SERTÃO BRABO   Clerisvaldo B. Chagas, 15 de novembro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.997   Ê meus amigos ...

 

SERTÃO BRABO

 Clerisvaldo B. Chagas, 15 de novembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.997

 



Ê meus amigos e amigas, a temperatura é aquela de primavera, onde, aqui no Sertão passa muito dos 32 graus, pelo dia e, em altas horas da noite pode chegar aos 21 graus centígrados. Isso está acontecendo com frequência, em Santana do Ipanema. Este é o fenômeno geograficamente conhecido como “amplitude térmica”. Uma diferença absurda de temperatura entre o dia e a noite. Isso faz com que até as pedras grandes sejam quebradas através de rachaduras, podendo cada parcela dessas rachaduras produzirem mais parcelas menores até às formações dos chamados pedregulhos. Geralmente apreciamos apenas as rachaduras primeiras dessas pedras, as quais tornam-se refúgios ou moradias de cobras, lagartixas, calangos e formigas. Em várias dessas rachaduras de pedras mais próximas do solo, algumas espécies vegetais costumam germinar como o angico e a craibeira.

No momento atual, como é de praxe, venta muito e já se tornou conhecido como novembro, o mês dos ventos. O céu muito azul às vezes sem uma única nuvem, outras vezes, parcialmente nublado. O Sol, ora queimando muito, ora mais ameno, mas as noites, principalmente na zona rural, registra queda na temperatura e faz realmente frio. Tem que se agasalhar. O Sertão inteiro acumulou muita água nos barreiros, nos açudes... Mas a vegetação neste quase meado de novembro, já se apresenta crestada pela estiagem. Os montes que circundam Santana do Ipanema, mostram bem como se encontra também a zona rural.

Estamos sempre sujeitos aos caprichos do tempo, mas nós, pessoas do campo e pessoas da cidade, aguardamos as conhecidas trovoadas cuja esperanças iniciam com o mês de novembro e que pode passar em branco até o mês de fevereiro. Uma trovoada pode se formar do nada e chegar de repente em qualquer um dos meses do período citado. As trovoadas, são chuvas rápidas, abundantes, cheia de raios e trovões, que enchem todos os reservatórios de água do sertanejo. É um elo entre a estiagem e o futuro inverno. É este o quadro atual do Sertão, descrito para aqueles que deixaram a terrinha e querem notícias do torrão abençoado.

Ô Sertão brabo!

Ô Sertão heroico!

CÉU DE SANTANA DO IPANEMA DE 14 DE OUTUBRO (FOTO B. CHAGAS).

 

  MOENDO CAFÉ NO PODCAST Clerisvaldo B. Chagas, 14 de novembro de 2023 Escritor símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.997   Quem n...

 

MOENDO CAFÉ NO PODCAST

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de novembro de 2023

Escritor símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.997



 

Quem não conhece o famosíssimo álbum musical Poly e Seu Conjunto, “Moendo Café”? Páginas divinais a que Deus permite aos homens. E para quem passava às férias de criança no povoado Pedrão, de Olho d’Água das Flores, Polly é uma verdadeira fonte de saudades. O café era torrado e seu grandes tabletes pilados num pilão bruto de pé. Uma mulher morena e de idade, pilava o café com rapadura, cujo cheiro forte, gostoso, irresistível, levado pelo vento, transcendia o terreiro amplo da casa e inebriava passantes e até as abelhas dos pomares da vizinhança. O convite para o podcast do jornalista Lucas Malta e do advogado Mário Bruno – Café do Moído – coincide e complementa a fase de criança onde colhia material para meus futuros romances históricos-regionalistas.

O café com moído é um moído gigantesco de palavras que remonta à torra de café do povoado acima. Da minha parte não sei se o aroma atingiu a proporção enviada outrora pelos pilões que asseguravam alimentação do olfato. Mas, sentado diante dos donos da moenda, resisti ao cerco da dupla inquiridora que abrilhanta o Moído. Três horas de bate-papo revolvendo os mais diversos aspectos da “Rainha do Sertão”, representam apenas uma pitada da grandeza histórica, social e dinâmica de Santana do Ipanema que ainda implora para ser desnudada. O podcast da noite de quinta-feira dia 9, foi um encontro profundo de gerações e um vazamento vigoroso pelas rachaduras da história. E quando a história vaza, escorre lavas quentes, mas também diamantes que enriquecem seus coletores.

Portanto, estou agradecendo de coração, como diria o vereador Tácio Chagas Duarte, saudoso primo, pelo convite, recepção e oportunidade de esclarecimentos ao povo santanense. Agradeço também aos que indagaram, compartilharam ou apenas escutaram o podcaster da quinta (9). Por outro lado, parabenizo o empreendimento, a gentileza e a desenvoltura dos idealistas Lucas Malta e Mário Bruno, assim como vão, essas efusões a Santana do Ipanema pelo alto nível do Moído, com a dupla que eleva o nome do município aos píncaros da comunicação. Continuo às ordens de todos os meios de comunicação para conversas e mais conversas em prol da nossa terra a exemplo da Rádio Cidade.

Abraço a todos os munícipes.

CLERISVALDO À ESQUERDA NO MOÍDO (FOTO DE ESTÚDIO)

 

  MINADOR DO NEGRÃO Clerisvaldo B. Chagas, 12 de novembro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.995   Quem quer c...

 

MINADOR DO NEGRÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de novembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.995



 

Quem quer chegar ao Sertão vindo de Maceió pela BR-316, vai encontrar a primeira cidade sertaneja no limiar do Agreste. Após passar em Estrela de Alagoas (Agreste) chega-se ao acesso da cidade de Minador que fica a alguns poucos quilômetros da BR, em direção ao Norte. Minador do Negrão é uma cidade com um pouco mais de 5.000 habitantes e foi originária de uma fazenda de gado. Seu nome vem de uma fonte de água cristalina e de boa qualidade que existia nas terras do seu fundador, Félix Negrão. Antes, pertencente a Palmeira dos Índios, foi emancipada em 27 de agosto de 1962. Portanto, no mês de agosto temos uma das grandes festas da cidade. Minador do Negrão tem intercâmbio forte com Palmeira dos Índios e com Pernambuco devido a sua proximidade com ambos os lugares.

Já houve muitos embates violentos por ali, mas atualmente não se houve mais falar sobre esses assuntos e a cidade, apesar de pequena, nota-se o progresso que experimenta essa nova geração. Minador dista 169 km de Maceió e está situada a 270 metros acima do nível do mar (altitude). O município vive da agropecuária e, apesar de distante do núcleo, faz parte também da Bacia Leiteira Alagoana. Ainda dos seus eventos mais importantes é a festa da Padroeira Nossa Senhora das Graças que atrai devotos e turista do Sertão, Agreste e visitantes do estado de Pernambuco. Grande atração também é o Baile dos Casados, onde se exige comprovante da união do casal.

Geograficamente não existe uma separação Agreste/Sertão, retilínea, existem muitos meandros, Sertão recua e avança assim como o Agreste, como explicava o geógrafo Ivan Fernandes. Então fazemos uma divisória a grosso modo.  O rio Traipu, um dos três mais importantes do Sertão marca essa divisa entre Agreste e Sertão. Tanto pela BR quanto pela AL. E, no caso, Minador do Negrão, cidade, está bem próxima ao citado rio. O gentílico negrense, isto é, negrense é quem nasce em Minador do Negrão. A feira semanal da cidade se desenvolve e fica do mesmo tamanho das feiras de municípios vizinhos, sendo fonte de renda assegurada no complemento da agricultura, da pecuária e do comércio fixo. Você já foi a Minador?

MINADOR DO NEGRÃO (FOTO: DIVULGAÇÃO)