SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
A MODA DO CHOFER Clerisvaldo B. Chagas, 23 de maio de 2022 Esc ritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.703 Apesar de tão ú...
A MODA
DO CHOFER
Clerisvaldo
B. Chagas, 23 de maio de 2022
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.703
Apesar
de tão útil, o chapéu de couro nunca foi socialmente valorizado. Era coisa de
carreiro, vaqueiro, tirador de leite... Que era assim que se pensava. O chapéu
de palha também não encontrava muito abrigo em zonas urbanas. Era do roceiro,
do trabalhador braçal, do puxador de enxada. A desvalorização social fazia com
que o segundo fosse vendido aos montes, no chão das feiras semanais a preço tão
baixo que era praticamente de graça. Já o chapéu de couro era encontrado em
bancas de madeira em meio às bugigangas relativas à zona rural, como facão,
foice, peixeiras... O chapéu de couro, desprezado até pelas forças volantes de
combate aos cangaceiros, no início, terminou em cabeças de vários policiais dessas
forças.
O
chapéu de massa, também chamado de baeta, demonstrava mais ou menos a posição
social do indivíduo. Incrivelmente caro (ainda hoje) era usado na zona urbana
com o comerciante mais abastado e, na zona rural pelos fazendeiros, coronéis ou
particulares de boa condição financeira.
O
boné foi surgindo timidamente. A princípio por pessoas mais humildes como
carregadores de saco, engraxates e principalmente motoristas. Entretanto, o
sertanejo espirituoso que falava jocosamente do chapéu de couro e de palha,
passou a discriminar o boné. Dizia: “Homem de boné, ou corno ou chofer.
O alvo só fazia esboçar um sorriso amarelo e, claro, levar no tudo na
brincadeira.
O
boné foi comendo pelas beiradas; o preço do chapéu de massa e do panamá
(palhinha) em parte, foram culpados da ascensão do boné. Sem terras, estudantes,
atletas, até chegar à cabeça do próprio presidente dos Estados Unidos. Chapéus
de couro e palha continuam os mesmos em zona rural. E não é tão fácil encontrar
um homem usando um chapéu de massa, por aqui. Mas o boné, em um período só usado
nas caminhadas, desembestou no uso geral. Muito mais bonito, sofisticado, vai
faturando em cima de marcas famosas que descobriram o veio. Registramos também
que em campanhas eleitorais, por exemplo, é o boné o brinde mais procurado
pelos eleitores, mais do que as famosas camisetas. E mesmo detestando o troço
fui obrigado a aderir à moda.
A
sociedade resgatou o objeto pagando à língua a dignidade do chofer.
BONÉ
(FOTO: B. CHAGAS).
CHOCHA BUNDA Clerisvaldo B Chagas, 20 de maio de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.704 Choveu bem nesta sext...
CHOCHA
BUNDA
Clerisvaldo
B Chagas, 20 de maio de 2022
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.704
Choveu
bem nesta sexta no Sertão de Alagoas. Em Santana do Ipanema, céu de cambraia e
chuva mansa quase o dia todo. Na rua, as pessoas comentavam: “Muito feijão-de-corda
por aí”. E de fato, muito feijão-de-corda apareceu nas feiras e em lugares
diversos da cidade como o Maracanã e a ponte General Batista Tubino. De onde
veio tanto feijão desse tipo, também chamado feijão-verde? Seria da irrigação
Sergipe/Petrolina? Não, não senhor, veio da nossa área mesmo porque o povo
plantou na hora certa e teve sua colheita garantida. Imagina agora com mais
benefícios das chuvas de maio para toda a Agricultura!
O
feijão-de-corda que algumas pessoas acham que é um feijão fraco, é altamente
medicinal e riquíssimo em nutrientes. Portanto não faz sentido ser chamado pelo
próprio sertanejo de “chocha-bunda”. Olhe seus benefícios vitaminas K, C, A, é
rico em proteínas, fibras solúveis, minerais como cálcio, ferro e fósforo.
Nenhum colesterol e gordura e baixas calorias. Benefícios à saúde: bom para o
diabetes; bom para a saúde cardiovascular; benefício para os ossos; para a
circulação sanguínea; ótimo para gravidez e pressão.
Além
de tudo, é saboroso puro, tropeiro, com arroz, com carne, café, seja lá com o
que for, sem tirar o pico do interesse do feijão-de-corda com galinha de capoeira
ou galinha velha. Encontramos nos restaurantes típicos, na zona rural e em
todos os lares de nossas cidades interioranas.
Em
nossa cidade mesmo, tem um restaurante no lugar Maracanã com o nome de “Restaurante
Feijão Verde”, sendo muitas as opções de acompanhamento. Não estamos receitando
nenhum alimento para os nossos leitores e leitoras, mas simplesmente decantando
as maravilhas de um alimento que deixa o sertanejo feliz, de barriga cheia. Então
por que se dizer que o nosso querido feijão de-corda é chocha-bunda?! Pode ser
aumentar a bunda de tantos nutrientes, mas nunca chochar a bunda. Falar nisso,
nem sabemos o preço do produto na sua cidade, estado ou região, mas aqui em
Santana do Ipanema é considerado caro por estar sendo oferecido a 8,00 o litro.
Vamos
ao feijão-de-corda, gente!
ROÇA
DE FEIJÃO-DE-CORDA (INTERNET).
REVENDO SÍTIO E RUA Clerisvaldo B. Chagas, 19 de maio de 2022. Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.703 Após à visit...
REVENDO SÍTIO E RUA
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de maio de 2022.
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.703
Após
à visita ao sítio Tocaias, ficamos a contemplar a mais antiga rua do Bairro
Paulo Ferreira (Floresta). Muitas casas já de fachadas modernizadas, apesar da
humildade dos seus moradores. Ganhou creche e ginásio de esportes e continua
pavimentada com paralelepípedos. É a mais antiga rua do bairro e a principal da
parte baixa. Tem o nome de Joel Marques que foi um dos prefeitos de Santana do
Ipanema. A rua Joel Marques tem início logo após a ponte sobre a foz do riacho
Salgadinho, riacho esse que divide o bairro Floresta com o Bairro Domingos
Acácio. É uma rua muito comprida e reta até chegar ao final onde existe uma
bifurcação. A da esquerda segue pela parte mais baixa do relevo, vai formando a
estrada antiga das Tocaias e vai sair no riacho João Gomes, via Igrejinha das
Tocaias. A da direita sobe até as faldas da serra Aguda e continua até o riacho
João Gomes, mais acima, onde está sendo construída a maior barragem do
município
A
parte do lado esquerdo da rua de quem vai para o João Gomes, tem ao fundo do
casario, o riacho salgadinho, afluente do rio Ipanema. Seu trajeto é curto e
tem as nascentes dentro da Reserva Tocaia. Mesmo assim, dava um trabalho danado
antes da construção da ponte pelo prefeito Adeildo Nepomuceno Marques e
ampliada pelo prefeito Isnaldo Bulhões. Tanto a rua citada quanto o bairro
inteiro, tiveram suas ocupações principalmente pelos que chegavam da zona rural
e encontravam terras mais baratas, a exemplo de antes no Bairro Camoxinga.
Atualmente
quem segue pela Rua Joel Marques e entra pela antiga estrada das Tocaias, caso
vá somente até à Igrejinha ou até a Reserva que fica defronte, ainda pode
seguir devagar de automóvel. Quem quer seguir, porém, até o riacho João Gomes,
só a pé ou a cavalo. Tem que subir pela estrada mais moderna que passa no sopé
da serra Aguda. Caso venha a ser construída a imagem planejada pelo saudoso
prefeito Isnaldo Bulhões na serra Aguda, também a região baixa da Floresta,
poderá ser incorporada aos avanços que chegarão através do turismo religioso
incorporando a Igrejinha das Tocaias e a Reserva Tocaia, pontos de alto
prestígio para os santanenses.
Minha
visita e pesquisas na área com o escritor João Neto Félix Mendes, fizeram
atrasar às crônicas costumeiras. Vênia!
ENTARDECER
NA ESTRADA DAS TOCAIAS (FOTO: B. CHAGAS).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.