CORISCO: O SONHO E O PESADELO Clerisvaldo B. Chagas, 9 de janeiro de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.035 ...

CORISCO: O SONHO E O PESADELO


CORISCO: O SONHO E O PESADELO
Clerisvaldo B. Chagas, 9 de janeiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.035

     As sortidas de Lampião e seus cabras em Alagoas, sempre trouxeram malefícios para o Sertão e parte do Agreste. Mas Corisco também era cria do Alto Sertão Alagoano, precisamente da serra da Jurema, região de Água Branca. Nas suas nefastas andanças, o bandido, volta e meia, penetrava no estado através da região serrana oeste. Não eram raras as notícias sobre o cabra pelos sítios e fazendas de Água Branca, Mata Grande, Pariconha... Onde a exuberância da caatinga se fazia representar pela altitude. Assim, vamos encontrar o cangaceiro e seu grupo em 1936, em uma dessas sortidas por ali. 1936 foi o ano em que o cangaço se refugiava mais e atacava menos, mas faltavam ainda dois anos para o fim dos desmandos da caterva. Veja o texto abaixo.
X
      Em 1936, reuniram-se alguns companheiros de caçada, em Mata Grande e partiram para a fazenda Jaburu. Estavam o telegrafista Antenor Nunes de Oliveira, o fiscal de rendas Euclides Ferreira, José Dominguinhos e Francisco Basílio, proprietário da fazenda. Antenor que tivera um sonho com seu pai, com algumas advertências e não queria ir. Os outros o convenceram e partiram para a caçada. Logo cedinho, na passagem de um riacho, deparou-se com Corisco e nove homens. Foram presos e interrogados, mas logo caíram na farra com bandidos na casa da fazenda. Os da cidade entraram com a cachaça, Corisco com bode assado e uma farra danada até à tardezinha. Corisco pediu que eles arranjassem uma bíblia, mas que não fossem dos “bodes”. Antenor perguntou se a pistola que Dadá estava com ela era para matar mosquito. A mulher respondeu dizendo que ele pegasse na abertura de Corisco que ela mostraria para que servia a pistola. “Deus me livre!”. Disse ele com medo.
     No dia seguinte chegou por ali na pista dos bandidos, o sargento Manoel Valentim Gomes. Colocou cabeleira postiça em dois soldados e, ambos se passando por cangaceiros desgarrados interrogaram o homem. O dono da casa contou tudo com detalhes. O dono da casa foi levado à presença de Valentim.
     Os homens da cidade sofreram intensa perseguição. Os outros foram presos e os dois funcionários públicos quase foram mortos pela polícia e por muitos pedidos de pessoas influentes escaparam no pau do canto.
Extraído do livro:
CHAGAS, Clerisvaldo B. & FAUSTO, Marcello. Lampião em Alagoas. Maceió, Grafmarques, 2012. Págs. 130-131.


MACEIÓ DE JANEIRO Clerisvaldo B. Chagas, 8 de janeiro de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.034      PREGUI...

MACEIÓ DE JANEIRO


MACEIÓ DE JANEIRO
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de janeiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.034

    
PREGUIÇA DO ANOITECER EM MACEIÓ. (FOTO: B. CHAGAS).
Mais de dez dias de temperatura agradável, em Maceió, que começa o verão em bom estilo. Variação boa do tempo entre o nublado e chuvaradas benfazejas que vão deixando a temperatura até mesmo em 25 graus. E neste índice ótimo para uma soneca, nada como uma rede na varanda e uma dose de uísque com água de coco. As praias continuam cheias de turistas e os hotéis lotados. Os visitantes ficaram cabreiros com notícias de tubarões na Jatiúca – praia mais frequentada da capital – mas logo deram uma banana para os comentários e não perderam o desejo dos mergulhos. Comércio bem movimentado repletos de pessoas de outras regiões e estrangeiros como italianos, argentinos e chineses. As promoções de final e início de ano mascaram a inflação gerada pelos turistas.
E o chilrear dos automóveis no asfalto molhado, faz lembrar meu sertão velho de guerra, sofrendo com abastecimento d’água. Dizem que tal bomba quebrou na adutora e Santana do Ipanema continua de caixas-d’água vazias.
     Mas voltando a Maceió, ainda repercute por aqui o problema geológico acontecido no Bairro Pinheiro. Rachaduras de inúmeros prédios que deixaram assustados os seus moradores, ainda sem definições. Falam que os estudos do subsolo continuam com outra ou outras equipes, mas nada de conclusão. Enquanto isso, não chegam novos habitantes e nem se vendem imóveis. Com razão seus moradores estão ansiosos em busca de explicações plausíveis diante de tantas especulações. Um morador do Pinheiro, levando tudo na brincadeira exclama: “Será o Benedito!”.
Tempo bom para uma caminhada pelas praias da cidade, observando, conhecendo, pesquisando, amando as belezas naturais e artificiais que nos encantam. E lá naquela barraca da orla está o cantor improvisado:

“Ô Maceió
É três mulé
Pra um home só...”

     Mas não devem ficar de fora os seus mirantes, praças e museus. Ah camarada, não é somente fotografia bela, mas anotações para enriquecer o crânio, doutor.
     Rosa ou azul? Nem precisa se identificar, ora!.





ALBERTINA: UMA BAIXA NA CULTURA SANTANENSE Clerisvaldo B. Chagas, 7 de janeiro de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica...

ALBERTINA: UMA BAIXA NA CULTURA SANTANENSE


ALBERTINA: UMA BAIXA NA CULTURA SANTANENSE
Clerisvaldo B. Chagas, 7 de janeiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.033

NOTE: NOME, GRADEADOS, SÍMBOLO SOL NA PAREDE. (FOTO: LIVRO 230).
Distante da minha terra, Santana do Ipanema, leio a notícia sobre a minha amiga Albertina Agra. Péssima notícia de final e início de ano. Aos 93 anos de idade, enfrentou a passagem, após uma vida profícua, vitoriosa e nobre num exemplo profundo de cidadã consciente, intelectual e guerreira. Todos conheciam o lado da Albertina da Farmácia Vera Cruz, ao lado do seu ilustre irmão Alberto Nepomuceno Agra. Mas não são muitos os que tiveram o privilégio de conviver com a sua banda cultural e, particularmente, da dramaturgia forte que circulava em suas veias.
Surgiu o primeiro teatro de Santana na década de 20. O segundo, na década de 50 por Aderval Tenório, Albertina e grande elenco. Depois veio o terceiro teatro ainda com a presença de Albertina Agra. E somente em 1971, o quarto teatro foi fundado por mim e pela minha amiga. Chamava-se Teatro de Amadores Augusto Almeida em homenagem àquele que viera do Recife para orientar o segundo e talvez o terceiro teatro de amadores. O pedido do título foi de Albertina Agra e a ideia do símbolo Sol com a frase no centro: Equipe 16 foi minha, pois éramos de fato dezesseis componentes.
O teatro funcionava no auditório do antigo Ginásio Santana. Tivemos apoio do prefeito Henaldo Bulhões. A parte de madeira foi entregue a competência do marceneiro Antônio d’Arca. A parte elétrica por um senhor eletricista, chamado Pedro. Do teatro físico, restam os três gradeados de madeira que serviram de tapumes para a porta e duas janelas da parte superior. (Ver foto). Foram feitos e ali colocados pelo senhor Antônio d’Arca e pintados por mim.
Todo o registro histórico acha-se no livro ainda inédito: “O Boi, a Bota e Batina, história completa de Santana do Ipanema”, bem como dos quatro e únicos teatros, em detalhes, na página: A marcha do teatro santanense.
Foi nessa fase que convivi de perto com a intelectual, doce, determinada e iluminada, Albertina. A sua meiguice conquistava a todos e o seu intelecto aos sedentos pela cultura. Sua meiguice não a impedia de responder na hora aquilo que a desagradava. Fizemos uma parceria que rendeu dividendos para a nossa terra. Mas foi Deus quem me proporcionou essa amizade séria, respeitosa, admiradora e quase santa com Albertina, uma amiga de luxo e alta nobreza. Era viajada, intelectual e dona do seu nariz. Quem a chamou de “Dama do Teatro Santanense”, talvez por brincadeira, acertou em cheio.
O mínimo que se pode fazer para homenageá-la é perpetuar o seu nome em obra valorosa ligada ao Saber, como por exemplo, estendendo o nome da Casa da Cultura para Casa da Cultura Albertina Agra.
É pena “O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema”, não ter sido apresentado a minha querida amiga.
Albertina foi um presente divino para à terra de Santa Ana, a Capital do Sertão.