quarta-feira, 15 de setembro de 2021

 SABUGO, BURRO E JUMENTO

SABUGO, BURRO E JUMENTO

Clerisvaldo B. Chagas, 15/16 de setembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.587





 

No povoado de Olho d’Água das Flores, Pedrão, quando menino, entrei no vapor de meu tio, vapor esse queimado por Lampião, mas só tomei conhecimento dessa façanha já na idade adulta. Prédio em preto repleto de sabugos, vivia fechado como se a família não quisesse lembrar ao mundo a angústia daquele episódio. Mas para que serve o sabugo do milho ao ser despido das sementes? Na minha terra os botadores d’água quando perdiam as tampas originais de madeira das ancoretas, usavam largamente pedaços de sabugos enrolados em tiras de pano velho para os dois orifícios, o da água e o do pequenino do suspiro. Recentemente parece-me que agricultores o pulverizam para complementar rações para os animais da fazenda, se não estou enganado.

Mas, entre os quadrúpedes do Sertão, burro é burro, jumento é jumento. Este adaptou-se muito bem ao transporte da água com ancoretas e tampas de sabugo. O burro não exercia essa função. Certa feita vimos um burro carregando ancoretas, mas foi uma raridade. Estes são adaptados ao transporte de mercadorias nas serras da região, únicos animais que aguentam o tranco. Outros abrem os peitos, numa doença popularmente denominada de “escancha”. Quando vimos um animal fazendo o papel de outro, é motivo de curiosidade, em nosso meio. Falando só no masculino: cavalo, burro e jegue fazem papéis diferentes, embora possa acontecer de um fazer o papel de outro.

Também o mesmo animal, macho ou fêmea, possui funções desiguais. Como exemplo, no Sertão burro não puxa carroça, mas a burra faz isso muito bem. Existem também as superstições de alguns cavaleiros que jamais montam em animal de sela, fêmea. Outros dão preferência à burra. Nas corridas de cavalos, não são poucos os que não querem competir com as éguas, pois alegam que o cavalo não anda na frente de besta.

Estes são alguns segredos da simplicidade sertaneja onde gato só caça se não tiver o cão. Você sabia que dizem que D. Pedro proclamou a independência do Brasil montado num burro e não num cavalo?

Cavalo é bonito, mas não dá a hora igual a jumento.
(FOTO: B. CHAGAS)

 

as, 15/16 de setembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.587

 

No povoado de Olho d’Água das Flores, Pedrão, quando menino, entrei no vapor de meu tio, vapor esse queimado por Lampião, mas só tomei conhecimento dessa façanha já na idade adulta. Prédio em preto repleto de sabugos, vivia fechado como se a família não quisesse lembrar ao mundo a angústia daquele episódio. Mas para que serve o sabugo do milho ao ser despido das sementes? Na minha terra os botadores d’água quando perdiam as tampas originais de madeira das ancoretas, usavam largamente pedaços de sabugos enrolados em tiras de pano velho para os dois orifícios, o da água e o do pequenino do suspiro. Recentemente parece-me que agricultores o pulverizam para complementar rações para os animais da fazenda, se não estou enganado.

Mas, entre os quadrúpedes do Sertão, burro é burro, jumento é jumento. Este adaptou-se muito bem ao transporte da água com ancoretas e tampas de sabugo. O burro não exercia essa função. Certa feita vimos um burro carregando ancoretas, mas foi uma raridade. Estes são adaptados ao transporte de mercadorias nas serras da região, únicos animais que aguentam o tranco. Outros abrem os peitos, numa doença popularmente denominada de “escancha”. Quando vimos um animal fazendo o papel de outro, é motivo de curiosidade, em nosso meio. Falando só no masculino: cavalo, burro e jegue fazem papéis diferentes, embora possa acontecer de um fazer o papel de outro.

Também o mesmo animal, macho ou fêmea, possui funções desiguais. Como exemplo, no Sertão burro não puxa carroça, mas a burra faz isso muito bem. Existem também as superstições de alguns cavaleiros que jamais montam em animal de sela, fêmea. Outros dão preferência à burra. Nas corridas de cavalos, não são poucos os que não querem competir com as éguas, pois alegam que o cavalo não anda na frente de besta.

Estes são alguns segredos da simplicidade sertaneja onde gato só caça se não tiver o cão. Você sabia que dizem que D. Pedro proclamou a independência do Brasil montado num burro e não num cavalo?

Cavalo é bonito, mas não dá a hora igual a jumento.

 


SABUGO, BURRO E JSABUGO, BURRO E JUMENTO

Clerisvaldo B. Chagas, 15/16 de setembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.587

 

No povoado de Olho d’Água das Flores, Pedrão, quando menino, entrei no vapor de meu tio, vapor esse queimado por Lampião, mas só tomei conhecimento dessa façanha já na idade adulta. Prédio em preto repleto de sabugos, vivia fechado como se a família não quisesse lembrar ao mundo a angústia daquele episódio. Mas para que serve o sabugo do milho ao ser despido das sementes? Na minha terra os botadores d’água quando perdiam as tampas originais de madeira das ancoretas, usavam largamente pedaços de sabugos enrolados em tiras de pano velho para os dois orifícios, o da água e o do pequenino do suspiro. Recentemente parece-me que agricultores o pulverizam para complementar rações para os animais da fazenda, se não estou enganado.

Mas, entre os quadrúpedes do Sertão, burro é burro, jumento é jumento. Este adaptou-se muito bem ao transporte da água com ancoretas e tampas de sabugo. O burro não exercia essa função. Certa feita vimos um burro carregando ancoretas, mas foi uma raridade. Estes são adaptados ao transporte de mercadorias nas serras da região, únicos animais que aguentam o tranco. Outros abrem os peitos, numa doença popularmente denominada de “escancha”. Quando vimos um animal fazendo o papel de outro, é motivo de curiosidade, em nosso meio. Falando só no masculino: cavalo, burro e jegue fazem papéis diferentes, embora possa acontecer de um fazer o papel de outro.

Também o mesmo animal, macho ou fêmea, possui funções desiguais. Como exemplo, no Sertão burro não puxa carroça, mas a burra faz isso muito bem. Existem também as superstições de alguns cavaleiros que jamais montam em animal de sela, fêmea. Outros dão preferência à burra. Nas corridas de cavalos, não são poucos os que não querem competir com as éguas, pois alegam que o cavalo não anda na frente de besta.

Estes são alguns segredos da simplicidade sertaneja onde gato só caça se não tiver o cão. Você sabia que dizem que D. Pedro proclamou a independência do Brasil montado num burro e não num cavalo?

Cavalo é bonito, mas não dá a hora igual a jumento.
(FOTO: B. CHAGAS)

 

as, 15/16 de setembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.587

 

No povoado de Olho d’Água das Flores, Pedrão, quando menino, entrei no vapor de meu tio, vapor esse queimado por Lampião, mas só tomei conhecimento dessa façanha já na idade adulta. Prédio em preto repleto de sabugos, vivia fechado como se a família não quisesse lembrar ao mundo a angústia daquele episódio. Mas para que serve o sabugo do milho ao ser despido das sementes? Na minha terra os botadores d’água quando perdiam as tampas originais de madeira das ancoretas, usavam largamente pedaços de sabugos enrolados em tiras de pano velho para os dois orifícios, o da água e o do pequenino do suspiro. Recentemente parece-me que agricultores o pulverizam para complementar rações para os animais da fazenda, se não estou enganado.

Mas, entre os quadrúpedes do Sertão, burro é burro, jumento é jumento. Este adaptou-se muito bem ao transporte da água com ancoretas e tampas de sabugo. O burro não exercia essa função. Certa feita vimos um burro carregando ancoretas, mas foi uma raridade. Estes são adaptados ao transporte de mercadorias nas serras da região, únicos animais que aguentam o tranco. Outros abrem os peitos, numa doença popularmente denominada de “escancha”. Quando vimos um animal fazendo o papel de outro, é motivo de curiosidade, em nosso meio. Falando só no masculino: cavalo, burro e jegue fazem papéis diferentes, embora possa acontecer de um fazer o papel de outro.

Também o mesmo animal, macho ou fêmea, possui funções desiguais. Como exemplo, no Sertão burro não puxa carroça, mas a burra faz isso muito bem. Existem também as superstições de alguns cavaleiros que jamais montam em animal de sela, fêmea. Outros dão preferência à burra. Nas corridas de cavalos, não são poucos os que não querem competir com as éguas, pois alegam que o cavalo não anda na frente de besta.

Estes são alguns segredos da simplicidade sertaneja onde gato só caça se não tiver o cão. Você sabia que dizem que D. Pedro proclamou a independência do Brasil montado num burro e não num cavalo?

Cavalo é bonito, mas não dá a hora igual a jumento.

 


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