segunda-feira, 26 de agosto de 2024

 

FOLCLORE DO SERTÃO/CHAPÉU

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de agosto de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.093

 



Sobre os chapéus do sertão falados sexta, ouvíamos todos os comentários. Quem usasse chapéu de couro sem ser vaqueiro ou carreiro, era chamado de corno. Quem usava chapéu de palha era chamado de miserável. No princípio, ninguém falava nada dos chapéus de panamá ou palhinha, e o de baeta ou de massa. Do boné se falava: “Homem de boné, ou é corno ou chufé.

Quando foi formado o batalhão para combater os cangaceiros no sertão, o comandante seria o major Lucena. E quando o batalhão foi deslocado para Santana do Ipanema, o comandante dissera já em Palmeira dos Índios: Encontrou ‘cabra” com chapéu de couro, é para meter o cacete”. Foi quando um dos soldados disse: “Não é assim, major, no Sertão muita gente usa chapéu de couro e é gente direita”.

Dois emboladores na feira de Santana:

 

Cabra do chapéu de couro

Quem não pode com besouro

Não assanha mangangá

 

O adversário responde:

 

Cabra do chapéu de paia

Como vai tua canaia

Já deixasse de roubar?

 

No final dos anos 60, surgiu na praça um chapéu de massa de abas curtas, barato, e trazia uma peninha colorida na carneira. Vendi tanto chapéu desse tipo como se fossem para o mundo inteiro. Entretanto, as pessoas mangavam demais dos matutos compradores, por causa da peninha. Riam de cair de costa com a mangação como a insinuar que aquilo era coisa para “frango”. Entretanto o chapéu de massa, abas curtas com uma peninha colorida foi um grande sucesso no sertão inteiro. A matutada pegou uma amizade ferrenha com o tal chapéu de “frango”. Foi aí que o chapéu de massa pegou popularidade. Esta única vez.

Os cangaceiros usavam chapéus de couro, as cangaceiras, chapéus de massa.

 


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