SÃO JOSÉ Clerisvaldo B, Chagas, 21 de março de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.675   Sábado passado, dia 19, e...

 

SÃO JOSÉ

Clerisvaldo B, Chagas, 21 de março de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.675


 

Sábado passado, dia 19, estava desatento à data, quando Jeane Chagas e Paulo Moraes, me enviaram mensagens de bela estampa do pai de Cristo. Fiz como o antigo doido Agissé de Santana do Ipanema, batei a mão à cabeça ao lembrar do padroeiro do meu bairro. A imagem é tão bela que reproduzi aqui abaixo, muito embora não viesse o seu autor. Além da sua própria história tão conhecida no mundo inteiro, ainda tem a construção da sua igreja na veterana localidade COHAB VELHA no incentivo de elevação a bairro. Para quem observou o antes e o depois, muito foi acrescentado àquela região após a inauguração da igrejinha de São José. Como várias outras igrejas, teve muita política no meio, discussões e tempo longo para conclusão, à exemplo da igrejinha de São Pedro e a do Bairro Clima Bom.

Prestigiado no Sertão inteiro, O santo é quem marca o período chuvoso, segundo os sertanejos. Mas, este mês de março já choveu várias vezes pouco ou muito. E se não choveu no sábado passado, exatamente no seu dia, não será por causa disto que teremos um inverno fraco. Nosso tempo sertanejo está variando sempre entre dias quentes e dias nublados com aspectos de inverno. E ainda pelo conhecimento do povo, temos no sertão o marceneiro, o carpinteiro e o “carapina”, sabe a diferença entre eles? São José foi carpinteiro, diz a tradição. Não sabemos informar se houve missa ou outros atos na igreja do nosso bairro, mas à tardinha muitos foguetes espoucaram para aquelas bandas.

São José é padroeiro da Igreja Universal da Boa Morte, das famílias, dos artesãos, dos engenheiros e trabalhadores. É também padroeiro das Américas, Canadá, China, Croácia, México, Coreia, Áustria, Bélgica, Peru, Filipinas e Vietnã, segundo nos informa certo site.

São José teria morrido aos vinte anos de Jesus. Também informações apócrifas dizem que ele era discreto, trabalhador e viúvo, ao casar com Maria. Muito pouco se fala dele nos Evangelhos. Entretanto quem é devoto de São José continua com fé inabalável independente de novas descobertas do esposo da Mãe de Deus.

SÃO JOSÉ (DIVULGAÇÃO)  

 

 

 

  ADELSON ISAAC DE MIRANDA Clerisvaldo B. Chagas, 16/17 de março de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.674   Conhec...

 

ADELSON ISAAC DE MIRANDA

Clerisvaldo B. Chagas, 16/17 de março de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.674


 

Conheci o Dr. Adelson Isaac de Miranda como um dos primeiros dentistas formados de Santana do Ipanema. O homem viera de Bom Conselho, Pernambuco, casara com filha de Santana e se adaptara aos modos vivendi sertanejo. Estou lembrando tudo isso por está nesse momento na cadeira de um dentista da minha terra, onde a lembrança medra. Adelson gostava de trabalhar com músicas clássicas e assovios para relaxamento da clientela. Consultório defronte ao Grupo Escolar Padre Francisco Correia, lugar seguro para encontrá-lo e tratar dos mais diferentes assuntos. Foi um homem social intensamente participativo e chegou a ser um dos diretores do antigo Ginásio Santana, grande fonte do Saber, na época. Participava quase sempre de todos acontecimentos sociais da elite da terra.

Deixou-se apaixonar também por terra e gado chegando a adquirir uma fazenda à margem do rio Ipanema, muito acima do espelho d’água Barragem e dera a sua nova conquista o nome de “fazenda Berra Boi”. A entrada ficava na BR-316, perto do sítio Baixa do Tamanduá, cujo caminho por dentro da fazenda levava à sede, justamente voltando em direção ao rio. Um enorme cajueiro cuja galhada arrastava-se pelo chão, era um dos seus orgulhos da fazenda Berra Boi.

Trabalhei como professor sob a sua direção no Ginásio Santana. Adelson foi o prefaciador do meu livro e conto “Carnaval do Lobisomem” que ao sair da gráfica ele disse: “danado, você conseguiu ser imortal...” E eu respondi “Você deve ter muita coisa para contar, quando vai começar a escrever? Ele me disse que estava tentando arrumar seu consultório e arranjar um cantinho a seu gosto para iniciar na literatura. Acho que não teve tempo.

Homem dinâmico e futurista, estava sempre na vanguarda progressista da cidade. Tive o prazer de participar de um encontro/almoço/farra na fazenda Berra Boi e que se tornou inesquecível. Ainda fiz muitas caminhadas até a porteira da sua fazenda, pela BR-316, percurso em que eu calculava em três quilômetros. O homem de Bom Conselho recebeu homenagem póstuma quando seu nome substituiu a denominação da Praça da Bandeira defronte ao Ginásio Santana. Uma crônica não passa de uma gota d’água no açude da sua vida.

Um profissional competente

Um intelectual à frente do seu tempo.

 

  DEBAIXO DA JAQUEIRA Clerisvaldo B. Chagas, 15 de março de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.673     Não podíamos...

 

DEBAIXO DA JAQUEIRA

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de março de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.673


 

 Não podíamos deixar de registrar a cena. Uma farra animada e barulhenta de homens na praça. Não havia bebida, mas o grupo aglomerava-se em torno de uma escancarada jaca mole, cada qual com um espetinho improvisado e parecia uma competição amundiçada. Os passantes achavam graça ou ficavam com inveja da brincadeira produtiva. Jaca não é fruto abundante no Sertão. Os terrenos de planura, inclinam-se mais para a criação de gado e raramente possuem fruteiras plantadas. Vamos encontrá-la em relevo de serra onde a fruticultura toma conta das elevações. Entretanto, durante época de safra sua presença nas feiras apresenta-se nas modalidades jaca dura e jaca mole.

A jaqueira (Artocarpus heterophyllus), é uma árvore alta e geralmente mais comprida de que esgalhada. Os seus frutos, as jacas, são ricos em açúcares, gorduras e proteínas. Pode funcionar como anti-inflamatório e contém outras propriedades medicinais. Troncos e galhos são usados para confecção artesanal com os mais diferentes tipos de peças, inclusive, instrumentos musicais. Apesar do seu plantio reduzido, aqui em Santana do Ipanema tem um sítio rural bastante conhecido e visitado chamado exatamente Jaqueira. Mas o bom mesmo disso tudo é a farra que se faz quando todos habitantes da casa participam da “comilança” dos seus gomos. Ou com garfo ou com espeto de pau os gomos moles vão sendo catados e deglutidos. A jaca dura vai mesmo de mão limpa. Dura ou mole, o resultado é sempre o mesmo: uma batidinha no ‘bucho” para medir o volume consumido e expressar a satisfação em ter passado tão saboroso fruto.

As expressões feias e chulas “Vá tomar na jaca” e “atolou o pé na jaca”, tentam desmerecer o fruto divino da jaqueira, porém, o seu prestígio crescente ganha corpo, notadamente, entre os mais humildes pelo volume tamanho família e que momentaneamente mata a fome de muitos. Em Maceió, a Chã da Jaqueira, bairro atingido pelo escândalo Braskem, oferece um cenário belíssimo do seu mirante para a laguna Mundaú, além de produzir o fruto na região.  Os que não podem comer açúcar, devem tomar cuidado com a glicemia alta dos seus gomos amarelos.

É tirar o pé da jaca e seguir em frente que atrás vem gente

JAQUEIRA E SEUS FRUTOS (FOTO: REVISTA NATUREZA)