SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
O SERTÃO E O CANAL Clerisvaldo B. Chagas, 4 de junho de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.547 Pesquisando e es...
O
SERTÃO E O CANAL
Clerisvaldo
B. Chagas, 4 de junho de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.547
Pesquisando e
escrevendo o livro “Repensando a Geografia de Alagoas”, fomos parar no Alto
Sertão alagoano no município de Delmiro Gouveia buscando o ponto extremo Oeste,
hoje coberto pelas águas de grande barragem. Atravessamos para Pernambuco e
fomos almoçar no lugar Volta do Moxotó. Tiramos belíssimas fotos dos municípios
de Maravilha, Canapi, Delmiro Gouveia e mesmo do Alto Sertão de Pernambuco. O
livro de alto nível encontra-se pronto, porém, engavetado. Não houve da nossa
parte nenhuma tentativa de publicá-lo uma vez que não temos mais a matéria
específica nos currículos escolares.
Caso haja interesse do município ou do estado, basta alguns retoques e
estará à disposição de Alagoas.
Uma das coisas que nos
chamou atenção e que fizemos questão de visitar, foi um trecho sertanejo por
onde passa o famigerado Canal do Sertão. Como a tal obra não comtempla o
município de Santana do Ipanema, deslocamo-nos em direção a Olho d’Água do
Casado e o encontramos ainda em território delmirense. No lugar onde estávamos,
não havia uma só residência pelos arredores. Somente Natureza, secura e
solidão. Sem ninguém para informar alguma coisa, aproximamo-nos do canal em um
ponto interessante e testemunhamos com a nossa própria máquina, a pujança da
obra e a inteligência da engenharia.
Fomos após continuar a
nossa jornada de retorno a Santana do Ipanema contemplado e registrando a
paisagem das planuras de Delmiro Gouveia, as muralhas montanhosas da região
serrana e a hidrografia representada pelo rio Capiá, o mais importante da
região onde nós estávamos. Porém, o Canal do Sertão continuou por muitos dias
povoando a nossa mente, não somente pela sua estrutura física, mas pelas
dúvidas da sua verdadeira utilidade para o amanhã.
Achamos as divulgações
longe uma das outras e insipientes. Não sabemos se foi a pandemia que arrefeceu
os motivos da Imprensa e dos políticos ou porque a obra que ainda não ultrapassou
a fronteira com o agreste deixou de ser novidade.
Acorda, Sertão!
TRECHO DO CANAL DO
SERTÃO EM DELMIRO GOUVEIA (FOTO: AGÊNCIA ALAGOAS).
OS BONS FILHOS Clerisvaldo B. Chagas, 2 de junho de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.545 Santana do Ipanema...
OS
BONS FILHOS
Clerisvaldo
B. Chagas, 2 de junho de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.545
Santana do Ipanema,
desde os tempos de Povoado Freguesia, conseguiu um território muito extenso com
bastante terras devolutas. Limitava-se até Águas Belas, serra do Chitroá,
ribeira do Capiá e Palmeira dos Índios. Os seus limites continuaram os mesmos
quando adquiriu a condição de vila. Só veio perder território, praticamente,
após a metade do Século XX. Pertenciam a Santana do Ipanema e que hoje são
também municípios, Ouro Branco (antigo Olho d’água do Chicão), Maravilha, Poço
das Trincheiras (antigo Olho d’Água da Cruz, Olivença (antigo Capim), Olho
d’Água das Flores, Carneiros, Senador Rui Palmeira (antigo Riacho Grande) e
Dois Riachos (antigo Garcia). Todos eles, enfrentando inúmeras dificuldades,
conseguiram progredir e hoje são núcleos importantes do sertão e Alto Sertão.
A vagareza do carro de
boi, a firmeza do casco do burro, a paciência do jumento e a elegância do
cavalo, foram substituídos pela rapidez do caminhão, do automóvel... As
estradas de terra deram lugar ao asfalto, à rapidez na comunicação e à dinâmica
no escoamento agrícola. Dirigindo seu próprio destino, o município emancipado
tinha mais condições de lutar com seus habitantes por uma melhor condição de
vida. Por outro lado, a cada separação Santana ficava desobrigada de assistir
essas terras num tempo carente de recursos. Essas emancipações ocorreram quando
Santana ainda possuía a maior extensão territorial dos municípios alagoanos.
Todos esses municípios continuam girando em torno de Santana do Ipanema que são
os seus satélites.
Na realidade os novos
tempos foram lapidando os gestores municipais, quando muitos tinham o município
como um feudo particular. Os coronéis foram sendo substituídos por filhos ou
netos pendurados na política, estudados e modificando o modo de administrar. As
críticas, os meios de comunicação foram ajudando na mentalidade nova e o marasmo
de antes, começou a se movimentar e depois a correr para não se tornar
obsoleto. Portanto, faz gosto se fazer uma visita a qualquer um destes
municípios que antes pertenciam a Santana do Ipanema, desde o maior deles ao
menor. Alguns foram mais ronceiros, porém, atualmente a luta e os objetivos são
os mesmos. Uns se espelham no outros e o combate por melhores dias não para.
Todos aprenderam e passaram a ser (se não já eram) bons filhos da Rainha e
Capital do Sertão.
OLIVENÇA (FOTO: youtub.com).
PADRE FRANCISCO CORREIA Clerisvaldo B. Chagas, 1 de junho de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.544 Após a construç...
PADRE
FRANCISCO CORREIA
Clerisvaldo
B. Chagas, 1 de junho de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.544
O chamado santo Padre
Francisco, passou 8 anos centralizado em Santana do Ipanema. Ausentou-se com 38
anos, portanto, para atender em outros lugares.
Tempos depois, o padre
Francisco retornou à Santana do Ipanema, lugar da sua predileção, contando com
55 anos.
Aqui em Sant’Anna da
Ribeira do Panema, permaneceu por mais 30 anos.
Quando novamente
ausentou-se de Santana contava com 85 anos. Despediu-se dos arredores conduzido
em rede.
O padre Francisco José
Correia de Albuquerque, faleceu em 1848, com 91 anos de idade, no sítio
Casinha, em Bezerros, Pernambuco.
Muitos anos depois,
aberto o seu túmulo, o corpo estava intacto e exalava cheiro de rosas por todos
os arredores.
O padre fazia sermões
arrebatadores, era visionário e vários milagres foram atribuídos a ele. Foi da
sua parte a providência como Conselheiro, de transformar o arraial de Sant”Anna
da Ribeira do Panema à condição de Povoado Freguesia com os extensos limites
das suas terras. Foi ainda o primeiro pároco de Santana e mudou a feira que era
realizada aos domingos para os sábados até o presente momento.
O padre já fora visto
pairando sobre as águas. Em um sermão no lugar hoje Poço das Trincheiras Interrompeu
o tema para anunciar a Revolução Pernambucana que se iniciara, em 1817. Certa
feita, na região do São Francisco, vindo montado por uma estrada perigosa, foi
abordado por assaltantes em um lugar de muitas pedras. Um deles apontou-lhe uma
arma e disse que só acreditaria no que ele pregava se aquelas pedras falassem.
As pedras falaram e os meliantes correram como nunca.
Muito ainda se poderia
dizer sobre o Santo Padre Francisco, escrito pelo seu Biógrafo, padre Theotônio
Ribeiro.
GRUPO ESCOLAR PADRE
FRANCISCO CORREIA, HOMENAGEM (FOTO: B. CHAGAS).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.