SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
MANIÇOBA/BEBEDOURO Clerisvaldo B. Chagas, 23 de maio de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.888 Vez em quando ...
MANIÇOBA/BEBEDOURO
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de maio de 2023
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.888
Vez
em quando damos uma passada pelos bairros que formam um só, Maniçoba/Bebedouro.
Lugar onde o casario se confunde ao longo da margem esquerda do rio Ipanema.
Muitas rochas e árvores frondosas fazem de ambos os bairros, um belo jardim que
vai sendo descoberto para chácaras da classe média que procura descanso. Na
Maniçoba, o rio Ipanema recebe as águas de um riachinho que se forma em tempo
de inverno, vindo da região do Residencial Brisa da Serra, parte norte da
cidade e saída para o povoado São Félix. O riachinho não tem título e por isso
o chamamos de “riacho Sem Nome”. Mais adiante, no Bebedouro encontra-se a
estreita foz do riacho do bode, após as últimas casas do perímetro urbano. Hoje
transformada em escoadouro do açude formado pelo riacho, porém, sem sangramento
há muito tempo, é seca e coberta de mato.
Imortalizamos
o lugar com o livro documentário ainda inédito, “Santana: Reino do Couro e da
Sola”. Tendo como ponto central do documentário os curtumes daquela região que
alimentava artesãos do couro, a rede de sapateiros autônomos e as fabriquetas
de calçados da cidade. Muitos outros fatos, porém, ali acontecidos são narrados
e vindos a lume para conhecimento dessa e das futuras gerações da terrinha.
Curtumes são lugares onde o couro dos animais são transformados em couro
curtido e/ou em sola. Nos tempos mais recentes nesses lugares que ostentam o
primeiro documento sobre Santana do Ipanema, destacava-se a líder comunitária
conhecida como “Dona Joaninha”, mulher combativa pela sua comunidade e terror
dos políticos santanenses.
Tive
a imensa honra de trabalhar com Dona Joaninha na “Associação Guardiões do Rio
Ipanema – AGRIPA. A última vez que
estive na sua casa, foi com alguns guardiões de folga que aproveitaram para
pegar umas cervejas nas imediações. Dona Joaninha “deu um rela” na turma e
mandou pegar cerveja gelada em um lugar próximo, dizendo: “Vocês estão na minha
casa e a obrigação é minha, ora, ora, ora... Estava doente, mas não se
entregava e pouco se referia aos seus problemas pessoais. Poucos meses ou
semanas após esse encontro, Deus precisou daquela mulher sábia e guerreira para
aconselhar alguns rebeldes na porta do Céu. Uma lacuna difícil de ser
preenchida na Maniçoba/Bebedouro e em Santana do Ipanema.
CLERISVALDO
E DONA JOANINHA, NO BEBEDOURO (FOTO: SÉRGIO CAMPOS).
SECA VERDE Clerisvaldo B. Chagas, 22 de maio de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.888 Já foi tema de antigos...
SECA
VERDE
Clerisvaldo
B. Chagas, 22 de maio de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.888
Já
foi tema de antigos vestibulares: “seca verde”, “quadrilátero Ferrífero”,
recôncavo baiano”, “êxodo rural” e muitos outros. E nesse momento em que a
mídia fala em seca verde em regiões de Sergipe e Alagoas, novamente voltamos a
falar na Natureza. Sábado passado foi o
dia todo nublado no Sertão de Alagoas, frieza e, aqui, acolá, sereno de chuva. O
domingo amanheceu nublado, chuveirinho e frieza, deixando a interrogação
costumeira na região: Será o começo do inverno? Os pássaros mesmo assim,
amanheceram o dia cantando. Logo cedo, aqui no perímetro urbano, a rolinha
cantou forte no Bairro São José, como sinal de caminhos abertos e dia feliz.
Depois os pardais vieram para fiação da rua enfrentaram frieza e umidade.
Mas
o que é mesmo “seca verde”? É o fenômeno em que a vegetação está completamente
verde, mas as águas das chuvas não foram suficientes para o desenvolvimento
completo da lavoura. Os produtos do campo não conseguem chegar à época da
colheita. E se chegam, nada ou quase nada se aproveita. Daí a preocupação do
agricultor também com a chuva. Vai dar para sustentar todo o ciclo das
plantações? E se vai dar, será que ainda vai sobrar água nos barreiros, nos
açudes, nas lagoas... Para a travessia pós inverno? Mesmo por essa época, já
começa uma certa inquietação pelos caminhões-pipa para abastecimento urbano e
rural. E o sertão nordestino vai vivendo na incerteza entre Deus e os homens. A
diferença da seca verde para a seca total é apenas o verde ou o cinza crestado
dos vegetais. Pouca água ou água nenhuma, não ameniza o desespero contra a fome.
Conhecimento
sobre a “seca verde” é bom... Melhor ainda são as ações preventivas e efetivas
em defesa da produção e o pecado da gula na fartura de mesa campesina.
Enquanto,
isso, nessa manhã de domingo em que a crônica se veste para a segunda-feira, o
sereno de chuva é constante neste dia nublado, frio e triste. A beleza,
todavia, da presença divina em cada uma das facetas do tempo renova esperança,
fé e crença no Senhor dos Mundos.
E
se a seca é verde, azul, cinza ou cor de rosa... Muito mais colorida é a
misericórdia que desce e que mescla todos os climas da Terra.
Já
é noite e a chuvada lenta do dia inteiro, penetra pela noite.
DIA
FRIO E MELANCÓLICO (FOTO: B. CHAGAS).
MINISTREI PALESTRA Clerisvaldo B. Chagas, 19 de maio de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.887 Diante de uma ...
MINISTREI PALESTRA
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de maio de 2023
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.887
Diante
de uma plateia educada e atenta, ministramos palestra sobre parte da história
de Santana com alguns episódios, onde desaguamos novamente na Santana
industrializada, nas grandes cheias do rio e nos feitos dos gigantes canoeiros
que impulsionaram o desenvolvimento da cidade. Prestamos homenagem ao último
canoeiro, sustentáculo do resgate dos “Canoeiros do Ipanema”, Zé de Toinho,
cuja passagem faz poucos dias, em Maceió, com 97 anos. de idade. E como a
Escola Estadual Prof. Mileno Ferreira Silva, completou 59 anos de existência,
falamos das suas origens, situações geográficas e sociais que levaram a ser
implantada ali, a primeira escola pública do município com 20 Grau
(Curso Médio). Hoje a escola já não ostenta o nome original do seu fundador
Deraldo Campos, e sim, do 10 diretor que esteve no cargo por 20
anos.
Houve
problema técnico com os slides e tive que seguir somente no gogó como
nos velhos tempos. Que pena que os alunos, professores e funcionários não viram
as fotos que se tornaram históricas e relíquias dos anais da Santana do Ipanema
ainda dos tempos do fotógrafo tipo lambe-lambe. O evento, organizado pelo 20
Ano B, tinha um título pomposo: “Café com Sabedoria”, onde uma mesa farta
aguardava o final de palestra. Muita gentileza do diretor e escritor Fábio
Campos e do empenho e boa vontade do professor e escritor Marcello Fausto,
preparador carinhoso dos slides históricos da nossa terra. A propósito,
o escritor Fábio Campos foi o prefaciador dos “Canoeiros do Ipanema”.
Aproveitei
para rever a Galeria de Diretores e que se iniciou na minha gestão, ouvir
opiniões espontâneas sobre o Magistério, todas
de baixo-astral, infelizmente, rever ex-alunos e ex-colegas e cravar os
olhos na paisagem não tão renovada assim. O retorno à casa coincidiu com
taxista ex-alunos do Estadual que também opinou sobre colegas professores
antigos e assim o dia ficou enriquecido de tantas informações orais e visuais
que de uma forma ou de outra sempre se agregam ao conhecimento. Uma incursão desse porte sempre mexe com o
corpo inteiro, mesmo no esforço grande para uma neutralidade de emoções. Não
tem jeito. A história das coisas cala fundo na alma e impregna a mente.
SEU
TOINHO (FOTO: ARQUIVO DE FAMÍLIA). FOTO ANEXAS (ALUNOS DO ESTADUAL).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.