SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
QUEM TEM RAZÃO? Clerisvaldo B. Chagas, 21 de junho de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.910 Após um mês quas...
QUEM TEM RAZÃO?
Clerisvaldo B. Chagas, 21 de junho de 2023
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.910
Após
um mês quase todo de maio com frieza e chuvas no Sertão de Alagoas, chegamos
finalmente ao início de inverno hoje (21). Poucas vezes o Sol apareceu para
aquecer as roupas do varal e nós e, quando surgiu foi com um sorriso tímido do
sem querer. Os profetas das chuvas, isto
é, os sertanejos experientes da zona rural, já declararam um ano de bom inverno
com chuvas moderadas. Aliás, maio está tendo mais frio do que chuva forte no
Sertão. Por outro lado, os meteorologistas anunciam o “El Niño” com seus
efeitos devastadores, dizendo que esse ano será o mais seco de todos. E quando
se fala em ano seco, sempre sobra para o Nordeste. Fica, desse modo, a
indagação quem estará certo a partir de hoje, com a chegada do inverno no Hemisfério
Sul, meteorologistas ou sertanejos?
É
certo que todos estão animados para o São João e São Pedro. Basta observar as
reportagens constantes na mídia sobre esse período festivo nas regiões de
Campina Grande e Caruaru. A alegria contagiante de tantos dias de festas,
representa essa mesma alegria de fartura no campo em todos os nove estados que
compõem a Grande Região Nordeste. É certo, porém, que a pujança estruturada
exibida em ambas as cidades, representa o auge dos festejos juninos que
representam todos os outros estados, porém, em maior grau ou menor, a animação
está em alta no Nordeste em todos os lugares, em cada recanto por pequeno que
seja. Isso porque o mês junino de festas já é uma epidemia boa enraizada em
cada pedaço nordestino. Comer pamonha, canjica e milho assado é um altíssimo
privilégio que ninguém pode arrebatar do nordestino.
Em
Santana do Ipanema mesmo, além dos festejos do mês de junho, julho vem aí com a
Festa da Juventude (a maior do estado) seguida, imediatamente pelos festejos à
Padroeira. Todas fazem parte da alegria, da fé e dos agradecimentos ao Divino,
direta ou indiretamente. A fartura dos dois meses estando garantida, deixemos o
El Niño para depois. Ninguém deve sofrer por antecipação. Mesmo assim, ainda
têm as esperanças dos profetas das chuvas que poderão apagar os efeitos
imaginários do fenômeno do Pacífico. Vamos aguardar. Aguardar sim, mas comendo
pamonha, canjica, milho assado e emborcando uma “branquinha de São João.
BOM
INVERNO PARA VOCÊ.
QUADRILHA
(EBC)
REDEMOINHO Clerisvaldo B. Chagas, 19 de junho de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.909 Esse negócio de ciclo...
REDEMOINHO
Clerisvaldo
B. Chagas, 19 de junho de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.909
Esse
negócio de ciclone que arrasa tudo por onde passa é de fato complicado e
aterrorizante. Ainda bem que esse bicho nunca passou aqui. O que conhecemos é apenas
a versão mínima do fenômeno chamado no sertão de pé-de-vento ou redemoinho.
Acontecia muito na Rua Antônio Tavares antes do calçamento, na periferia entre
o rio Ipanema e essa rua e na zona rural. O danado acontecia mais no verão e
formava-se repentinamente rodando, rodando com a poeira cobrindo no seu rastro.
A meninada gritava de lugar abrigado como incentivo/insulto ao pé-de-vento:
rapadura! Rapadura!... Nunca soube porque gritavam o nome rapadura. A ação do
vento não durava muito, era coisa efêmera, apenas jogava terra, papel de lixo e
outras coisas leves que encontrava pelo caminho e logo desaparecia. Era uma
diversão para crianças e adultos, quando olhavam de longe.
Quando
já adulto fomos encontrar esses redemoinhos pelos pés de serras, na estrada de
chão entre Poço das Trincheiras e Maravilha, por dentro. Nunca passamos por ali
para não encontramos pelo menos uma raposa atravessando a estrada e um ligeiro
redemoinho. O encontro do ar frio da serra da Caiçara com o ar quente da estrada,
um cenário perfeito para o fenômeno visto sempre na meninice. Assim como
fechávamos as portas de casa, fechávamos os vidros do automóvel. O fenômeno se
dá em dia de céu limpo. O chão aquece o ar e o faz subir. Esse ar é menos denso
e mais leve do que o que está acima dele. O encontro de ambos faz as duas
massas rodarem como um pinhão e se deslocarem rapidamente por alguns metros.
Isso
faz lembrar uma palestra com um antepassado: Um arruaceiro arranjou uma
encrenca com ele, mas nunca conseguiu eliminá-lo, apesar de sempre andar com um
rifle às costas. Um dia o arruaceiro foi exterminado numa diligência policial
fictícia, e ele como convidado, caiu na armadilha. “Uma limpeza para a região”,
diziam. Dias depois, o antepassado estava na roça quando se formou de repente
um redemoinho. O pé-de-vento saiu rodando com grande velocidade, levantado
poeira e envergando o milharal. O antepassado, homem sábio, disse: “É o
espírito de Fulano enraivecido”. E assim os fenômenos geográficos misturam-se
ao fenômeno espiritual. Bem, tá contado.
REDEMOINHO
(SUCESSO FM).
CANAPI Clerisvaldo B. Chagas, 19 de junho de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.908 Canapi é uma pequena e bo...
CANAPI
Clerisvaldo
B. Chagas, 19 de junho de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.908
Canapi
é uma pequena e bonita cidade típica sertaneja, situada no Alto Sertão
Alagoano. Sua planura impressiona quando observada da BR-316 que corta a urbe
na avenida principal no sentido Leste-Oeste. Fica no seu município o mais
importante entroncamento do Nordeste (dizem), onde existe um moderno e
permanente Posto Rodoviário Federal, na localidade Carié. Carié virou povoado e
ostenta uma das mais belas formações rochosas de Alagoas: o “serrote do Carié”,
monte em forma de lagarta e avistado de longe no relevo de depressão da
caatinga. O seu rio Canapi é um belo afluente do rio Capiá, o mais importante
do alto sertão do estado. O seu padroeiro é São José com os festejos no dia 19
de março e, o município já teve grande destaque no Governo Collor. Sua Emancipação
se deu em 22 de agosto de 1962.
Sendo
um típico município sertanejo, sua economia se baseia na agricultura
tradicional de região, feijão, milho, mandioca, macaxeira, melancia... E o
criatório bovino que vai ganhando corpo, principalmente na produção leiteira.
Canapi tem grande intercâmbio com sua vizinhança como Inhapi, Mata Grande e
Ouro Branco. Recentemente foi inaugurado o trecho asfáltico da BR-316, sentido
Santana do Ipanema – Inajá (PE) e que corta a cidade, facilitando o acesso aos
principais núcleos da sua região. Canapi é uma cidade de pouco movimento
urbano, sendo lugar ótimo para descanso e pesquisas, tanto na zona urbana
quanto na zona rural. Sua literatura já
registra alguns fatos atribuídos ao chefe cangaceiro Lampião e forças volantes
que atuavam naquelas planuras e no Maciço de Mata Grande.
No
município também estar localizado o famoso povoado Capiá da Igrejinha, cheio de
histórias de frades e igreja, mas também de muitos episódios do cangaço e
volantes. Banhado pelo rio Capiá, se
desenvolveu muito nas últimas décadas. Foi ali onde Lampião foi filmado pela
primeira vez, filme que correu mundo inteiro.
A
região tendo a cidade de Canapi como centro, é área excelente para os
estudiosos de Geologia e Geografia se quiserem apreciar ou pesquisar a paisagem
daquelas planuras onduladas que caracterizam a BR-316. Também de planuras sem
ondulações, o trecho Delmiro Gouveia – Olho d´Água do Casado, é paisagem
interessante e atraente. Canapi possui uma população de pouco mais de 17 mil
habitantes e foi emancipada em 22 de agosto de 1962, como dissemos acima.
Canapi, palavra indígena que significa “buraco na pedra”, também tem outra
versão.
Caso
dê certo, apresentaremos uma cidade sertaneja semanalmente.
CANAPI
E SUA PLANURA.

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.