OS OLHOS
DOS GOVERNOS
Clerisvaldo B.
Chagas, 19 de julho de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.696
Plantação de eucalipto. Foto: (Agência Alagoas). |
Não existe história de Alagoas sem a
cana-de-açúcar que caracterizou os primeiros movimentos agrícolas no estado. E
com os engenhos iniciais e a expansão da lavoura canavieira, misturam-se as
narrativas escravagistas, nódoa não retirável dos nossos acervos.
Modernizando-se o engenho, usina toma conta como nova denominação no fabrico do
açúcar. Passa o senhor-de-engenho a chamar-se usineiro, mas permanecem as
extensas propriedades produtoras de cana deixando Alagoas como produtor
destaque. Todavia, é sabido que a monocultura não é coisa de muita garantia,
uma vez que sempre houve altos e baixos na balança mundial quebrando seus
produtores. Os exemplos estão aí por todas as partes com o café, o açúcar e a
borracha no Brasil.
A choradeira no campo dos canaviais não é
de hoje chegando até a provocar a titulada Guerra dos Mascates.
Visando a diversificação da cultura
canavieira, vamos apreciando e apontando novas paisagens nos tabuleiros com o
plantio do eucalipto que a exemplo da própria cana-de-açúcar, vai aos poucos se
expandindo em outro cenário.
Registramos inúmeras pessoas à margem da
pista colhendo feijão-de-corda de enorme área que antes pertencia à cana. Esse
feijão aparece sendo vendido no comércio de Maceió, onde muitas vargens são
debulhadas na hora da venda.
Pelo que estamos entendendo, porém, a
grande aposta para o futuro agrícola dos tabuleiros, além do eucalipto, é a
produção de milho e soja. E até existe um modo de pensar que se toda a produção
de cana fosse substituída por feijão comum e milho, talvez os preços estivessem
sempre ao alcance da pobreza pelo volume produzido anualmente. Mas logo outro
raciocínio se contrapõe. Sendo o maior abastecedor de alimentos do mundo, todos
esses grãos iriam ser exportados e nós permaneceríamos como antes.
Seja como for, enquanto são investidos
milhões pelo governo e particulares na produção de milho e soja na Zona da
Mata, continuamos sem o algodão que erguia o sertanejo nos antigos meses de
setembro.
Fecharam todas as algodoeiras e nos
deixaram apenas às terras exauridas que não produzem mais nada. Nem mandacaru.
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