domingo, 5 de junho de 2011

MULHER BELA E VAQUEJADA

MULHER BELA E VAQUEJADA
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de junho de 2011.

Um boi brabo que rompe os matagais
Bem distante às léguas das restingas
Senhor absoluto das caatingas
Rompedor de madeira e espinhais
Um cavalo nos quentes carrascais
Repentistas no solo genuíno
No cabelo perfume doce e fino
Da gostosa na cama madrugada
Mulher bela repente e vaquejada
Correm dentro do sangue nordestino

No trançado maldoso da favela
Ou nas unhas de gato nos gibões
O vaqueiro se eleva nos sertões
Sem tirar do juízo o nome dela
Pela tarde o encontro na cancela
Sob o Sol escaldante peregrino
Um vestido delgado e opalino
Transparente na moça apaixonada
Mulher bela repente e vaquejada
Correm dentro do sangue nordestino

No Sertão vale ouro a brincadeira
Um café um cigarro um tempo quente
Um cavalo um aboio uma aguardente
O momento infeliz da “saideira”
A viola que age mensageira
Uma noite a amante o desatino
Lábios doces de mel e de quinino
Que transformam o sujeito em quase nada
Mulher bela repente e vaquejada
Correm dentro do sangue nordestino

Um circuito, cavalos e chapéus
Garrotes carreiras campeões
Locutores cervejas repuxões
Vaqueirama repentes e troféus
Se é noite estrelas sob os céus
E a ronda de vulto feminino
Igualmente a Maria e Virgulino
Sai gemido na noite enluarada
Mulher bela repente e vaquejada
Correm dentro do sangue nordestino.

                                             FIM


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