TEMA DA BIENAL Clerisvaldo B. Chagas, 10 de agosto de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.943   Virgulino Ferrei...

 

TEMA DA BIENAL

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de agosto de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.943

 



Virgulino Ferreira e irmãos, durante suas desavenças com a vizinhança, em Pernambuco, veio com os pais morar em Alagoas, em 1918. Aqui chegando, foram morar em Água Branca, no sítio Olho d’Água. A família viera a convite do parente Antônio Matilde que viera antes, também fugindo de Pernambuco. Acontece que a 1 km de onde ficaram morando, viviam os cangaceiros mansos, irmãos Antônio, Manoel e Pedro Porcino. Como os semelhantes se atraem, logo os Ferreiras estavam entrosados com os Porcino, reforçando aquele bando com mais Antônio Matilde e Marin, cunhado de Virgulino que também estava em Alagoas visitando Matilde. O bando de Antônio Matilde, acolheu os irmãos Ferreira e os Porcino também, às vezes atuando jutos e outras vezes separados.

Virgulino e irmãos atuavam no bando de Antônio Matilde, indo também a Pernambuco com ele, onde praticavam roubos e arruaças. Outras vezes saiam com os Porcino que assaltavam estradas. Virgulino ficou trabalhando com o Coronel Juca, em Mata Grande, onde cuidava dos cavalos. Entre uma folga e outra, andava pelas feiras da Pedra, de Mata Grande e de Água Branca, fazendo arruaças, outras vezes juntos aos Porcino, peal região, inclusive no atual Ouro Branco. Assim, entre arruaças com os irmãos, o bando dos Porcino e o bando de Antônio Matilde, os Ferreira iam cometendo seus absurdos em terras alagoanas. Donos de terras de Pernambuco vieram se queixar ao juiz de Água Branca, de roubos de Virgulino em suas terras.

No fórum, diante das provas dos queixosos, Virgulino, na frente do juiz, puxou um longo punham rasgou os documentos apresentados, botando o homem para correr. Correu também. O juiz mandou o delegado prendê-lo e declarou os Ferreiras bandidos. Houve muitos tiroteios, mas não conseguiram prender Virgulino.

 Muitos desses acontecimentos com detalhes vão ser apresentados na Bienal, dia 12, das 14 às 16 horas, sala Mangaba em mesa redonda, quando debateremos “Lampião em Alagoas”, eu e meus dois companheiros escolhidos.

Esperamos a sua presença no debate sobre o único livro que fala totalmente em Lampião nas Alagoas. Vamo-nos conhecer, trocar gentilezas, autógrafos e experiências positivas.

  FURANDO O TEMPO Clerisvaldo B. Chagas, 8 de agosto de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.942   Difícil era se d...

 

FURANDO O TEMPO

Clerisvaldo B. Chagas, 8 de agosto de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.942

 



Difícil era se deslocar do Sertão para Palmeira dos Índios e Maceió.  Qualquer coisa que se precisasse em Palmeira dos Índios, a viagem seria feita através de caminhão, ou na boleia ou na carroceria igual a qualquer amontoado de algodão, de suínos ou de carvão. Enfrentar uma estrada poeirenta e esburacada no verão e cheia de atoleiros no inverno, era coisa humilhante e sem esperanças. Houve época que para se chegar a Maceió, após o caminhão até Palmeira dos Índios, dormia-se ali em qualquer hotel e, pela madrugada, ainda no escuro da cidade sem luz, procurava-se a estação do trem para embarcar e partir via – cidade de Viçosa. E olhe que já era um relativo conforto, pois antes do trem em Palmeira, fazia-se o trajeto sertão até Viçosa a cavalo para dali embarcar no trem até a capital.

Quando o asfalto chegou a Palmeira dos Índios (o primeiro do estado) no início dos anos 50, Surgiu também em Santana do Ipanema, uma ônibus, chamado naquela época de “sopa”, e cujas bagagens viajavam no teto da sopa, parte externa, cobertas por uma lona. Em Maceió o ponto final acontecia no famosíssimo “Hotel Lopes”, vizinho a antiga praça da Faculdade de Direito. Em Santana do Ipanema, pontos de saídas e chegadas eram diante da Igrejinha de Nossa Senhora Assunção (Bairro Monumento) e na Pracinha do Centenário (Centro) onde havia uma bomba de gasolina, três bancos sem encostos e um obelisco.

Mas em 1951, a estrada de rodagem do governo havia cruzado Santana do Ipanema, rumo ao Alto Sertão. Aproveitando a primeira ponte sobre o rio Ipanema, foi construída uma barragem tendo como paredão a parte de baixo da referida ponte. A barragem serviria para abastecer Santana que ainda não dispunha de água encanada. Quando os operários (cassacos) do DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra a Seca, terminaram a obra, muitos deles, de fora, quiseram permanecer na cidade, no acampamento. Surgiu assim do acampamento, o Bairro Barragem que ainda hoje permanece com esse nome. Surgiu, muitos anos depois, um filho da Barragem, por trás do casario ao longo da rodagem, a que o povo denominou de Bairro Clima Bom. Do outro da rodagem que era desabitado, surgiu um complemento moderno e bonito do Bairro Barragem que até poderia ter recebido um nome novo de bairro.

Nenhum escritor registrou essas histórias, infelizmente. A propósito, os cassacos do DNOCS, ganhando pouco, diziam, soletrando e interpretando a siga da repartição: “Deus não olha cassaco sofrer”.

PARTE NOVA DO BAIRRO BARRAGEM MARGEANDO O RIO, VISTA DE LONGE (FOTO: B. CHAGAS).

  MATA GRANDE Clerisvaldo B. Chagas, 7 de agosto de de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.941   Estamos encerrand...

 

MATA GRANDE

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de agosto de de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.941

 



Estamos encerrando a série de cidades montanhosas do Maciço de Mata Grande, extremo Oeste de Alagoas, após Água Branca, Inhapi e Pariconha. O município de Mata Grande já teve seu auge histórico tanto quanto se chamava Paulo Afonso, quanto na denominação moderna de Mata Grande. Tem muitos destaques físicos e mil histórias para contar. Foi a cidade alagoana que repeliu ataque de Lampião e seu bando, impedindo-o de entrar na urbe. Situada a uma altitude de 635 metros, a cidade dista da capital, Maceió, 280 Km. Mata Grande possui uma população de mais de 21.000 habitantes e que são chamados mata-grandenses. Seus grandes festejos de Emancipação Política acontecem no dia 5 de junho, data da sua Emancipação em 1902.

 O aspecto de Mata Grande é diferente de tudo que você já viu. Ladeirosa, agradável e bela, a sua padroeira é Nossa Senhora da Conceição celebrada em 22 de dezembro, dia em que a cidade toda se engalana e demonstra toda a fé dos corações dos seus munícipes. Suas terras de altitude são férteis e sua vegetação antiga e arbórea permitiu que o município chegasse ao título oficial que possui e se consolidou. Quanto ao alcance da sua agricultura, é bom dizer da satisfação que se tem de uma listagem galante: algodão, banana, cana-de-açúcar, cebola, feijão, laranja, mamona, mandioca, manga, melancia, melão, milho, tomate... E por aí vai.

Mata Grande muito abasteceu a região e além região, de rapaduras, graças aos seus engenhos rapadureiros, assegurados pela cana-de-açúcar, bafejada pela a sua altitude. A paisagem das montanhas encanta acumulando belezas por todos os recantos do relevo e traduz um orgulho alagoano: o pico mais alto do estado de Alagoas: a serra da Onça, nos seus arredores, com mais de 1.000 metros de altitude. Ultimamente a cidade ganhou acesso asfáltico também com intercessão pela BR-316. Pode-se se chegar a Mata Grande pela rodovia AL-145 Água Branca – Mata Grande, também

Quem conhece valoriza.

Vamos lá!