Impressionante a fé católica do povo santanense, inclusive, também em uma das páginas do mesmo livro, é mostrada uma pesquisa feito pelo professor de Geografia sobre o que o povo mais gosta em Santana. A pesquisa em vários bairros, feita por alunos trouxe como resultado “Missa”, em primeiro lugar. E nesse contexto vamos ver a Igreja da foto abaixo (Livro 230, Iconográfico aos 230 Anos de Santana do Ipanema).

Nunca soubemos o motivo, porém, o comerciante e fazendeiro, o mesmo que iniciou a rua particular vizinha a seu curral de gado e que depois foi chamada Rua de Zé Quirino, hoje Rua Prof. Enéas) senhor José Quirino, planejou fazer uma igreja no Bairro Monumento em homenagem à Sagrada Família. O terreno escolhido fazia parte de um antigo cemitério (o primeiro de Santana), construído no final do Século XIX, pelo padre Veríssimo e, demolido na década de 40. Para isso, o senhor José Quirino andou fazendo uma arrecadação entre os conhecidos, arrebanhando verbas para sua nobre finalidade. Foi erguida, então, a Igreja à Sagrada Família e devido a sua localidade e diferencial, passou a ser chamada pela população de “Igreja dos Ricos”.

 De fato a Igreja Sagrada Família, era frequentada quase somente pela elite do bairro. Contam os mais velhos que durante a campanha de arrecadação, uma das pessoas contatadas pelo senhor José Quirino falou coisas desagradáveis à Sagrada família e mais. Pouco tempo após, aquele homem dos impropérios, tão falado e conhecido em Santana do Ipanema e originário de uma cidade vizinha, morreu tragicamente em acidente automobilístico no lugar denominado Aterro. A Igreja Sagrada Família continua prestando serviços religiosos à população desde o ano de 1959. No terreno total do antigo cemitério, ainda tem uma casa com varanda, um prédio que foi repartição pública e uma parte com terreno baldio.

IGREJA SAGRADA FAMÍLIA (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230 ICONOGRÁFICO AOS 230 ANOS DE SANTANA DO IPANEMA).

 

 

 

  SHOPING DA VILA Clerisvaldo B. Chagas, 20 de agosto de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.089   Construído, apr...

 

SHOPING DA VILA

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de agosto de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.089



 

Construído, aproximadamente, em torno de 1915, ainda Santana vila, o “prédio do meio da rua”, era uma espécie de Shoping da época. Um edifício muito grande, situado em parte do Largo do Comércio, repartido em vários cômodos para aluguel. A sua existência ajudou a estimular as ações comerciais da vila que sempre demonstrara vigor. Era triangular. Duas faces grandes, duas faces menores. Na face Oeste, havia as casas comerciais de Pedro Chocho (tecido), de Doroteu Chagas e Cleto Duarte (tecidos); face Sul, Marinho Rodrigues (armazém de secos e molhados) depois José Galego ex-jogador do Ipanema (salão de sinucas); face Leste, Nézio (barbearia); face Norte, Cariolando Amaral (farmácia), José Azevedo (tecidos). E na esquina Norte/oeste Ulisses Silva (magazine, tecidos). E, no único primeiro andar do edifício, sobre o magazine, apartamento onde vivia o viúvo comerciante Ulisses Silva.

Parte da feira de Santana do Ipanema, era realizada na face Norte e na face Oeste: da Farinha, do Fumo, das Redes, das Malas, do Sal. Aliás, a feira de Santana do Ipanema, teve início ainda nos primórdios de vila, aconselhada pelo padre Francisco Correia para funcionar em dia de sábado, como continua até o presente momento. Depois foi incluída para preencher o vazio da semana, outra feira semanal da quarta. Esta, mais fraca. Só supera a do sábado durante a Semana Santa. Na atualidade, Santana dispõe de feira todos os dias. A posição geográfica da cidade, pleno médio Sertão e boca do Alto Sertão, fez ali desenvolver um tradicional comércio assegurado como pujante até este primeiro quarto do Século XXI. Mais tarde, este município que era o maior de Alagoas, deu origem com as divisões de suas terras a oito novos municípios seus povoados e vilas.

São filhos de Santana do Ipanema e hoje suas cidades satélites: Ouro Branco, Maravilha, Poço das Trincheiras, Carneiros, Senador Rui Palmeira, Olho d’Água das Flores, Olivença, Dois Riachos e parte de Major Izidoro. Além da força do seu comércio, a cidade oferece prestações de serviços como rede escolar, rede de saúde, casas creditícias, complexo de Justiça, clínicas particulares, segurança, hospital SUS e religiosidade diversas. A cidade é cortada pelo rio periódico Ipanema (daí o seu nome) e o riacho Camoxinga, afluente do primeiro e que também virou nome do maior bairro da urbe. O seu comércio é considerado o mais bonito do interior alagoano e o segundo em movimento, perdendo apenas para o de Arapiraca.

Sertão é Sertão!

ANNTIGO “PRÉDIO DO MEIO DA RUA” Á ESQUERDA. Á DIREITA, “SOBRADO DO MEIO DA RUA”. (FOTO: DOMÍNIO PÚBLICO/LIVRO 230 ICONOGRÁFICO AOS 230 ANOS DE SANTANA).

 

 

 

  A PRIMEIRA Clerisvaldo B. Chagas, 19 de agosto de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.088   A juventude de Santa...

 

A PRIMEIRA

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de agosto de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.088

 



A juventude de Santana talvez não saiba, mas a primeira praça da cidade que se tem notícia, foi a Praça do Centenário. O referido logradouro público foi construído na década de 20 do século passado. Apenas uma obra pequena, triangular, à base de cimento, em pleno Centro Comercial. Havia apenas três bancos, também de cimento e sem encostos, para duas pessoas, cada – dizem que foi doação do senhor Cariolando Amaral (Seu Carôla) dono de farmácia no “prédio do meio da rua”. Cada banco doado representava uma das três filhas do homem. Havia no centro da pracinha, um obelisco com um bojo quadrado perto do topo, onde ficavam as luzes que iluminavam a praça. Tempos depois colocaram ali o busto de Dom Pedro I, tudo em homenagem aos cem anos da Independência.

Tudo leva a crer que o intendente que construiu o obelisco em 1921, André Ferreira da Silva, tenha sido também o construtor da pracinha. Na década de 50, ali fora instalado um posto de gasolina do chamado senhor Nequinho. Ali também era ponto de saída e chegada da “sopa” (espécie de ônibus) da linha Santana-Maceió e, na capital o ponto de viagem era o “Hotel Lopes”, na Praça da Faculdade (Direito). Havia politicagem também no tempo de vila, da pracinha. O busto do Imperador amanheceu com uma gravata, o que provocou gargalhadas e polêmica na cidade, mas nunca descobriram que engravatou Dom Pedro I.

O largo, onde estava situada a pracinha do Centenário, passou a ser o ponto da boemia dos adultos e o lazer de crianças e adolescentes. Ali perto, vizinho a escadaria de primeiro andar do “Hotel Central”, funcionava o bar/café do Senhor Antônio Honorato, conhecido como Tonho de Macelon. Apologista de poetas repentistas e charadista insuperável. A boemia da cidade, os rapazes em evidência da época, frequentavam o seu café e a Pracinha do Centenário. Somente dez anos após a Praça do Centenário, foi construída a segundo praça pública de Santana do Ipanema, também por outro Interventor. Esta segunda praça, muito grande, foi sendo reformada com o tempo e, mostra-se hoje como é, defronte à Igreja Matriz de Senhora Santana. A priori, não se sabe, mas a Pracinha do Centenário, deve ter sido também a primeira de Todo o Sertão Alagoano.

PRAÇA DO CENTENÁRIO, 1921. (FOTO: DOMÍNIO PÚBLICO. LIVRO 230, ICONOGRÁFICO AOS 230 ANOS DE SANTANA DO IPANEMA).