SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
O MINGAU DO GRUPO Clerisvaldo B. Chagas, 22 de outubro de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.132 Para a crian...
O
MINGAU DO GRUPO
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de outubro de 2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.132
Para a criançada de Santana do Ipanema, o Grupo
Escolar Padre Francisco Correia, no Bairro Monumento, ainda era o melhor lugar
fechado da cidade tanto para estudar quanto para se divertir. Era muito bom
quando dona Prisciliana, já de certa idade, tocava a sineta para o recreio.
Saíamos todos para o enorme pátio ao lado, piso de terra cercado de muretas
baixas. Antes da saída para o pátio recebíamos o lanche da escola que, na
época, era apenas uma caneca de plástico rígido de mingau. Sim, o mingau tinha
uma cor marrom bem clarinha, cheiro bom, mas enjoativo. Às vezes bebíamos.
Outras vezes, após o primeiro gole, derramávamos o líquido sobre a areia do
terreno. Aquilo devia ser bastante nutritivo, mas era enjoativo, talvez pelo
excesso de açúcar.
Isso, aproximadamente em torno de 1954. Dona
Prisciliana era ainda da turma fundadora do Grupo e naquela função: apenas
bater a sineta, puxando num cordão, para o recreio e para o final das aulas.
Viera da fundação desde o ano de 1938. Foi ali onde fui vacinado contra a
“Influenza”, pela primeira vez. Era uma equipe volante da Saúde e lembro bem
apenas de um dos membros da equipe, o senhor José Chagas. A vacina era aplicada
no braço com uma pena de escrever, tipo daquelas que se usava molhando a ponta
de metal num tinteiro. O vacinador arranhava aquele troço na pele da gente e
que deixava para sempre a cicatriz. As bancas compridas de madeira e ferro, cabiam
dois alunos. Se não estiver enganado o recreio durava meia hora. A diversão
para os meninos era brincar de pega, ximbra ou pinhão.
Não estudei no Grupo com minha mãe, que era um
doce de pessoa, mas gostava muito da professora Maria de Lourdes Queiroz. O
grupo finalmente foi reformado no início do Século XXI. Por ali passaram muitos
alunos importantes que iriam se destacar dentro e fora de Alagoas em todas as
áreas, inclusive um futuro governador. O Grupo Escolar Padre Francisco Correia,
estar aniversariando com suas 86 velinhas, este ano. A mesma idade do prédio do
Ginásio Santana, joias da coroa santanense.
Orgulho em ser Nordestino, alagoano sertanejo.
GRUPO POUCOS DIAS APÓS REFORMA. (FOTO: B.
CHAGAS/LIVRO 230).
PADRE BULHÕES/CADEIA VELHA Clerisvaldo B. Chagas, 21 de outubro de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3. 131 Vi...
PADRE
BULHÕES/CADEIA VELHA
Clerisvaldo B. Chagas, 21 de outubro de 2024
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3. 131
Vimos anteriormente que Santana do Ipanema era
o maior município de Alagoas, até, aproximadamente, 1950. Pertenciam a ela as terras
do atual município de Carneiros, com os sítios rurais, “Mundo Novo” e “Bom
Consolo”, entre outros. Pois bem, certa feita, quando o padre Bulhões estava na
Igreja, em Santana, observou do altar que um matuto entrara na igreja com um
cigarro apagado no bico e de chapéu que não tirou da cabeça. Ficou observando
de lá o movimento do povo que chegava para a missa do sábado dia de feira. Viu
quando o matuto se aproximou de um dos altares onde havia uma vela acesa e
tentava acender o seu “boró” (cigarro de fumo de rolo). Aproximou-se do matuto
e indagou primeiro: “De onde é o amigo? “Do Mundo Novo”, respondeu o
agricultor. O padre coçou a cabeça e rebateu: “Só sendo do Mundo Novo, porque
no mundo velho de meu Deus, ninguém acende braço de Judas em vela de altar...
“. (Cigarro de fumo de corda, também é chamado por aqui de “braço de Judas’.
Por outro lado, no tempo da chamada “Cadeia
Velha”, na Rua Antônio Tavares, chegara a Santana uma guarnição sob o comando
de um sargento brabo e ficara aquartelada na dita Cadeia Velha. Certo dia, ao
passar por ali um cidadão tangendo uns burros, estalava o relho como rotina do
seu ttrabalho. O sargento tomou o relho do condutor e, nervoso, disse que
detestava estalos de relho e chegou a ameaçar com uma surra o cidadão. Ora!
Logo cedo do outro dia, surgiu defronte à Cadeia Velha, um proprietário rural,
estalando um relho diante da porta, passando para lá e para cá diversas vezes,
propositadamente. Gritava na rua: “Cadê o sargento brabo daqui para vim tomar
meu relho e me dá uma pisa! E se triscar num só cabelo do meu padrinho fulano,
a desgraça tá feita! Eu sou Brasiliano do Bom Consolo, venha tomar meu relho
agora, seu fio da peste!
Foi assim que Bom Consolo e Mundo Novo
conseguiram registros na história de Santana do Ipanema. Atualmente, procurando
o nome de uma comunidade rural dos Carneiros, descobri no mapa os nomes dos
sítios citados acima: Mundo Novo e Bom Consolo. Aproveitei para contar os fatos
aos meus queridos leitores. Entretanto, estou procurando onde ficam as comunidades
Lagoa do Rancho e Santa Luzia, você sabe?
HISTÓRIA DO SERTÃO Clerisvaldo B. Chagas, 18 de outubro de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.130 Você sabia?...
HISTÓRIA
DO SERTÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de outubro de
2024
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.130
Você sabia? O município de Santana do Ipanema,
era então, o maior de Alagoas. Começou a sua redução territorial a partir de
17.9.1949, quando cedeu terras, para a Emancipação Política do lugar
“Sertãozinho”, que passou a ser chamado de Major Isidoro. Mesmo assim lembro
ainda criança que na década de 50, no povoado olhodaguense do “Pedrão”, minha
tia Delídia ainda chamava a nova cidade de “Sertãozinho”. Em 2.12.1953 - meu aniversário - Mais uma vez Santana do
Ipanema perde território e, desta feita para a vila de Olho d’Água das Flores.
Era a vila altamente agrícola e merecia mesmo ter vida própria. Cinco anos
depois Santana perdia mais terras, encolhia com a Emancipação do povoado Capim,
em 24.4.1958, cujo lugar passou a ser chamado de Olivença.
Ainda no mesmo ano de 58, Santana perde mais
terras e desta feita para o antigo Olho d’Água da Cruz, Poço das Trincheiras
que se emancipou em 15.71958 com o mesmo nome de Poço das Trincheiras. Neste
ano de 1958, foram três emancipações, pois Santana ainda teve que perder parte
de sua extensão também para o povoado Cova de Defunto em 15.7.58. Perdemos,
então, dois povoados no mesmo mês e no mesmo ano. Cova de Defunto passou a ser
denominada de Maravilha. Quatro anos depois, novamente podaram Santana do
Ipanema com a Emancipação de Olho d’Água do Chicão em 27.3.62 e que recebeu o
nome de Ouro Branco. Não senhor, não parou por aqui.
No dia 11.7.62, mesmo ano acima, perdemos
também o povoado Carneiros cuja emancipação conservou o mesmo título de
povoado, Carneiros. Os ávidos políticos por prestígio, votos e poder de
prefeito, continuaram formando novos municípios, em Alagoas. Assim, foi
emancipado o antigo lugar “Usina”, Riacho Grande para se transformar em Senador
Rui Palmeira na data 13.5.1982. Foi o último até agora que resolveu caminhar
sozinho.

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.