O SURURU DE ALAGOAS
Clerisvaldo
B. Chagas, 27 de setembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.746
SURURU. Foto: (diariodopoder). |
Apesar de
o sururu ser apontado como coisa de pobre, ele está presente em todas às mesas
do estado, inclusive nos restaurantes mais grã-finos. É capturado nas lagoas e
mais de trezentas famílias vivem da sua cadeia produtiva na sequência:
capturar, lavar, peneirar, “despinicar” e vender. Como curiosidade, a palavra
regional despinicar, ficou fora do dicionário, mas significa limpar, retirar os
excessos com os dedos. Quando as águas temperadas das lagoas ficam muito doces,
o molusco desaparece. Foi o que aconteceu agora com os rios despejando nas
lagunas neste inverno prolongado. Temporariamente ficamos sem as vendedoras
típicas de sururu gritando o produto pelas ruas da cidade.
Vários
pratos são feitos com o molusco como o inigualável “caldinho de sururu” e a
“moqueca de sururu”, além do pirão de “sururu-de-capote” e sanduiches. Mas
devido à poluição de esgotos domésticos e industriais e o manejo sem higiene,
doenças graves ameaçam também seus consumidores. Falta a presença constante do
estado em toda a sua cadeia produtiva num trabalho contínuo e ininterrupto em
favor da saúde do alagoano. As pessoas que vivem diretamente do sururu,
geralmente moram no entorno das lagunas e, na falta do molusco, tentam a pesca
comum, o que nem sempre dá bons resultados.
Vamos
aguardar à volta do bicho.
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