domingo, 31 de janeiro de 2010

TEMPOS DE EXCURSÕES

TEMPOS DE EXCURSÕES

(Clerisvaldo B. Chagas. 1.2.2010)
Para o “Primo Véi” e todos os da 8º Série que estavam nesse episódio

Corria a época de bailes e excursões no Ginásio Santana. Nas formaturas de 8ª série apresentavam-se as escolhas, ou baile no Tênis Clube Santanense ou excursão em outros estados. Em 1966, trabalhamos duro para a segunda idéia. Promoções, rifas, contribuições, nos deixaram com um bom dinheiro em caixa. Ganhamos o transporte e a hospedagem. A verba ficou apenas para as despesas comuns. Era uma turma enorme. Escolhida Fortaleza como destino, iríamos pelo litoral e retornaríamos pelo interior. Ante do amanhecer, estávamos no ônibus novo vindo de Maceió e, as colegas cantavam o sucesso do momento: Madrugada vem chegando, ô/ o sereno vem caindo/ cai, cai sereno, devagar/ meu amor está dormindo...
Fomos pernoitar no Recife após grande animação de viagem. No dia seguinte acampamos em João Pessoa, aliviando a algazarra e o enfado nas areias da praia de Tambaú. Estávamos perto do ponto extremo leste do Brasil. Foi uma delícia! Nem dava mais vontade de sair. Continuamos viagem e fomos dormir em Natal, estranhando o costume das redes em todos os hotéis. Antes de chegarmos ao destino, passamos uma noite na beira da estrada de areia branca. Houve serenata sobre um lajeiro numa bela noite de luar. Depois cada um se acomodou como pode e, nas primeiras horas do dia entrávamos em Fortaleza, nosso destino. Ficamos hospedados à Avenida Senador Pompeu em um hotel pertencente à família alagoana. Conhecemos todos os pontos turísticos, inclusive a praia de Iracema e o mercado que muito me impressionou pela higiene. Após cerca de dois dias e meio, iniciamos o retorno pelo interior. Depois de Mossoró, rumo a Juazeiro do Norte, enfrentamos uma longa travessia monótona de garranchos e pedregulhos. Após esse trecho sem graça, finalmente despontamos nas serranias do vale do Cariri. Bela paisagem vista do alto no dramático torrão do padre Cícero. Excursão bem comportada sob o comando do professor Antonio Dias, não dava trabalho em lugar algum. Assim visitamos o horto, as igrejas, museus, mercado e comércio da “Meca nordestina”.
A volta a Santana do Ipanema, foi cheia de comentários de causar inveja em outros estudantes. Ainda sobrou dinheiro na caixa e gastamos coletivamente. Dessa 8ª série, acho que entre 49 e 51 alunos, lembro de todos. (Foto no livro ainda não publicado: “O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema). Dos investimentos de pais e Ginásio, saíram da 8ª de 1966, os mais diversos profissionais que estão servindo à sociedade. Professores, engenheiros, políticos, contadores, empresários, escritores, bancários e mais de uma dezena de outras profissões (político entra como profissão, humm!).
Como juntar agora todo esse pessoal para um dia inteiro de recordação? Tenho comigo que esse hábito saudável não permanece mais. Pelo menos fica registrado para essa juventude como fazíamos nos TEMPOS DAS EXCURSÕES.



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