DESCENDO O VALE
Clerisvaldo
B. Chagas, 13 de dezembro de 2019
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
Crônica: 2.229
RIO IPANEMA (FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO). |
Há algum tempo
resolvemos fazer uma vistoria em trechos do rio Ipanema velho de guerra. Junto
aos companheiros Manoel Messias, Marcello Fausto, Sérgio Campos e Ferreirinha,
descemos a partir do lugar Barragem e fomos contemplando as duas faces do rio. Leito
seco, na época. Justamente, iniciamos pelos lugares mais poluídos onde alguns
animais selvagens teimam pela sobrevivência. E a admirável vegetação que
prolifera no leito era a mesma que sempre ofereceu soluções para a saúde
popular. E esses próprios vegetais que curam estavam sufocados pelo lixo sem
controle dos inconscientes periféricos. Banhados encontravam-se com material
aquático fruto da poluição intensa onde garças pantaneiras procuravam
alimentação.
Visitamos nesse
trecho o poço das Mulheres, o poço do Juá e o poço dos Homens. Encerramos essa
fase na passagem molhada do Minuíno até a chamada Ponte dos Canos, cuja adutora
transpõe o rio embutida por concreto. Estivemos galgando a antiga Pedra do Sapo
que marcava a largura das cheias. De um oratório erguido no topo, restavam
apenas os degraus de acesso, feitos com cimento. Continuamos, então, pelo
segundo trecho, margeando o rio, por veredas de poeira, muita vegetação e
limites de arame farpado. Mulungu, Unha-de-gato, Mamona, Mussabê, Urtiga e
Mororó faziam parte da flora medicinal das ribanceiras. Fomos sair além do
longo poço do Escondidinho, coberto totalmente de plantas aquáticas.
Atravessamos o rio em outro poço adiante e voltamos pela margem oposta passando
e examinando a foz do riacho do Bode.
Época de muitas
flores no campo formando belo colorido no pano de fundo verde. Mas as ruínas da
Igreja de São João, construída em 1917, causaram comoção na equipe aventureira.
O poeta, compositor, cantor e pescador Ferreirinha, saía mostrando e explicando
certos vegetais: fio-de-ouro, catingueira, urtiga, mororó... Exaltando seus
poderes nas curas de certos incômodos. Fomos sair na casa de Dona Joaninha,
mulher guerreira engajada conosco na luta pela proteção ambiental.
Outra incursão igual
aquela... Estou a duvidar.
Ferreirinha já partiu,
mas a sua foto pescando no lugar “Cachoeiras” (rio Ipanema) já faz parte do
nosso livro “Repensando a Geografia de Alagoas”, inédito.
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