FOLCLORE
DO SERTÃO/CHAPÉU
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de agosto de 2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.093
Sobre os chapéus do sertão
falados sexta, ouvíamos todos os comentários. Quem usasse chapéu de couro sem ser vaqueiro ou carreiro,
era chamado de corno. Quem usava chapéu de palha
era chamado de miserável. No princípio, ninguém falava nada dos chapéus de panamá
ou palhinha, e o de baeta ou de massa. Do boné se falava: “Homem de boné, ou é
corno ou chufé.
Quando foi formado o batalhão
para combater os cangaceiros no sertão, o comandante seria o major Lucena. E
quando o batalhão foi deslocado para Santana do Ipanema, o comandante dissera
já em Palmeira dos Índios: Encontrou ‘cabra” com chapéu de couro, é para meter
o cacete”. Foi quando um dos soldados disse: “Não é assim, major, no Sertão
muita gente usa chapéu de couro e é gente direita”.
Dois emboladores na feira de
Santana:
Cabra do chapéu de couro
Quem não pode com besouro
Não assanha mangangá
O adversário responde:
Cabra do chapéu de paia
Como vai tua canaia
Já deixasse de roubar?
No final dos anos 60, surgiu
na praça um chapéu de massa de abas curtas, barato, e trazia uma peninha
colorida na carneira. Vendi tanto chapéu desse tipo como se fossem para o mundo
inteiro. Entretanto, as pessoas mangavam demais dos matutos compradores, por
causa da peninha. Riam de cair de costa com a mangação como a insinuar que
aquilo era coisa para “frango”. Entretanto o chapéu de massa, abas curtas com
uma peninha colorida foi um grande sucesso no sertão inteiro. A matutada pegou
uma amizade ferrenha com o tal chapéu de “frango”. Foi aí que o chapéu de massa
pegou popularidade. Esta única vez.
Os cangaceiros usavam chapéus
de couro, as cangaceiras, chapéus de massa.
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