OS QUATRO POÇOS
DO IPANEMA
Clerisvaldo B.
Chagas, 10 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.321
POÇO DO JUÁ NA PARTE SUPERIOR DA FOTO (B. CHAGAS). |
Sendo um rio temporário ou intermitente, o Ipanema, a
exemplo de tantos outros rios e riachos sertanejos, permanece seco em grande
parte do ano, voltando a escorrer com as
águas das chuvas nas suas nascentes e ao longo da sua extensão, tanto no
inverno quanto nas trovoadas. Quando na época seca, o rio para a corrente e vai
formando poços em lugares mais escavados geralmente margeado por rochas de
tamanhos diversos. São esses poços que abastecem residências, animais
domésticos e selvagens. Mas existem longos trechos onde não se encontra um só
poço, somente a areia grossa predomina na paisagem. Em Santana do Ipanema o rio
forma quatro poços que o tempo a partir da era 60 com advento da água encanada
do São Francisco, deixou-os abandonados. Pela ordem, a jusante: poço das Mulheres,
poço do Juá, poço dos Homens e poço Escondidinho.
O primeiro, o mais desconhecido geral, entre rochas
situa-se por trás da Rua Delmiro Gouveia, mais perto da margem direita do rio.
Foi apontado pelo saudoso Sr. Benedito Pacífico. Era lugar onde o homem não
frequentava. As mulheres se sentiam mais amparadas pelas rochas lisas do
entorno.
O poço do Juá. Formado em pleno comércio onde o rio
mostra maior largura, devido as águas fortes do riacho Camoxinga, serviu muito
aos canoeiros quando o rio não tinha ponte. As canoas atuavam no rio Ipanema
apenas no poço do Juá, transportando para ambas as margens, mercadorias e
gente. Formado por parte estreita e pedregosa e o largo arenoso, os canoeiros
posicionavam-se perto do estreito para enfrentar a largura. Tinham pouco espaço
para o êxito da travessia sem se espatifarem nas pedras do vizinho poço dos
Homens, logo abaixo. A travessia em canoas teve fim quando foi construída a
ponte General Batista Tubino, sobre o Ipanema, em 1969.Mas também o lugar era
frequentado por inúmeros banhistas. Quando seco, servia para jogo de bola nas
areias sem vegetação. Ali dá-se o encontro do riacho Camoxinga, pela margem
esquerda e o riacho Salgadinho, pela margem direita, com o rio Ipanema.
Poço dos Homens. Poço preferido, assassino e
frequentado por todos os homens da minha terra que procuravam banho no rio.
Ficou imortalizado no livro “Ipanema um Rio Macho”, da nossa autoria. Uma
página gloriosa da história de Santana.
Finalmente, o poço do Escondidinho, por trás do
casario do subúrbio Bebedouro/Maniçoba. Mais frequentado por pescadores.
Bonito, comprido, cercado de pedras e vegetação.
Muito ainda se tem a dizer sobre essas maravilhas da
Natureza.
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