quinta-feira, 15 de setembro de 2022

 

GLU-GLU-GLU

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de setembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.768

 


Não amigo (a), você não estar vendo nenhum título estranho nesse trabalho. É mesmo o som emitido pelo peru nos terreiros das nossas fazendas sertanejas e nordestinas. Embora vá ficando cada vez mais raro, aqui, acolá, encontramos terreiro rural como antigamente, repleto de galinhas, galo, peru, patos, gansos, capãos, pintos, frangos e pavão. A raridade acontece por conta da mudança de hábitos com o tempo. Ninguém quer mais ter trabalho com o criatório, mas comprar tudo pronto no comércio fornecido pela indústria. Milho desolhado, xerém, castanha, ovo de granja, café em pó e assim por diante. Corríamos atrás dos perus somente para vê-los fazer glu-glu-glu ou quedávamos na admiração da sua roda exibidora de penas e marcha miúda.

O peru é descendente do peru selvagem da américa do Norte, gênero Meleagris gallopavo, pode viver na fazenda até dez anos e pesar em torno de 12 quilos. Encontramos o peru preto e o marrom nos terreiros e vamos descobrir o branco nas granjas especializadas. O peru é encrenqueiro, arenga sempre com o galo e com o pavão e tal os gansos, costuma alarmar com a presença de estranhos. Era sempre reservado para a alimentação das grandes festas das fazendas: batizado, casamento e noivado e como reserva para a grande festa de Natal. Apesar de tudo, nem todas as pessoas apreciam a carne de peru e nem os ovos da perua que não é como a galinha que põe todos os dias. Carne e ovos deliciosos!  Naturalmente estamos falando dos produtos da fazenda e não da industrialização.

O peru já foi bastante valorizado, tanto pelo sabor quase exótico quanto pelo volume de carne encontrado na sua carcaça. Vendidos nos povoados e vilas o “peru sevado” eram servidos aos padres que antes andavam pelos sítios rurais casando, batizando, pregando, principalmente em vilas, fazendas e povoados. Sentar ao lado do padre, além de muito prestígio, ainda era a sorte grande para comer peru, capão e galinha gorda especialmente enchiqueiradas.

A beleza da ave depende dos olhos de quem a vê, pode ser bela ou feia, mas não se pode comparar com o pavão, embora seja bem caprichoso no eriçar das penas. Mas se o amigo (a) não gosta da ave encrenqueira, a casa aceita.

Por hoje, chega de tanto glu-glu-glu.

PERU MARROM (FOTO: WIKIPÉDIA).

 


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