NAVEGANDO Clerisvaldo B. Chagas, 12 de maio de 2014 Crônica nº 1.186 Com apenas pouco tempo treinando no facebook, vou notando ...

NAVEGANDO



NAVEGANDO
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de maio de 2014
Crônica nº 1.186

Com apenas pouco tempo treinando no facebook, vou notando que de fato é um território de ninguém. Uma região fronteiriça, lugar que a lei das selvas é domínio do mais forte. Ainda não sabemos usar todos os truques éticos e tecnológicos, mas ficamos admirados com o caldeamento diário do face.
Na realidade, o face foi lançado em 2004, por Mark Zockerberg, a princípio para atender a estudantes da Universidade de Harvard. O sistema social de comunicação assemelha-se ao nosso próprio planeta, onde o trigo continua misturado ao joio. Um sujeito coloca uma mensagem moralista, outro, posta dizeres religiosos. Pessoas até que nunca valorizaram religião nenhuma, ficaram mais fanáticas do que os padres e pastores. As mensagens são permeadas de brincadeiras, sem graça, com graça, sensualidades e putaria porque os tarados mórbidos se satisfazem em captar as reações dos normais.
Nessa corrida infernal, muitos nem dormem à noite. Notamos que inúmeras coisas boas existem como a comunicação sadia entre famílias e entre amigos. Mas, observamos que nem adianta colocar textos como crônicas, artigos e outros textos longos, porque não serão lidos, a não ser pelos aficionados aos assuntos. Os mais técnicos, os que elaboram cartazes engraçados ou com os mais diversos temas, levam a vantagem de tornarem-se mais visíveis. É que o adulto vira criança em busca de figuras para ilustrar sua navegação.
Outros são inconvenientes, desviando assuntos de felicidade geral e, assim o território sem cercas, sem aramado, sem porteiras, vai arrebanhando novatos até que o enjoo tome conta.
 O facebook usado como no Brasil, é uma oportunidade única de cada qual aparecer para o mundo, principalmente os que foram negados em suas localidades. Os que postam, porém, o que suas mentes doentias engendram, deveriam envergonhar-se, isso, porém, seriam talvez, como aconselhar assassinos, drogados, ladrões, em estado que palavras são como moscas em tanques blindados.
Mesmo assim esse meio de comunicação não tem culpa de nada. Cada um possui o livre arbítrio para agir como quiser, entretanto, parece-nos pecado maior dos que os do inconsequente, o da  pessoa digna que morde a isca e valoriza o que não presta quando não deveria postar sequer um “curtiu”. O silêncio seria a melhor maneira de protesto.
Enquanto o brinquedo não enjoa, entretanto, vamos NAVEGANDO.

LAMPIÃO, POEIRA E BALA Clerisvaldo B. Chagas, 9 de maio de 2014 Crônica Nº 1. 185 ANTIGA RUA DA POEIRA QUE ESPEROU LAMPIÃO EM ...

LAMPIÃO, POEIRA E BALA



LAMPIÃO, POEIRA E BALA
Clerisvaldo B. Chagas, 9 de maio de 2014
Crônica Nº 1. 185

ANTIGA RUA DA POEIRA QUE ESPEROU LAMPIÃO EM SANTANA DO IPANEMA. HOJE CALÇADA, COM O NOME DE MANOEL MEDEIROS AQUINO. Foto: Clerisvaldo.
 O negócio estava feio. Dizem que quando o povo fala, ou é ou está para ser. Portanto, o apavoramento da população santanense, justificava-se, pois, apesar da existência do Tiro de Guerra, no centro da cidade, ninguém havia traçado estratégia militar para enfrentar o bandido Lampião.
 O bandoleiro descia de Pernambuco, vindo do Juazeiro, onde conseguira uma falsa patente do exército. Com apenas 102 homens bem montados e municiados com as armas que recebera para combater a Coluna Prestes, Lampião abandonou o plano. Repara se ele iria enfrentar cerca de oitocentos homens experimentados no gatilho! Deu meia volta em Pernambuco, raivoso por ter sido enganado com o caso da patente e, deixou apenas uma frase de efeito e nada mais, se referindo a Carlos Prestes: “Vou olhar se esse Prestes, presta mesmo!”
Não podendo enfrentar os homens da Coluna, preferiu atacar Alagoas, onde matou fazendeiros e um cabo, primeiramente.
Houve debandada em Santana. Algumas famílias correram para o mato e duas, em automóveis, preferiram o agreste de Palmeira dos Índios.
Mas um grupo de homens resolutos convocou pessoas e armas formando uma força de 25 cadetes do Tiro de Guerra, 14 praças da Cadeia Velha, da Rua do Sebo e, mais alguns civis. Entre os últimos estavam o padre José Bulhões, Ormindo Barros, Firmino Rodrigues da Rocha, Joaquim Ferreira da Silva, Pedro Rodrigues Agra, e Joel Marques. Os cadetes tinham no comando o brigada Antônio Ribeiro Cavalcante e, os policiais, o delegado civil Bertoldo Rodrigues Machado. Inúmeros rifles saíram das residências inclusive também com o incentivo do juiz Manoel Xavier Accioly.
A resistência santanense partiu para a Rua da Poeira (hoje, Manoel Medeiros de Aquino), entrada oeste de Santana. Era a tarde de 5.6.1926. O pessoal passou o resto da tarde e a noite inteira na espera, mas o bandido não apareceu, com sua força dobrada em relação à defesa.
Lampião e sua legião de demônios, entretanto passou ao largo, cometendo seus atos infames nas caatingas indefesas do município e foi invadir Olho d’Água das Flores, na época pertencente a Santana, situada a 4 léguas da sede e, também indefesa.
Não sei se o bandido, estuprador, ladrão, assassino e assaltante venceria o fogo que não houve. Mas que a resistência estava aguardando, estava. Mesmo assim a Rua ficou na história com as conversas sobre LAMPIÃO, POEIRA E BALA.

O PAU COMEU, MANÉ Clerisvaldo B. Chagas, 8 de maio de 2014 Crônica Nº 1.184 Imagem: (cidadenewsitau.blogspot.com). Quando ...

O PAU COMEU, MANÉ


O PAU COMEU, MANÉ
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de maio de 2014
Crônica Nº 1.184
Imagem: (cidadenewsitau.blogspot.com).


Quando o técnico Scolari terminou de anunciar os convocados, Zé Bodó nem esperou mais. Correu para o Bar do Rabudo, pediu uma cachaça e emborcou a “marvada” de uma só vez. Cuspiu no pé do balcão e lascou o murro na prateleira, quebrando garrafas de todo tipo. Rabudo ficou vermelho e quis experimentar o pé do ouvido de Bodó. Rabudo indagou:
- Por que você está assim, seu fio da peste. – e danou-lhe o braço por cima do bebedor de lavagem, segundo Pedro Peba, testemunha fiel do embate.
Bodó caiu com as pernas pra cima quebrando as cadeiras do bar. Levantou-se e gritou:
- Eu sabia que aquele fi’ duma égua não ia convocar Robinho!
- E eu tenho nada a ver com boba de Robinho, seu sacana!
- Tem não, é! Pois você vai ver! Somente mãe pode bater nessa carinha que ela beijou!
- Você vai pagar meu prejuízo, cabra fio de uma porca! Tá pensando que meu bar é campo de futebol, desgraçado! Eu tenho nada a ver com Robinho, Kaká e esses porras todo!
Preguinho ia chegando na hora e gritou para o dono do bar:
- Coidado, Rabudo, olhe a faca!!!!
E era uma faca mesmo. Zé Bodó levantou-se como touro brabo e partia para o dono do bar com uma faca-peixeira na mão. Rabudo tentou correr, mas uma facada tirou-lhe couro da bunda.
Preguinho gritou de novo:
- Chega gente, vamo pegar o home!
Zé Bodó virou-se para o outro lado e foi logo advertindo:
- Eu derrubo o fato do primeiro cachorro que encostar!
Maria, mulher de rabudo, foi pegar um taco de sinuca e partiu para rachar a cabeça do bebão. Bem perto de Bodó, pisou em falso e caiu desmantelada. A saia foi pra cabeça e não tinha nada por baixo.
Zé Bodó berrou esperto:
- Eu não vou te cortar fia da boba, porque você já tá de bunda cortada, mas esse tá de Preguinho vai levar uns furos.
E lá vai o cabra correndo em direção a Preguinho e aos outros clientes.
Rabudo já voltava com uma garruncha do tempo que Adão comprava fiado e apontou pra o sujeito. Mas, três homens se abrufelaram com o bebão e a faca voou longe. Dois outros indivíduos tomaram o partido do bebão e, a coisa rendeu. Quando a polícia chegou, todo mundo ficou manso.
Um sargento fez uma avaliação do campo, treinou umas duas mãozadas, convocou o time, escalou os briguentos e apitou o fim do jogo. Depois de assinar a súmula levou todos para o hotel de onde se vê o sol quadrado.
O bêbado, na fileira, ainda disse para Rabudo, trincando os dentes:
- Se Robinho não jogou hoje, mas amanhã eu venho e você vai ver Kaká.
Bem, do outro dia eu não sei, mas nesse aí o PAU COMEU, MANÉ!