O CASAMENTO DA RAPOSA (Clerisvaldo B. Chagas, 22 de março de 2011) (Ler nota de rodapé)         Nos últimos anos comentamos coisas que vem...

O CASAMENTO DA RAPOSA

O CASAMENTO DA RAPOSA
(Clerisvaldo B. Chagas, 22 de março de 2011)
(Ler nota de rodapé)

        Nos últimos anos comentamos coisas que vem acontecendo na Educação, notadamente na área sertaneja. Os fatores da crise que se abate em nosso ensino, porém, não é somente da zona sertaneja, mas toma conta do país em seus estados e regiões. Quando os professores falam nos problemas com o alunado, logo aparecem pedagogas para culpar o professor, unicamente para mostrar serviço ou bajular quem lhes deu emprego. Citar o velho chavão que “o aluno não quer nada” (irrita a burocracia). Fomos vendo em sala de aula e fazendo às contas na ponta do lápis sobre os 30% de evasão escolar, sob o olhar apático de certas direções. Afora o não querer nada, amontoam-se problemas nas escolas levando o professor em situação de desespero, a apelar para o número altíssimo de licenças médicas, pois o Magistério passou a ser uma fábrica de fazer doidos. Recentemente, em determinado lugar, nenhum aluno quis auxiliar no laboratório de informática das escolas, pois não podia lidar com sites de relacionamentos e coisas parecidas. Por outro lado, governos estaduais e municipais deixam de cumprir as leis maiores em benefício da educação, recusam vencimentos justos e não incentivam em nada. Escolas existem com mais de trezentos alunos onde o diretor é forçado pelas circunstâncias a exercer várias funções na unidade, inclusive de vigia, coordenador, agente de disciplina e porteiro. Continua o magistério, apesar da boa vontade de alguns, sendo o saco de pancada dos dirigentes das três esferas.
       Para reforço das palavras acima, acabamos de ler ampla reportagem em um dos maiores jornais do país. Diz à fonte que os professores recém-concursados da rede estadual do Magistério de São Paulo estão se demitindo na proporção de dois por dia. Isso tudo pela falta de condições nas escolas; pelas salas lotadas (no início) desinteresse dos alunos e baixo salário. Fala a reportagem sobre um professor concursado que depois de enfrentar quatro meses de estágio para poder exercer a função, desistiu no primeiro dia de aula. Disse o professor que apenas uma aluna prestava atenção, o restante da classe estava batendo papo pelo celular. O cidadão logo percebeu que aquilo iria levá-lo à loucura e pediu demissão imediata. Ganhar apenas 1.000 reais por vinte horas seria mais um fator de depressão. Sessenta outros colegas seguiram o mesmo caminho, pois estavam amedrontados e sentiam-se desrespeitados. A média de exoneração a pedido passou a ser a descrita acima.
       Quando os dirigentes falam sobre Educação é um céu. A realidade na grande maioria das escolas, se não chegar a inferno, tira dez em purgatório. As propagandas sucedem-se como Hitler fazia na Alemanha. É preciso um rolo compressor permanente em cima dos dirigentes de estados e municípios. O problema é que tudo termina em chuva fina, dessas que surgem no Sertão quando mostram o arco-íris. Isso quer dizer que ao invés de encontramos alta qualidade nas escolas, o que vemos é O CASAMENTO DA RAPOSA.

Nota: Às 23 horas de ontem, faleceu o ex-comerciante, Manoel Celestino das Chagas (Manezinho Chagas) aos 93 anos de idade. Manoel era marido da professora Helena Braga e pai do autor desta página. O sepultamento está previsto para as 16 horas de hoje (terça). O corpo está sendo velado na OSACRE, Praça Frei Damião, em Santana do Ipanema.

NEGRO E MULHER Clerisvaldo B. Chagas, 21 de março de 2011)               Sobre a visita do senhor Barack Obama ao Brasil, foi tudo dentro d...

NEGRO E MULHER

NEGRO E MULHER
Clerisvaldo B. Chagas, 21 de março de 2011)
      
       Sobre a visita do senhor Barack Obama ao Brasil, foi tudo dentro do previsto por nós na última crônica sobre o assunto, intitulada: “Que Queres Tu”. A única coisa que não previmos e nem podia, foi a de ordenar o ataque à Líbia daqui do palácio brasileiro. Fora os aborrecimentos das exigências de segurança, tudo aconteceu normalmente em Brasília. A recepção popular foi indiferente. Entre as autoridades, os mesmos protocolos. O casal americano tentando ser simpático; a presidenta também. Nos discursos esperados, Dilma foi determinada ao cobrar altivamente igualdade entre as duas nações e um assento permanente no Conselho da ONU. Foi firme na cobrança e habilidosa no modo de cobrar. Para a primeira cobrança, Obama reforçou o pedido da presidenta, até por que ele sabia que estamos vivendo novos tempos e não a era das ordens de Washington. Mas o segundo pedido foi evasivo (como havíamos previsto). Obama sabe que o Brasil precisa muito daquele assento e preferiu fazer charme, sustentar o pedido na mão, para com ele obter muitas concessões do nosso país para poder liberá-lo Todo político é manhoso, em qualquer parte do mundo. Quanto a ordenar o início do ataque à Líbia, destacamos a malícia programada. O Brasil se absteve na votação sobre o uso da força, não foi? Pois bem, ele ordenou o ataque daqui para dizer, primeiro, que ainda era o todo poderoso e impressionar o governo brasileiro. Segundo, para fazer a propaganda dos caças americanos em licitação, mostrando indiretamente sua eficácia na Líbia. É como quem diz: “preste atenção Dilma, como os nossos aviões são os melhores. Compre os nossos caças”. Terceiro, tentou mostrar perante os líbios que a opinião do Brasil ao não uso da força nada valia, pois ordenara o ataque do próprio território brasileiro dentro do palácio com presidenta e tudo.
       No Rio de Janeiro, ainda encontrou alguns vaidosos e curiosos no Teatro. O discurso ali foi bonito, mas nada de extraordinário. Reconheceu o Brasil que o mundo já conhece. As palavras foram muito mais para historiador do que para político. Não impressionou e nem ofendeu. Veio afagar o Brasil interessado em livrar-se do petróleo e das piadas de Chávez. Estar querendo lucros nos negócios da Copa e das Olimpíadas, mais investimentos brasileiros para gerar empregos por lá e aquele resumo que a sabedoria do nosso povo fala: “Não dá prego sem estopa”.
       Vamos aguardar agora as repercussões internas desta semana e as opiniões externas. Depois, prestar atenção nos fatos concretos que poderão acontecer entre os dois países. Por enquanto, os assuntos em evidência são relativos à Líbia e ao Japão. A diplomacia brasileira nos pareceu muito melhor estruturada, mais madura e sabendo o que realmente quer e como quer. Dilma está melhor do que a encomenda. Não se pode mais abaixar à cabeça e nem outras partes mais sensíveis do corpo, nem para americano nem para embaixada alguma. DIGNIDADE é o que todos brasileiros esperam do novo governo. Se não foi apoteótico, também não foi horrível assim, o encontro da nova simbologia no poder: NEGRO E MULHER.



OLHOS DE CORUJA (Clerisvaldo B. Chagas, 18 de março de 2011).        A reforma política é necessária, mesmo sendo feita pelas personalidad...

OLHOS DE CORUJA

OLHOS DE CORUJA
(Clerisvaldo B. Chagas, 18 de março de 2011).

       A reforma política é necessária, mesmo sendo feita pelas personalidades que fazem parte desse sistema. Político cuidando da política. Mas como não existe outro caminho para o povo brasileiro, vamos apenas aguardando as decisões dos senhores deputados e senadores. Quando existe confiança popular em seus dirigentes, parece que as coisas caminham com mais facilidade e menos preocupação. Entretanto, com o forte desgaste sofrido nos últimos anos, é de se desconfiar que político vote contra projetos que não o beneficie, até particularmente. Enquanto existir a desonestidade desenfreada no Legislativo, não se pode dizer que os habitantes brasileiros estejam felizes e domados. Mesmo que muitas medidas do Legislativo aconteçam amparadas em leis, revoltam a população que trabalha honestamente e paga seus impostos em dia. Como pode um cidadão que enfaticamente trabalha para o engrandecimento do seu país, aplaudir medidas como a do aumento exorbitante do “salário” dos políticos? O descontentamento das ruas é sempre causa perigosa para uma democracia sem direito a voz. Ninguém engoliu ainda os tais 62%. Mesmo por que a massa, com ou sem poder de compra, continua montada no cavalo em osso do salário mínimo. Mesmo assim, um pouquinho hoje, um pouco amanhã, medidas sérias tapam mais um buraco de rato. Dizer que não haverá mais reeleição para executivo, é uma verdadeira maravilha que maltrata os que carregam a síndrome de “dono”. Contudo, isso deveria valer também para o Legislativo, com mudança muito mais profunda.
       Quando o povo não está satisfeito com os políticos do seu país, vai tentando encontrar ícones de outras nações, para aplaudir. Nesse caso, desiludido com tudo, o cidadão também procura ídolos na música, na novela, no cinema e até nas imundícies que recheiam as comunicações. Obama vem aí. Fracassado diante de tantas expectativas, vem tentar golpe publicitário no país, reunindo uma multidão para conversar o que o povo chama de “abobrinha”. Nada de bom trará, apenas assuntos rotineiros que não elevam o Brasil em nada. Para isso andou, dizem, comprando publicidade em importantes emissoras brasileiras para juntar curiosos. Quer levantar a indiferença do seu povo à custa dos mais dóceis do Brasil. E se o povo daqui está tiririca com seus representantes legisladores, deverá comparecer diante de Barack que estar ficando muito esperto.
       No Senado, na Câmara, a animação é de velório. Mas ainda não deixa de haver muitas manobras entre as desacreditadas raposas sedentas de poderes. A plateia externa vai acompanhando com certa indiferença o movimento rotineiro. Ver a parte da frente, espia a parte de trás, enxerga no claro, mas vacila em contemplar os bastidores. Escuro indecifrável acessível somente aos premiados pela natureza que possuem OLHOS DE CORUJA.