O APERTO DA VIOLÊNCIA Clerisvaldo B. Chagas. 15.2.2010) Com a expansão da cidade e a falhas sociais, Santana do Ipanema, a mais florescent...

O APERTO DA VIOLÊNCIA

O APERTO DA VIOLÊNCIA

Clerisvaldo B. Chagas. 15.2.2010)
Com a expansão da cidade e a falhas sociais, Santana do Ipanema, a mais florescente cidade do interior, após Arapiraca, vai imitando a capital. O movimento desordenado de gente, automóveis, camionetas e motos, das segundas aos sábados, impressionam bastante. Durante o turno vespertino tudo parece quieto na “Rainha do Sertão”. Entretanto, pelas manhãs dos seis dias citados, o movimento nas ruas principais vira um caos muito difícil de dirigir. Todas as repartições públicas e outras prestadoras de serviços estão lotadas. INSS, bancos, correios, casa lotérica, DETRAN... Em alguns lugares a maçada no atendimento leva entre duas e três horas. As pessoas se irritam com razão, principalmente as que moram na área rural. Estas são obrigadas, muitas vezes, a resolver um problema simples, dando várias viagens. É que os transportes que chegam dos sítios, povoados, cidades circunvizinhas e até mesmo de lugares mais distantes como Piranhas, Canapi, Mata Grande, Pão de Açúcar, tem hora certa de retorno. Santana fica abarrotada de camionetas transportadoras específicas de estudantes e das que transportam passageiros comuns. E se a cidade não se expande mais ainda, é por causa dos donos de terrenos que circundam o núcleo que nem vendem e nem loteiam. Mesmo assim, com ares de capital em todas as manhãs, Santana também não escapa a onda de violência.
Igual a Maceió, um centro de elite mesclado com a classe média, o núcleo urbano estar cercado de pontos carentes como a Lagoa do Junco, Rua das Pedrinhas, Conjunto Marinho, Lajeiro Grande, Rua da Praia... Para se transitar pela Rua das Pedrinhas tinha-se que pagar pedágio. No Bairro Floresta, ninguém podia subir à Rua Abdias Teodósio - após a Escola Lions - à noite. No complexo educacional que envolve escolas como Prof. Mileno Ferreira, São Cristóvão, Aloísio Ernande Brandão e o Ginásio de Esportes Cônego Luiz Cirilo, as quadrilhas agem em grupo de até quinze elementos, tomando celulares, depredando ou ainda cobrando pedágio. Sempre se ouve falar nos perigosos dos lugares citados. Vez em quando sai à notícia de que “apagaram mais um” ou aqui ou acolá. Antes, até que o povo se benzia. Hoje nem se benze mais. Diz apenas que foi um bandido a menos e pronto. “Melhor ele de que um pai de família”. E a ineficácia da segurança vai sendo fortalecida pela indiferença de uma população cansada de notícias ruins. Chama atenção também à faixa etária que, vista por um trabalhador da periferia: “muitos desses meus vizinhos não vão chegar aos vinte anos”.
Apesar de ser a cidade da paz, Santana não tem como fugir à sina brasileira da marginalidade precoce e das drogas sem fronteiras. Quem pula o carnaval (muitos já desistiram) tem que estar voltado para a alegria, sabendo que o álcool não é amigo da concórdia. Todos tem o direito de brincar, mas se não tiver cuidado o bicho pega. É preciso extravasar. Se a razão predomina, pelo menos se esquece um pouco o APERTO DA VIOLÊNCIA.







O IRÃ PEGA FOGO (Clerisvaldo B. Chagas. 12.2.2010) Sempre nos chamou a atenção, no Curso Ginasial, o fato de o Brasil pouco apoiar os seus ...

O IRÃ PEGA FOGO

O IRÃ PEGA FOGO
(Clerisvaldo B. Chagas. 12.2.2010)
Sempre nos chamou a atenção, no Curso Ginasial, o fato de o Brasil pouco apoiar os seus cientistas. Aplicar em tecnologia foi em nosso país algo de esquisito, assim como os valores para a Educação. No primeiro caso, falta de apoio, no segundo, uma fonte inesgotável de abastecimento para bolsos políticos. Enquanto países como o Japão, a Coréia do Sul e os nórdicos da Europa aplicavam maciçamente na escola, a Educação brasileira andava capengando, com os professores fazendo parte de uma sub-raça, desvalorizados e incomodados com o desprezo do governo e da sociedade. As verbas da educação foram sempre a grande fonte que enriqueceu a muitos. Na área tecnológica, os novos jovens cientistas, sem nenhum tipo de apoio no Brasil, foram obrigados a migrar para países da Europa e dos Estados Unidos que ofereciam vantagens para os cérebros mundiais. E assim fomos perdendo uma juventude promissora capaz de criar em diversas áreas do conhecimento humano. Só recentemente a Educação tomou novo rumo no País, porém, ainda tem longo caminho a percorrer. Alguns centros tecnológicos já começaram a aparecer para o Brasil e parte do mundo, inclusive em algumas universidades. Fomos nós, os brasileiros, que inventamos o balão, a máquina de escrever e o avião. Viesse de longe o apoio necessário, seríamos hoje um dos primeiros do mundo em tecnologia.
Surpreende a nós, um país como o Irã, apertado por todos os lados, mas lançando foguetes lá na Ásia Seca. Muito feliz o presidente Ahmadinejad quando fala na capacidade tecnológica do Irã, através da sua juventude estudiosa que inventa, assim como os árabes foram inventores no passado. Situado na Ásia, na particularidade denominada Oriente Médio, o Irã é banhado pelo mar Cáspio e o Oceano Índico. Sua capital é Teerã. O país carrega grande fatia da história universal com Ciro II, o Grande; Cambises II; Dario I; Xerxes I e outros nomes importantes que escreveram as páginas da história. Quem não estudou nos tempos ginasianos a batalha naval de Salamina? Durante a Segunda Grande Guerra, o Brasil teve que produzir muitas coisas que antes importava da Europa e que esse continente já não podia fornecer. Assim a Guerra de 45, foi um estímulo à indústria e à pesquisa brasileiras. Crescemos muito graças ao conflito que abalou o mundo. Assim está fazendo o Irã, praticamente isolado pelas nações mais adiantadas. Vai incentivando o seu próprio desenvolvimento com a juventude pensante estimulada. A infelicidade, entretanto, também aparece nas palavras do mesmo Ahmadinejad, quando nega o holocausto e diz que quer varrer Israel do mapa. Desse jeito, seria um doido a mais no mundo. Quem é que pode confiar que o homem estar trabalhando apenas para uma fonte de energia progressista? Os arsenais de outras nações com bombas nucleares continuam cheios. Não precisamos mais de bombas. Agora, como todo regime fechado, o dique também rompeu no Irã. Um regime não pode se fechar por tanto tempo num mundo cheio de recursos. Ninguém pode esconder mais a seu povo o que se passa no resto do planeta. E ninguém mais pode também segurar a juventude e os intelectuais em busca de mudanças naquele país. Aguardemos. O IRÃ PEGA FOGO.

PEÇAS DE MUSEU (Clerisvaldo B. Chagas. 11.2.2010) Alcançamos o museu de Santana do Ipanema, funcionando à Avenida Nossa Senhora de Fátima...

PEÇAS DE MUSEU

PEÇAS DE MUSEU

(Clerisvaldo B. Chagas. 11.2.2010)

Alcançamos o museu de Santana do Ipanema, funcionando à Avenida Nossa Senhora de Fátima. Não temos a certeza se esse foi o seu primeiro endereço. Pertinho do museu atuava o Tribunal do Júri no prédio da Câmara de Vereadores. O prédio da Câmara continua o mesmo, apenas reformado. Antes de se transformar em casa legislativa, nesse prédio funcionou a empresa de força e luz, fundada em 1922, quando Santana passava à cidade. Também não nos recordamos se o museu tinha nome de algum homenageado. O que sabemos é que, apesar de estreito e pequeno para abrigar a história e a arte do Município, havia peças importantes que não podiam ser desviadas sob hipótese alguma. Foi ali que pela primeira vez entramos em um museu. A nossa visita não nos causou nem alegria nem tristeza, porém, logo veio à mente uma interrogação. Estava ali uma das rodas do automóvel de um dos dois maiores empresários brasileiros: Delmiro Cruz Gouveia. O carro de Delmiro foi o primeiro de Alagoas e, nessa época, nem o governador possuía automóvel. (Delmiro é motivo de recordação constante do personagem principal do nosso romance inédito “Fazenda Lajeado”). A interrogação de rapazote era por que não estavam ali as outras rodas? Nesta vimos o aro e o pneu de borracha. Tempos depois retornamos ao museu e só encontramos o pneu retorcido. O aro havia sumido e ninguém dava notícias. Soube depois que haviam levado para Palmeira. Com ordem de quem? O povo, dono do patrimônio, foi consultado? E assim, o museu fundado pelo prefeito Hélio Cabral de Vasconcelos, foi pouco a pouco sendo dilapidado até ficar no “osso”. As pessoas cultas começaram a recusar fazer doações para que suas peças históricas não fossem parar em fontes desconhecidas. O museu de Santana chegou ao ridículo de ser gozado por pessoa inescrupulosa que fazia parte do governo Genival Tenório. Depois, em alguns outros governos municipais, o museu de Santana passou a ser lugar de castigo para funcionários que não rezavam na cartilha de alguns deles. Onde estão as outras peças importantes do museu?
O primeiro arado da região e que fez uma revolta na agricultura, está desprezado e se acabando a céu aberto. Ninguém fala, ninguém grita, ninguém protesta. Nenhuma apuração tivemos notícia sobre desaparecimento e descaso com o museu desde várias gestões sucessivas. Enquanto cidade pertinho de nós, possui três museus, nós vamos capengando com o que restou. Bem assim foram livros e mais livros de autores santanenses ou outras obras de relevo que desapareciam da Biblioteca Pública, também fundada pelo mesmo prefeito do museu. Cidade seu museu, sem biblioteca e sem monumentos, é cidade zumbi de conteúdo zero. De maneira alguma queremos remoer o passado, mas apenas alertar para a importância do patrimônio cultural do povo. É uma parcela mínima da população que compreende, louva e defende abertamente a cultura. Mas que pelo menos fosse respeitado o desejo dessa minoria. Com a indiferença absoluta dos munícipes, todos nós também vamos virando PEÇAS DE MUSEU.