PIRANHAS Clerisvaldo B. Chagas, 3/4/5 de agosto de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.956   Piranha remonta ao ...

 

PIRANHAS

Clerisvaldo B. Chagas, 3/4/5 de agosto de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.956

 



Piranha remonta ao século XVII quando o lugar era chamado “Tapera”, naturalmente pela existência de um rancho pobre na beira do rio. Conta a tradição que um caboclo pescou uma piranha grande num riacho, próximo, mas chegando em casa havia esquecido o cutelo. Mandou buscar o cutelo no riacho da Piranha e assim a denominação ganhou corpo com o tempo. Houve muitas marchas e contramarchas, mas o nome Piranhas firmou-se definitivamente na cidade e novo município. Piranhas cresceu e se emancipou de Pão de Açúcar. Possui uma população de mais de 25.000 habitantes chamados piranhenses. A padroeira da cidade é Nossa senhora da Saúde comemorada em 2 de fevereiro. Piranhas, situada à margem esquerda do Rio São Francisco está a 88 metros de altitude e a 269 quilômetros de Maceió.

A cidade tem relevo ladeiroso em afastamento do rio, casas coloridas e distribuição como um presépio. Essa expressão cidade-presépio foi dita por mim, na penúltima vez que ali estive e nunca tinha ouvido essa expressão antes. Piranhas vive do comércio, da agropecuária, da pesca e, atualmente, do turismo paisagístico e do turismo do cangaço, pela proximidade do lugar sergipano onde morreu Lampião.  Vale salientar que a hidrelétrica de Xingó, representa também um atrativo turístico durante o ano todo. Ali, o saudoso cantor Altemar Dutra, sempre estava a visitar e cantar pelas noites românticas e enluaradas da cidade-presépio. Uma visita, vinda de Maceió, mesmo que seja de apenas um dia, vale à pena e fica sempre com o gosto de “quero mais”.

 A cidade já possuiu estrada-de-ferro com a linha Piranhas Jatobá-PE e que também foi utilizada por forças volantes de combate ao cangaço. Pode-se alugar canoa e guia para uma viagem até a Grota dos Angicos, Sergipe, onde foi assassinado o cangaceiro maior. Modestas pousadas, banho no rio, mirantes espetaculares, visita a hidrelétrica de Xingó, passeio nos cânions e culinária do São Francisco podem lhe deixar apaixonado.  Depois da primeira novela da Globo, no lugar, Piranhas passou a ser conhecida e cobiçada no Brasil inteiro.  Se eu fosse você, reuniria à família e mandava ver pneu na estrada.

PIRANHAS (AUTOR NÃO IDENTIFICADO).

 

 

 

    QUANDO VIER A PRIMAVERA Clerisvaldo B. Chagas, 1 de setembro de 2023 Escrito Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.955   Não...

 

 

QUANDO VIER A PRIMAVERA

Clerisvaldo B. Chagas, 1 de setembro de 2023

Escrito Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.955

 



Não lembro o que estava fazendo naquela manhã ensolarada, mas o bancário Ulisses Braga, do Banco do Brasil, convidou um resumido grupo de adolescentes, para ir até a AABB – Associação Atlética Banco do Brasil. O clube, relativamente novo, era inalcançável para o restante dos mortais que não fossem bancários, principalmente pela arrogância de uma madame que se achava acima do mundo cotidiano. Ulisses, bancário sem frescura, altamente inteligente e conversador, não mostrava, mas descrevia as maravilhas do computador, uma novidade ainda e, para poucos. A rotina ainda era a máquina de datilografia. Ficávamos encantados com aquela narrativa de Ulisses sobre o PC. Depois ele começou a passar belas canções musicadas e de bom gosto. Entre elas estava uma que nunca esqueci: “Quando Setembro Chegar”.

O bancário casou depois com uma filha do comerciante Abilio Pereira. A madame chata (Deus lhe perdoe os pecados) está hoje passando maus momentos, segundo o povo. Ulisses foi embora de Santana e que também viera de fora e, nunca mais tive notícias sobre ele. Mas, a música “Quando Setembro Chegar”, iluminou muito a minha vida. Foi como se dissesse: o amanhã será muito melhor do que hoje. Sol, Flores e perfume após inverno cinza e rigoroso.       

Chegou o mês de setembro, em breve virá a primavera, trazendo esperanças e bondades para o interior de todos nós. É o globo inteiro aguardado “quando a primavera chegar”. Vamos ouvir as duas páginas musicais?

Atualmente nem posso falar em ausência de computador. Meu companheiro de todas as horas, facilitador dos nossos sentimentos. Quanto vale uma cena despretensiosa, simples, humana, para o futuro de nossas vidas! São marcos gravados a fogo que iluminam as nossas almas nos momentos mais difíceis. Lembranças que nos emocionam e nos trazem lágrimas de felicidades há muitos recolhidas. E quanto mais distante da terra que nos viu nascer, mais profundos realçam os sulcos felizes do passado, onde não nos interessa o porão das humilhações que são partes robustas do nosso aperfeiçoamento nesta encarnação.

Deixe a lágrima fluir....

Quando a primavera chegar...

SERTÃO PRIMAVERA (AUTOR NÃO IDENTIFICADO).

 

  E AGORA? Clerisvaldo B Chagas, 30de agosto de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.954   Seguindo rigorosamente a...

 

E AGORA?

Clerisvaldo B Chagas, 30de agosto de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.954



 

Seguindo rigorosamente a tradição, agosto foi mês de frio e das últimas chuvas do nosso inverno sertanejo alagoano. Dias mais, dias menos da primeira quinzena, “últimos tamboeiros do inverno”, segundo o saudoso poeta, Rafael Paraibano. O Sol mais fraco reinicia o domínio e logo robustece o “pega fogo” Mesmo faltando alguns dias para a Primavera, o inverno já foi consolidado dentro das previsões dos “profetas das chuvas” que não erraram em nada. Observar o mundo, o clima no Hemisfério Norte, as ações naturais na terra, o aquecimento das águas do Oceano Pacífico, enchentes, incêndios e o blábláblá dos homens. Pelo menos até agora, o boi está de barriga cheia e provoca o suspiro de alívio da Agropecuária. A safra foi colhida ou falta pouco e, o restante do ano, nós sertanejos raiz, entregamos tudo nas mãos do Senhor dos Mundos.

A frieza foi enfraquecendo e, como se diz por aqui: “O verãozão tá pegado”. Logo cedo, mesmo antes da barra do dia, alguns tipos de pássaros começam os remexidos nos ninhos com seus chilrear urbano. E quando o relógio marca 5.15 começa a surgir a tímida claridade de um novo amanhecer. As portas estão cerradas, as ruas estão desertas, os gatos ainda dormitam antes do reconhecimento diurno, cujo lixo de recolhimento é atração instintiva. Apagam-se as últimas luzes dos postes. Não passam mais os bandos do Espanta-boiada, como nas madrugadas chuvosas. Vozes se aproximam... São dos primeiros corajosos à caminhada antes da barra. Começa o preparo do cuscuz fumegante, do café gostoso do novo dia de inverno sem chuva.

Assim o mês “perigoso” de agosto vai chegando ao fim. Perigoso porque ficou estigmatizado por ter acontecido grandes tragédias nacionais em trechos dos seus trinta e um dias.

 Já o meu pai que nascera em agosto, celebrava aniversário e Dia dos Pais, muito próximos. Dizia gostar muito do mês de nascimento e que “agosto era igual a todos os outros”. O que geralmente pensamos é que, passado esse período, estamos praticamente no final do ano, quando todas as atenções da economia do país começam a se mexer muito cedo visando Natal e Ano Novo. E sobre o tempo, deixe que venha o El Niño, as previsões sobre as coisas do céu. Tudo é de Deus.

CÉU DO MANHECER EM 22 DE AGOSTO, 5.15 HS, EM SANTANA DO IPANEMA (FOTO: B. CHAGAS).