SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
FOI ONTEM Clerisvaldo B. Chagas, 20 de março de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.211 Não fosse as previsões...
FOI
ONTEM
Clerisvaldo B. Chagas, 20 de março de 2025
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.211
Não fosse as previsões da ciência, dos profetas
das chuvas – agricultores nordestinos que observam a natureza e seus sinais –
poderíamos ficar ainda numa dúvida feroz que costuma angustiar o homem do
campo. E dizem os experimentados homens da roça que se não chegar a chuva no
Sertão até o dia de São José, o ano será seco e difícil. Pelo que sempre
observamos, não seria apenas a chuva no dia exato de São José que seria um ano
bom de inverno, mas sim até o dia do santo Pai de Jesus. Neste caso, as
previsões foram ótimas para o Sertão de Alagoas em 2025. É que choveu várias
vezes no mês de fevereiro, além das previsões otimistas dos Profetas das Chuvas, reunidos em Santana
do Ipanema. Todos afirmaram sobre o inverno com otimismo.
O dia exto de São José, foi seco, tempo abafado
com muito calor. Céu azul com algumas nuvens não comprometidas com chuvas imediatas.
Apesar do encontro dos profetas das chuvas ter sido no Bairro Monumento,
defronte a Secretaria de Agricultura, como já está ficando tradicional, os
moradores do nosso Bairro São José, também participam do evento. Entretanto, se
as profecias fossem transferidas para a frente da sua Igreja, seria muito mais
justo. Chegando gente de todos os lugares para o encontro dos homens sabidos,
marca-se uma atração a mais para o Turismo do interior, para estudiosos e
pesquisadores do tema. Além dos
profetas, outras apresentações fazem parte como aboios e repentistas.
A tendência do encontro dos Profetas das Chuvas, será sua ampliação
com novos atrativos incorporados. Sim, tem gente que não gosta, mas numa região
dominada pela lavoura e pelo gado, o sangue rural fala muito mais alto nessas
aglomerações programadas. E assim, com encontro ou sem encontros, o prestígio
do Pai de Jesus, continua em alta, principalmente em solos nordestinos e
sertanejos. Homem, honesto, humilde, pacato e carpinteiro, o esposo de Maria semeia
constantemente seu nome nos filhos que virão ao mundo pelo Nordeste brasileiro.
E tantas solenidades realizadas em nome de quem viveu santamente, muito mais
abrilhantam os festejos e fortalecem a confiança dos que se chamam José e dos
que não têm este privilégio.
A INDÚSTRIA E NÓS Clerisvaldo B. Chagas, 19 de março de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.210 Nos anos sessent...
A
INDÚSTRIA E NÓS
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de março de 2025
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.210
Nos anos sessenta, ainda usávamos a cama de
mola e, a marca de uma delas era famosa com o título Faixa Azul. Essas camas eram vendidas em algumas lojas da cidade e
algumas delas exibiam essas camas nas próprias calçadas dos estabelecimentos.
Quanto ao colchão, eram feitos de capim ou de juncos, material encontrado por
todos os lugares. Havia em Santana do Ipanema na Rua Antônio Tavares, uma
fábrica de colchões com três ou quatro funcionários que confeccionavam cada
peça á mão. Não recordamos de nenhum tipo de máquinas. A fábrica ficava no
casarão em preto vizinho a esquina da ladeira que levava até a rua de baixo,
Rua de Zé Quirino (hoje professor Enéas). Pertencia a fábrica ao senhor
apelidado de Júlio pezunho. (Pezunho:
aquele que tem um dedo a mais na mão, inutilizado). O senhor Júlio, nessa época,
já era um homem de idade e muito conhecido na região.
E se havia outras fábricas do ramo, na cidade,
na minha adolescência não tive conhecimento. À cama de mola, cabia consertos
aqui ou ali, mas os colchões que logo viravam canoas com afundamentos no meio,
não havia jeito e se reclamava muito de dores de coluna. E esses colchões de
juncos ou de capins, também ficavam expostos nas calçadas dos estabelecimentos.
Na prática daquilo a cama rangia
muito e por isso eram formadas muitas anedotas a respeito das animosidades sexuais.
A partir, aproximadamente da década de setenta, começaram a surgir novos
modelos de cama de ripas, se mola e as famosas camas de molas foi desaparecendo
aos poucos seguidas pelos tipos antigos de colchões.
As camas modernas continuam sem qualidade,
Cheias de floreios “propagandícios” falsos. Do mesmo modo são os colchões que
não resistem dez dias de dormidas sem a formação de canoas da mesma maneira dos
colchões que quebravam a coluna dos nossos avós e pais. Antes ainda havia a
opção da rede, da esteira de caboclo, da esteira de periperi ou pipiri, coisas
que vão ficando cada vez mais raras no nosso cotidiano. O que fazer? Por
enquanto ainda não conhecemos soluções e sim à espera das dores da coluna para
o gasto inútil de dinheiro com médicos que se dizem especialistas. Dizem os
mais velhos que o que não tem remendo
remediado estar.
Esteja onde estiver, pelo menos Seu Júlio Pezunho,
tentou.
BAIRRO MONUMENTO (FOTO B. CHAGAS)
AREIAS BRANCAS Clerisvaldo B. Chagas, 18 de março de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3,209 Como havia di...
AREIAS
BRANCAS
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de março de 2025
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3,209
Como havia dito anteriormente, fomos ontem à
tarde para o povoado Areias Brancas, município de Santana do Ipanema, que estar
parecendo uma cidade. Fomos, eu e minha esposa Irene Ferreira das Chagas,
prestigiar o projeto do cineasta Samuel com grupo de alunos selecionados para
aprender e fazer cinema. Sua esposa e sua mãe – ex-aluna nossa – estavam
conosco nessa empreitada na qual a minha presença foi para incentivar a cultura
nas suas várias modalidades, inclusive, no ramo cinematográfico. A princípio, o
evento como primeira aula de uma série programada, iria ser sob um frondoso e
belo cajueiro tradicional na praça do povoado. Bem que tentamos, porém, o vento
da tardinha estava bravo, além dos ruídos constantes do trânsito motorizado.
Despedimo-nos dos ventos e fomos para o
interior da escola onde nos acomodamos e o novo Cacá Diegues, Samuel, expôs
suas ideias ao grupo seleto de jovens. Prestamos a nossa homenagem ao povoado,
quando a Diretora da Escola leu para o grupo como foi a fundação do povoado
registrado por nós no livro O BOI, A BOTA e a BATINA, HISTÓRIA COMPLETA DE
SANTANA DO IPANEMA – havia um exemplar na biblioteca da escola. Falamos e
ouvimos a juventude, inclusive, uma das jovens do grupo, narrou as mesmas
informações de duas pessoas dos tempos de fundação, coincidindo com a nossa
narrativa. O projeto do Samuel, além de ensinar todos os truques para um bom
profissional por trás das câmeras, incentiva às narrativas diversas que poderão
ser alvos de futuras filmagens.
O povoado Areias Brancas, é o maior de todos os
povoados santanenses. Estar situado entre Santana do Ipanema e a cidade de Dois
Riachos. Aliás, o povoado é da mesma idade de Dois Riachos que antigamente se
chamava Garcia. Tem como riqueza mineral sua areia branca, excelente para
construções pela qualidade e a liga que possui. O seu grande desenvolvimento
deve-se a localização geográfica, de terras planas, eixo rodoviário Sertão –
Capital e cortado pelo BR-316. Tem como padroeiro o mártir São Sebastião e
festas anuais, belíssimas. Retornamos a Santana já dentro da noite desses
últimos dias de primavera, satisfeitíssimos com o êxito do nosso trabalho,
aliás, do trabalho do jovem Samuel, futuro cineasta da Rede Globo de Televisão.
JOVEM E VETERANO PELA CULTURA DA TERRA. (FOTO: EQUIPE
SAMUEL).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.