VELHO SERTÃO DE
GUERRA
Clerisvaldo B. Chagas, 9 de agosto de 2012.
Crônica Nº 838
Monumento ao Jegue em Santana do Ipanema - AL. |
Fatores
positivos
e negativos foram deixando abandonado o nosso Sertão. Faixa geográfica menos
habitada em todos os estados nordestinos, o Sertão sofre muitas influências que
contribuem para o seu despovoamento. Falando sobre o semiárido alagoano, em
nossas andanças pelas estradas vicinais, vamos notando a volta da vegetação em
forma de capoeira, em vários lugares. Ali é de se notar uma grande variedade de
passarinhos, antes quase extintos, cantando aos bandos por cima das juremas. Proprietários
de terras de mil tarefas, quinhentas, duzentas, perderam a mão de obra da
família e dos arredores. Atraídos pelos encantos das cidades, a nova geração
vai morar nos aglomerados, para trabalhar por salário e estudar com a
facilidade ofertada pelo governo. Antes a família rural enchia-se de filhos
para ajudar na lavoura, mas, mesmo quem ainda continua assim, vão vendo os
filhos partindo para a cidade. Os velhos vão ficando sozinhos sem a força
filial e não conseguem dá conta da fazenda. A produção se reduz a quase zero e
as capoeiras tomam conta do que antes era roçado de milho, feijão, algodão... A
vizinhança não ajuda porque está na mesma situação. Sem poder contar mais com
os pobres que agora não querem mais trabalhar alugado por causa das tantas
bolsas que recebem, está aí o campo com a palma dentro do mato e os passarinhos
se reproduzindo.
Aqui no Médio Sertão de Santana
do Ipanema, Alagoas, percorrendo vimos o óbvio. As serras do município como
Poço, Gugi, Camonga e outras que abasteciam a cidade de frutas, já não fazem
isso. Ficaram famosas na região pela variedade e qualidade dos seus produtos,
mas não renovaram suas matrizes. A juventude deixou o clima serrano pelo
trabalho citadino, pela escola e outras atrações irresistíveis aos moradores da
roça. Faz pena passar os olhos sobre o desmatamento improdutivo também das
serranias. Os alimentos vão chegando de municípios cada vez mais distantes, de
outros estados, como refugos e preços exorbitantes. Desconhecemos qualquer
preocupação para reverter o quadro em que vamos assistindo.
“É
caminhar para
frente”, como se diz por aqui, mas não enxergamos ainda alguma luz do outro
lado. Agora, que alguma coisa tem que ser feita tem. Será que é caso para se
deixar de lado alegando que o governo sabe o que faz? Da nossa parte, cabe apontar
o que vem acontecendo em nossas plagas. Vamos apenas espalhando solidariedade
ao nosso VELHO SERTÃO DE GUERRA.
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