OS MESMOS CANTARES (Clerisvaldo B. Chagas, 20 de maio de 2011)           A crescente onda pela democracia no Oriente Médio e norte da Áfric...

OS MESMOS CANTARES

OS MESMOS CANTARES
(Clerisvaldo B. Chagas, 20 de maio de 2011)
          A crescente onda pela democracia no Oriente Médio e norte da África, sem dúvida é um dos marcos importantíssimo da história contemporânea. As ditaduras civis que fazem parte da tradição daqueles povos pareciam consolidadas para sempre. Foi o progresso das comunicações internacionais que fizeram as revoltas dos povos que se sentiram injustiçados. Com a velocidade e a expansão de informações em todos os países, acompanhadas de imagens multicores e nitidez impressionante, as populações vão percebendo as diferenças sociais entre os lugares. Com o progresso da Educação, juntam-se ambas as coisas e o questionamento passa a ser inevitável. A velha nobreza europeia ou a teocracia religiosa com hegemonia familiar do poder vão ficando desnudas diante das imagens de televisão liberal e da Web sem fronteiras. São ferramentas que nesse primeiro momento fazem um efeito devastador como ora acontece. Antes, o mundo era desconhecido. Pouco se sabia dos acontecimentos atualizados por aí, épocas favoráveis para os donos do poder.
          Interessante é a pele de camaleão dos Estados Unidos. Enquanto os ditadores serviam as suas estratégias, bases de domínio militar e psicológico ao mundo eram excelentes colaboradores e podiam oprimir à vontade os governados. Assim aconteceu na América do Sul e Central, onde houve incentivo e até participação americana em favor de famosos caudilhos, inclusive no Brasil com Getúlio Vargas e na fase chamada de “período de chumbo”. Também na África, no Oriente Médio e na Ásia, onde os nocivos para o povo são acalmados e tornam-se dóceis à custa de milhões e bilhões em cédulas verdinhas.
          Como os ventos da liberdade começam a soprar nas regiões citadas, o governo americano veste a pele de camaleão, dá às costas aos antigos aliados e procura acabar de demolir seus antigos regimes, pulando de galho em galho igual a macaco. Dão, como fala o provérbio, “uma no cravo, outra na ferradura”. Procurando sempre não perder as posições estratégicas, os americanos acenam para os possíveis novos governantes com milhões de dólares, apesar da crise. Exercitar a democracia em países de tradição ditatorial, não vai ser fácil, assim como também não será fácil, inicialmente, o novo estado palestino a ser reconhecido. Os desentendimentos entre israelenses e seus vizinhos árabes, vêm de muitos séculos, desde os combates sem fins nas terras de Sansão e Dalila.
          Após essa onda democrática, com certeza virá o acomodamento da nova situação que poderá ser breve ou demorar bastante. Somente depois poderá ser feita uma avaliação segura de como ficará o regionalismo asiático e africano. Aí virão questões como o relacionamento Israel/Palestina, regimes democráticos e seus respectivos povos e, as modalidades políticas para o exterior, principalmente com os americanos. Aliados a isso, o crescente momento dos BRICS, vão deixar uma nova ordem mundial que o tempo dirá como. Nada definido, ainda.
          Assim como os americanos, muitos da classe política brasileira aprenderam com mestria a mudar a cor da pele... Ou penas, como os canários fofos que povoam o meu Sertão. Mudam as penas, mas permanecem OS MESMOS CANTARES.

ONDA COROADA (Clerisvaldo B. Chagas, 19 de maio de 2011).           Entre tantas notícias pessimistas, é fonte diferente de satisfação qua...

ONDA COROADA

ONDA COROADA
(Clerisvaldo B. Chagas, 19 de maio de 2011).

          Entre tantas notícias pessimistas, é fonte diferente de satisfação quando se publicam boas novas. E quando as boas novas sobre o nosso país são veiculadas por órgãos estrangeiros, é de se sentir contentamento. Isso porque há tempo, ficávamos bisonhos com as fugas constantes dos nossos trabalhadores comuns para o exterior. Era a busca de oportunidades lá fora na tentativa por melhores dias, tendo como base o convívio familiar. Isso também acarretava o trauma da separação, o enfrentamento de novos hábitos, costumes, línguas, climas e o geral complexo de sociedades diferentes. Quando esses trabalhadores davam-se bem, apesar da imensa saudade da terra e dos que ficavam, podiam ajudar com algum dinheiro à parte que ficava no Brasil. Bons exemplos dessa realidade aconteciam em alguns municípios de Minas Gerais, estado notável por receber dinheiro das inúmeras famílias que estavam fora. Ali investiam e progrediam fazendo crescer junto o município, como em Teófilo Otoni. Para os que não conseguiam progredir, a amargura da frustração tornava-se um pesadelo.
          Felizmente a realidade brasileira agora é outra. Hoje o Brasil supera importantes países da economia e da ciência tradicionais como a Rússia e a Holanda, chegando ao 13º lugar do mundo em produção científica. Atrai cada vez mais estrangeiro para trabalhar e investir no Brasil, diz reportagem da revista britânica “The Economist”, em janeiro. Segundo a revista, os aumentos de investimentos na ciência nacional nos últimos anos, fazem do Brasil um dos principais polos de atração científica internacional. Diz à publicação que as universidades brasileiras buscam atrair cientistas mais velhos de outros países para que possam administrar alguns de seus laboratórios e se estabelecerem em definitivo no país.
          Não cabe apenas numa crônica a análise sobre a excelente reportagem publicada sobre esse enfoque. (VIVES, Fernando. Dinheiro, enfim, na academia. Carta na Escola. (54): 52-55, mar. 2011.). O autor faz referência a algumas instituições brasileiras classificando a EMBRAPA como a mais respeitada no mundo em relação às suas pesquisas. Embora muita coisa ainda tenha que ser feita esse retorno de trabalhadores e cientistas ao nosso país, é de fato uma coisa extraordinária para quem passou a vida inteira ouvindo que o Brasil era o país do futuro. A nossa mão de obra especializada já começou a faltar porque o Brasil partiu na frente de diversas profissões. Mas o melhor de tudo é que esse crescimento fantástico é completamente irreversível. Se não foi totalmente para nós, será pleno para os que nos sucederão, pois também ouvimos dizer que Deus é Brasileiro, muito embora Satanás também queira assumir. Se houver uma quase cruzada, pelo governo federal e pelo povo, sistematicamente, noite dia, contra a corrupção em todas as esferas, poderíamos, sem dúvidas chegarmos ao topo do desenvolvimento. E se o mundo inteiro reconhece a atual posição do Brasil, vamos com eles nessa ONDA COROADA.

AVE CÉSAR (Clerisvaldo B. Chagas, 18 de maio de 2011).            Maracanã é termo relativo a várias aves psitaciformes que habitam desde ...

AVE CÉSAR

AVE CÉSAR
(Clerisvaldo B. Chagas, 18 de maio de 2011).

          Maracanã é termo relativo a várias aves psitaciformes que habitam desde o Maranhão ao sul do Brasil. Entre essas aves que chamam atenção pelo verde intenso da sua plumagem, está a Propyrrhura maracana, cuja beleza é muita apreciada e vive entre trinta e quarenta anos. Como outras aves brasileiras, vai mudando o nome conforme as regiões desse imenso país. O tipo de periquito é um dos mais atraentes também para contrabandistas que tentam levá-lo para Europa nas piores condições possíveis. Como o verde tem destaque especial em nossa bandeira, a Propyrrhura parece representar bem o Brasil, sendo ligada imediatamente a nossa flâmula. Assim, a designação do maior estádio do mundo, situado na área da ave apresentada, parece não causar nenhuma surpresa na importante justiça da homenagem.
          A velha praça de esportes do Rio de Janeiro, desgastada pelo tempo, sempre representou o futebol mundial como símbolo físico maior. Levado àquele estádio na década de setenta, pelo primo santanense médico Stênio Chagas Duarte, irmão do também saudoso vereador Tácio Chagas Duarte, pudemos contemplar a grandeza que representa o Maracanã, tanto na parte física quanto na sua simbologia. Aquela noite onde milhares de pontos luminosos (cigarros) ornavam as arquibancadas, o empate em 2 X 2 entre Brasil e Alemanha, os urros da torcida brasileira, deixaram a impressão de um mundo surrealista na apreciação do colosso carioca. Só quem conhece de perto o poderoso estádio sabe quanto é forte o nome do pequeno papagaio maracanã.
          Recentemente, após uma polêmica enorme em torno do seu nome, da sua velhice, da sua demência, houve até quem propusesse a sua demolição simples e radical. Outra ideia um pouco mais nobre propunha transformar o gigante em museu para funcionar como atração turística. Todas as saídas apresentadas sempre esbarravam na parte financeira para qualquer projeto que visasse alimentar o titã de concreto. Finalmente, para a nossa satisfação e orgulho nacional, é mostrada ao público a maqueta e escrito todos os detalhes de revigoramento do pai de todos os estádios do planeta. É impressionante como o velhinho está no forno para sair novinho, novinho que só cédulas de cem. Será novamente, comadre, o mais moderno do mundo e com capacidade para oitenta mil torcedores. Estou com tudo aqui, virtualmente diante de mim. Bonito que só uma noiva na igreja! Impressionam também os detalhes da obra orçada em menos de um bilhão e que por certo contam pontos importantes para a engenharia brasileira.
          Agora a velha ave maracana vai poder fazer zoada à vontade. Uma verdadeira ressurreição em vida. Quando a ciência fará assim também conosco, os idosos do país? AVE CÉSAR.