INHAPI Clerisvaldo B. Chagas, 31 de julho de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.936   Inhapi, é um município al...

 

INHAPI

Clerisvaldo B. Chagas, 31 de julho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.936

 



Inhapi, é um município alagoano, situada no maciço de Mata Grande e dela emancipado. Estar situado numa média de 400 metros de altitude e seu título possui origem indígena tupi: “buraco na pedra”, referência aos lajeados côncavos que acumulavam água da chuva. Sua sede é progressista, mesmo sendo muito nova e sem indústrias de porte, tem mais de 18.000 habitantes, o que ultrapassa muitas cidades sertanejas famosas mais que não passam de 10.000 mil pessoas. Inhapi vive da agropecuária e do comércio urbano e seus munícipes são denominados “inhapienses”. Possui um relevo plano e de ladeiras suaves, sendo atualmente uma cidade bastante visitada que não fica de fora para os que querem conhecer os municípios alagoanos do extremo oeste.

Festas e mais festas acontecem em Inhapi. Uma delas é a da Emancipação que acontece na data de 22. 08. A Festa dos Reis no dia 6 de janeiro é um grande atrativo, mas a Festa da Padroeira Nossa Senhora do Rosário, celebrada em 7 de outubro dia da Santa, atrai toda a vizinhança e faz o povo inhapienses vibrar muito durante os seus festejos. Existem outras festas que adquiriram fama e já se tornaram pontos de encontros dos sertanejos do Alto e Médio Sertão. Todo ano tem o encontro dos Carreiros fazendo com que toda a região participe com seus carros de boi, de Carneiro, de bode, carroceiros e cavaleiros.  A culinária sertaneja de Inhapi e a sua paisagem campesina, alimentam o turista de novidades, gosto pela terra e vontade de voltar continuadamente.

Com Alagoas total asfaltada, fica fácil chegar até Inhapi saindo da capital Maceió e percorrendo uma distância de 271 Km pela BR-316, passando por Santana do Ipanema. Vindo pela dorsal AL-220, serão percorridos 298 Km, pelo Agreste de Arapiraca, Bacia Leiteira, Olho d’Água do Casado, etc.  O presente é que as cidades sertanejas não estão tão distantes uma das outras, permitindo se conhecer várias delas com um só destino. Em todos os lugares, atualmente, proliferam as pousadas, que são hospedagens mais simples, econômicas e objetivas onde o turista fica completamente à vontade. Em Inhapi não deve ser diferente.

Diga: “vamos ao Sertão de Inhapi”, e venha mesmo conhecer o buraco na pedra.

INHAPI (FOTO: PORTAL FÉRIAS)

 

 

 

  FARMÁCIA IPANEMA Clerisvaldo B. Chagas, 26 de julho de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.935   A busca por erv...

 

FARMÁCIA IPANEMA

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de julho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.935

 



A busca por ervas curativas sempre foi prestigiada por aqueles que precisavam de saúde.  Os nossos antepassados, não tendo médico na redondeza, apelavam para alguns conhecimentos dos donos de antigas farmácias chamadas boticas, era o boticário. Mesmo na época do boticário e antes disso, o sertanejo doente se fazia na reza e no mato. E quando falamos em mato, era a raiz, as folhas, as cascas, as flores e os frutos que curavam todos os tipos de mazelas. Porém, como ainda hoje, essa farmácia natural depende muito ainda dos conhecimentos do homem rural, cuja faina diária o torna um especialista no ramo, fica difícil. Muitos desses medicamentos milagrosos, como os antigos, ainda os encontramos no leito seco do rio Ipanema. Remédio para tosse, lombrigas, diabetes, pancadas, afinar o sangue, pedra na vesícula, aborto, menstruação, dor de cabeça e tantas outras mazelas que afligem o sertanejo.

Raramente um tipo de erva do leito seco do rio Ipanema e árvores encontradas, não são medicinais. Numa passada recente num determinado trecho do rio vimos carrapateira (mamona) Muçambê, urtiga, unha-de-gato, cardinho, vassourinha, quebra-pedra, capim-santo e tantas e tantas outras espécies. Mas como era bom andar nas trilhas com o garrafeiro (raizeiro) saudoso Ferreirinha que conhecia a serventia do mato como a palma da mão. A falta de médico até mais da metade do Século XX, fez criar fama raizeiros, parteiras e rezadores. Embora esses profissionais tornem-se cada vez mais raros, nunca deixaram de existir

Para quem quer fazer um balanço entre o passado sertanejo e o presente, pode sim, notar uma diferença até gigantesca, porém, a carência médica continua, independente de SUS, de hospitais, de clínicas particulares... Assim o homem do campo e da periferia ainda grita para a mulher: “Maria, vai ali no mato e me traga olhos de velame para afinar o sangue. Aproveite e pegue raiz de urtiga para fazer chá... “.

É verdade que a Educação teve uma melhora e tanta em todas as regiões sertanejas, embora o ideal ainda precise ser conquistado, mas na saúde ainda falta tanta coisa que uma relação bem feita iria hoje parecer sonho impossível.

É por isso que o leito seco do rio Ipanema continua sendo um celeiro de medicamentos.

LEITO SECO DO RIO IPANEMA FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO).

 

 

 

 

  CARRO VOADOR Clerisvaldo B. Chagas, 25 de julho de 2023 Escritor Símbolo do sertão Alagoano Crônica: 2.934   Quando eu era rapaz...

 

CARRO VOADOR

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de julho de 2023

Escritor Símbolo do sertão Alagoano

Crônica: 2.934

 



Quando eu era rapazinho, um cidadão de fora colocou uma casa de aluguel de bicicletas que funcionava no “prédio do meio da rua”. Ah! Isso era uma grande novidade para a juventude que não tinha acesso à compra de uma bicicleta nova e, nem sequer havia lugar de venda na cidade. Andar de bicicleta era coisa rara e quase fantástica, assim como muitos e muitos anos depois, a irmã holandesa Letícia usava esse veículo para se deslocar ao trabalho. Com o hábito de freira sem nada atrapalhar, a irmã passeava de bicicleta com a maior desenvoltura chamando atenção de todos os santanenses. Costume da Holanda posto em prática por aqui, cuja população jamais vira uma freira naquelas condições. Os hábitos da irmã surpreendiam até na hora de tomar um cafezinho sem açúcar.

Mas voltando ao aluguel das bicicletas, pouco tempo depois, o cidadão daqueles serviços deixou o “prédio do meio da rua” e mudou-se para um compartimento à Rua Coronel Lucena, defronte ao chamado Beco de seu Abdon. Era uma beleza! O preço do aluguel por uma hora era bastante razoável e cabia no bolso da meninada sequiosa por algo novo em suas diversões, além dos jogos de ximbras, pinhões, bola, gangorra, e banhos no rio Ipanema. Além do aluguel barato, o dono do negócio era muito paciente e tranquilo, coisa que transmitia segurança. Era ele mesmo quem consertava e ajustava as peças do veículo de duas rodas. Lembranças vêm de um dos dentes da corrente que penetrou no meu dedão do pé e deu um trabalho danado para sair.

Diante do anúncio nacional em que a Embraer via iniciar sua fabricação de carro voador, em São Paulo, fizemos uma comparação dos anos 60, no caso dos veículos. E lá atrás cada carro diferente comprado por alguém da cidade, era notado de pronto nessa urbe cujo tempo passava devagar. O carro de boi continuava em evidência, o cavalo esquipador, o carro lustroso de praça, ou a sopa que fazia o trajeto interior – capital. Até mesmo o famigerado “Zepelim” – balão dirigível em forma de charuto – foi sucesso absoluto por aqui. Tudo isso sem contar com a correria de adultos e adolescentes para contemplarem de perto os aviões tipos teco-teco que aterrissavam no campo de aviação a 3 km do centro da cidade. Será que a EMBRAER vai colocar em Santana do Ipanema, uma CASA DE ALUGUEL DE CARRO VOADOR?

 

AVIÃO TIPO TECO-TECO.