DELMIRO E MARIA BODE Clerisvaldo B. Chagas, 16 de agosto de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.164 DELMIRO ...

DELMIRO E MARIA BODE

DELMIRO E MARIA BODE
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de agosto de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.164

DELMIRO GOUVEIA (FOTO: DIVULGAÇÃO).
Entre tantas notícias ruins do jornalismo, nós que não somos jornalistas, preferimos as boas; especialmente quando tratam sobre o nosso sertão alagoano. Devagar aqui e ali, vão chegando obras e empreendimentos que vão se agregando e formando o todo. A duplicação de trecho da AL-145, em Delmiro Gouveia estava prevista para ontem (15) a partir das 10 horas. Esse trecho corresponde o acesso a Delmiro desde a localidade Maria Bode que virou pequeno povoado. São oito km de asfalto, apenas, mas de grande significado para o município de onde saíram as volantes para matar Lampião. Cidade progressista, Delmiro serviu de acampamento flutuante para a hidrelétrica de Xingo. Dai para cá seus ganhos têm sido constantes no Alto Sertão.
A duplicação foi construída pelo Programa Pró-Estrada. “O trecho duplicado em Delmiro Gouveia facilitará o escoamento da produção local, beneficiando mais de 50 mil sertanejos. A obra melhora a qualidade do tráfego na região, alavancando ainda mais o desenvolvimento urbano com a expansão da cidade. Moradores de Pariconha, Água Branca e Olho D’Água do Casado também serão favorecidos pelo investimento, já que haverá diminuição do tempo de viagem entre os municípios”. (Agência Alagoas).
Estando em Maceió, você poderá visitar Delmiro Gouveia e conhecer as belas e ensolaradas cidades sertanejas. São três opções. Primeira, via Arapiraca, entrando no Sertão por Jaramataia e seguindo: Batalha, Jacaré dos Homens, Monteirópolis, Olho d’Água das Flores, São José da Tapera e Olho d’Água do Casado. Segunda, pela BR-316 chegando ao Sertão com Cacimbinhas, Dois Riachos e Santana do Ipanema. Terceira, indo via Arapiraca, chegando a Olho d’Água das Flores, Santana do Ipanema.
Caso queira ainda pegar a rebarba da inauguração, leve dinheiro, pois não foi dito que o churrasco do bode e a cerveja serão por conta das autoridades.










Texto: Agência Alagoas
Foto: Ascom Setrand





DEUS E OS CASSACOS Clerisvaldo B. Chagas, 15 de agosto de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.163 BAIRRO BA...

DEUS E OS CASSACOS



DEUS E OS CASSACOS
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de agosto de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.163

BAIRRO BARRAGEM VISTO DE LONGE. (FOTO: B. CHAGAS).
          Você já ouviu falar no DNOCS? É o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas. Trata-se de uma autarquia federal, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional e com sede da administração central em Fortaleza. Foi fundado em 21 de outubro de 1909. Suas finalidades estão no seu título.
          O DENOCS construiu mais de 300 açudes no Nordeste e muitos em Alagoas. Entre o final dos anos 40 e início dos 50, construiu em Santana do Ipanema três obras de grande magnitude. Uma delas foi a ponte sobre o rio Ipanema, dando continuidade a estrada de rodagem BR-316. Aproveitando, foi construído ali – tendo a base da ponte como uma espécie de comporta – um açude no leito do rio com mais de 1km de extensão. Passamos a chamar o açude de barragem. 
          O seu acampamento deu origem ao atual Bairro Barragem que por sua vez originou o Bairro Clima Bom (por trás), ampliou e modernizou sua parte frontal e que faz gosto se vê.
      Após a chegada de água encanada em Santana, a barragem foi desprezada e assoreou. A ponte continua como se tivesse sido construída hoje, pois nesse tempo os homens tinham vergonha.
         O outro empreendimento foi a construção de um açude a cerca de 3 km do Centro, para abastecer Santana. Impressionante como descobriram um riacho tão pequeno e do mesmo fizeram um pujante paredão que nunca vazou. A mesma conversa: Tão grandiosa obra chamada “Açude do Bode” (do riacho Bode) só serviu para o gado da vizinhança. Água encanada, açude esquecido.
         Era uma época muito dura. Os que trabalhavam construindo ou dando manutenção nas estradas de rodagem tinham o apelido de cassacos. Cassaco é o animal silvestre também chamado de gambá, timbu, mucura e sariguê. Quando o trabalhador estava nos campos, geralmente a boia era uma lástima. Para melhorar um pouco a alimentação, o funcionário pegava qualquer galinha que passeasse pela área. Como cassaco de verdade gosta dos galináceos, seu nome passou a ser apelido dos trabalhadores braçais das estradas de rodagens.
       Ganhando pouco, esses trabalhadores zombavam da própria sigla da repartição, DNOCS, afirmando entre risos: DEUS NÃO OLHA CASSACO SOFRER.



O MUSEU DE DONA ANTÉA Clerisvaldo B. Chagas, 14 de agosto de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.162 ESQUIN...

O MUSEU DE DONA ANTÉA



O MUSEU DE DONA ANTÉA
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de agosto de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.162

ESQUINA, MUSEU DARRAS NOYA (FOTO: B. CHAGAS).
          Bibliotecas e museus guardam grandes tesouros da história. Santana do Ipanema, Alagoas, possui apenas um museu. Cidades outras possuem dois, três, cinco... Ou nenhum. O de Santana do Ipanema continua no casarão de esquina, vizinho à Matriz com o salão paroquial. Primeiro funcionou no prédio pequeno multiuso da municipalidade, à Rua Nossa Senhora de Fátima. Na época, entre outras peças, guardava uma das rodas do primeiro automóvel das Alagoas, pertencente ao coronel Delmiro da Cruz Gouveia. Não foi fácil sustentar um museu no tempo da ignorância. A marcha continuava entre vexatórias situações, mas conseguiu chegar vivo ao ano de 2019 com significativas vitórias. Sua organização atual tem atraído alunos e professores de várias escolas bem como pesquisadores e curiosos.
          No quadro comercial sua presença também é destaque no local em que divide as feiras semanais.
          Residir em casarões era sinal de prestígio. Ali morou o maestro Manoel de Queirós (Seu Queirós) também fundador da primeira banda de música, ainda no tempo de vila. Chamava-se Santa Cecília e durou alguns anos após a emancipação. Seu Queirós ainda foi fundador do primeiro teatro na década de 20.
          Alcançamos ainda sua filha Antéa, já em idade avançada, morando e depois tomando conta do museu em que virou a sua residência. Pessoa culta, educada, comunicava-se bem com a pouca clientela da casa. Ficavam mais fáceis para ela às explicações sobre as peças expostas, algumas do seu próprio tempo. Foi relevante para a cultura santanense tanto o pai quanto a filha. Lembramo-nos levemente das suas narrativas sobre as pontes de madeira sobre o riacho Camoxinga, sempre levadas por ele, especialmente a de 1915.
          O museu de Dona Antéa, digo, o Museu Darras Noya, em organização atualmente, nada deixa a desejar em relação a nenhum outro do país. É a cultura tão massacrada antigamente, ganhando terreno e atraindo as novas gerações.
         Foi uma honra ministrar uma palestra no Espaço Cônego Bulhões, sobre prédios públicos históricos e o museu da cidade.