ESCOLA DO VOVÕ Clerisvaldo B. Chagas, 5 de setembro de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3. 101   Temos cert...

 

 

ESCOLA DO VOVÕ

Clerisvaldo B. Chagas, 5 de setembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3. 101

 



Temos certeza de que você, santanense, não sabe, porém, podemos dizer que a escola mais antiga da cidade é a que você está vendo abaixo. Leva o nome do primeiro juiz de Santana do Ipanema e que atuou na década de 1920. Em questão de prédio, é a escola “Bacurau”, mas no momento virou biblioteca de bairro. Então, a escolinha Manoel Xavier Acioly, abaixo, assume o lugar da mais antiga que conhecemos na urbe. Vamos levar em conta que a represa na BR-316, construída na periferia de Santana, em 1951 tenha influído na construção da escola. A represa ao lado da BR e a ponte ali erguida, deram origem ao Bairro Barragem que se formou em parte com os operários da obra (cassacos). A represa, hoje assoreada, sempre foi apontada pelo povo como barragem, o início do bairro e até hoje também, Bairro da Barragem.

Portanto, tudo levar a crer que a escolinha tenha sido fundada no início do Bairro da Barragem, para suprir a necessidade das famílias daquela periferia, em 1 de agosto de 1956. A escolinha acaba de completar 68 anos de existência.... Nem temos a ideia se ela mesma sabe disso. No caso, tínhamos apenas 10 anos de idade quando se deu o fato inaugural. Parecia uma paisagem muito triste quando víamos aquela escola pequena e isolada lá na beira da estrada. Foi reformada nos últimos anos e passou a ser um anexo de uma escola do Bairro São José. Com a situação da atualidade que tem transporte para todas as escolas do Brasil, a escolinha Manoel Xavier Acioly, também passa a acompanhar o modernismo e recebe alunos dos sítios daquela Zona Oeste de Santana do Ipanema.

Temos uma impressão muito forte de que a Educação e toda população santanense, deveriam fazer uma belíssima homenagem àquela unidade de Ensino. Inclusive, com um dia completo de lazer e inúmera atrações, com a participação de todas as outras escolas da cidade. O bairro da Barragem cresceu, formou do outro lado da pista um complemento moderníssimo que dividiu o bairro no antes e depois. Por trás da parte mais antiga e original, formou-se o bairro mais novo da cidade, denominado pelo povo de Clima Bom. Também é servido pela “Escola Vovô”, Manoel Xavier Acioly.

Sua bênção!...

ESCOLA MANOEL XAVIER ACIOLY, em 2013. (LIVRO 230 ICONOGRÁFICO AOS  230 ANOS DE SANTANA DO IPANEMA/B. CHAGAS).

 

 

  REVENDO A CAPELA Clerisvaldo B. Chagas, 4 de setembro de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.100   A primeira ca...

 

REVENDO A CAPELA

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de setembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.100



 

A primeira capela em homenagem à Senhora Santana, em Santana do Ipanema, remonta ao ano de 1787 (Século XVIII). Construída pelo padre Francisco Correia nas terras do fazendeiro Martinho Rodrigues Gaia, a capela fora inspirada pela esposa do fazendeiro Ana Tereza, primeira devota da santa na região. Ana Tinha pedido ao padre uma imagem de Senhora Santana e que ele trouxera da Bahia.  Nada mais justo de que a construção da capela para posterior entronização da imagem desejada.  E a capela fora inaugurada também com a imagem do Cristo Crucificado, esculpido pelo padre Francisco Correia, além de outras ações. Sua belíssima arquitetura para a época, ainda hoje impressiona. Só foi reformada em 1900.

Pelo nosso conhecimento, somente no ano de 1900, a capela recebeu a sua primeira reforma. Além de um resumido registro em livro de outro escritor, temos uma foto da capela em preto, com movimento de procissão também. Após essa foto de 1900, vamos encontrar outra foto da igreja, em 1020, já reformada e caiada de branco. Afora isto, somente a grande reforma do final dos anos 40, ocasião em que foi construída a imensa torre que ainda hoje perdura na sua forma externa. A Igreja Matriz de Senhora Santana sofreu modificações internas, após a queda completa do seu forro ainda no final da gestão do padre Luís Cirilo Silva. Depois sofreu mais algumas significativas modificações na gestão do saudoso padre Delorizano. Quer dizer, não é mais internamente a original da década de 40.

Entretanto, a parte externa, em relação a degraus, jardins, iluminação, foi sendo modificada aos poucos, desde mesmo antes das remodelações internas. Mas a sua arquitetura geral, baseada na capela primeira de 1787 (Ver figura abaixo), nunca foi modificada. A Igreja Matriz de Senhora Santana, ainda continua sendo a maior atração turística do nosso município e o seu mais belo cartão postal. A propósito, foi dentro da nave, logo após a entrada interna para o Salão Paroquial contíguo onde foi sepultado o tão querido padre Luís Cirilo, o mais carismático de todos os que por ali passaram.  Após o falecimento do padre Luís Cirilo, as andorinhas em bando que frequentavam o alto da torre da Matriz, desapareceram e nunca mais retornaram para a alegria costumeira.

ORIGINAL CAPELA DE SENHORA SANTANA FUNDADA EM 1787. (LIVRO “230, ICONOGRÁFICO AOS 230 ANOS DE SANTANA DO IPANEMA/FOTO OU PINTURA: MARINA FALCÃO/ACERVO DO AUTOR.

  CANCÃO-DE-FOGO Clerisvaldo B. Chagas, 3 de setembro de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.099   No sertão alago...

 

CANCÃO-DE-FOGO

Clerisvaldo B. Chagas, 3 de setembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.099



 

No sertão alagoano é Cancão, em outras regiões também é chamado: Cancão-de-fogo, gralha-cancã, Quem-quem, cancão de nuca branca. O cancão é uma ave (Cianocorax cianopogor) típica do sertão nordestino, mas que o desmatamento o obrigou a emigrar para o Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro. É muito barulhento na caatinga e talvez o seu nome tenha vindo do som aparente do seu canto. O cancão é muito inteligente e habilidoso no voo acrobático. Qualquer coisa diferente que avista na caatinga, sai avisando a todos os moradores, animais e humanos. O caçador experiente costuma estar atento às manobras do cancão.  O próprio cangaceiro Virgolino Ferreira, escolado sertanejo das caatingas, sabia de todos os avisos do bicho em questão e de todos os outros, do seu habitat. Isso o ajudou muito nas suas lutas contra as forças volantes em todos os estados onde atuava.

O cancão come insetos, fruta de mandacaru e praticamente tudo, até ração de galinha, se encontrar. Faz o seu ninho nas árvores mais altas da caatinga, forra o piso com folhas secas e choca três ovos para enfeitar a mata com seus cancãozinhos. Na sociedade sertaneja, é costume apelidar poetas repentistas emboladores ou violeiros com apelidos de pássaros cantadores. E cancão já foi apelido de muitos desses vates. Uma das grandes feras da poesia escrita, com alguns livros publicados com suas poesias sertanejas divinais, chamava-se Cancão.  O título Cancão-de-Fogo também está em folheto de cordel, de grande sucesso no passado e ainda no presente.

Todos os animais da caatinga merecem estudos profundos, porém, alguns são especiais e estão enraizados na sabedoria popular trazida da roça, dos campos das matas que muitas vezes serve de provérbio. Entre os especiais estão a seriema, a cauã, o cancão, a rolinha, o bem-te-vi.  E por falar em rolinha, talvez o pássaro mais querido do sertão, surgiu hoje, primeiro de setembro, tempo úmido e nublado, um casal de rolinha caldo-de-feijão catando pedrinhas defronte a nossa casa. É resultado do desmatamento e a adaptação dos animais no ambiente urbano. Voltando ao assunto inicial, preste atenção na figura abaixo do cancão, sua pose e majestade.

CANCÃO (PINTEREST).