SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
ABANDONO – SAUDADE Clerisvaldo B. Chagas, 26 de junho de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.255 Não é especif...
ABANDONO
– SAUDADE
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de junho de
2025
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
3.255
Não
é especificamente, saudosismo, mas alguma coisa mexe com a gente, diante da
decadência da nossa agremiação. Mais uma vez passei pela rua lateral do Estádio
Arnon de Mello e contemplei o muro alto, desgastado e cheio de lodo. Por
coincidência encontrei na Rua Santa Sofia (rua principal do Estádio) dois
atletas dos áureos tempos do Ipanema: Zé Cuinha e Severiano. Este agora com o
apelido de “Paraná” e ainda exercendo de mecânico. Com a morte do Ipanema, todo
o esporte santanense veio abaixo. Entretanto, vem a nós também o conhecimento
das dificuldades em se manter um clube de futebol numa cidade do interior sem
indústrias, sem a verba de prefeitura, sem uma outra fonte de renda que possa
sustentar toda uma estrutura das precisões de um clube, imediatamente ou não.
Além disso, a habilidade que deve ter uma administração é fundamental nos
destinos de qualquer agremiação.
Quando
a direção é séria, tem o dever de ser criativa idealista e inovadora, para que
haja êxito no destino dos seus comandados. No meio de tudo isso, conheci
dirigentes egoístas que tudo que queria parecia ser apenas serem chamados pela
função do cargo que exerciam. Difícil
fazer milagres sozinho, mas se pode fazer parte do milagre. E assim fui me
afastando do alto muro mal retratado e nem tive a iniciativa nem a coragem de
tirar uma foto da murada altamente maltratada pelas intempéries. Recusei a mim
mesmo voltar novamente à Rua Santa Sofia pela parte frontal de estádio,
adentrar a arena vazia e passar o rabo de olho na conservação interna. Ah! Se
eu que era torcedor do meu querido “Canarinho do Sertão” estava tristonho com
as cenas vistas, imaginem estas cenas avistadas por torcedores fanáticos!
Bem diz o poeta: “Tudo passa na vida, tudo passa, mas nem tudo
que passa a gente esquece” (tema de cantoria de viola em martelo agalopado).
É...
Deixe o tempo passar
SANTANA
DO IPANEMA (FOTO: B. CHAGAS).
O SANTO Clerisvaldo B. Chagas, 20 de junho de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.254 Ainda não sou devoto de ...
O
SANTO
Clerisvaldo B. Chagas, 20 de junho de
2025
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
3.254
Ainda
não sou devoto de São José, mas um admirador de muito respeito ao pai de Nosso
Senhor. Segundo o que sabemos sobre ele, fica evidente no meu peito essa
admiração grande. Homem pacato, tranquilo e muito trabalhador, São José exercia
a profissão de carpinteiro. Isso também vai nos indicar por outro lado, essa
profissão que hoje ainda se encontra em evidência, seja nas capitais, seja no
interior. É diferente do marceneiro, pois marceneiro faz e conserta móveis. enquanto
o carpinteiro trabalha fazendo muitos outros tipos de objetos de madeira, mas
não faz móveis. E se entramos nesse
mérito, ainda podemos apontar o Carapina que trabalha com madeira para ser
usada na estrutura de casas. Surgem eles bastante na zona rural, em construção
civil.
O
certo é carpina, mas existe essa variedade, carapina, vinda do Tupi karapina
que era uma espécie de pica-pau. Por causa disso, o profissional que trabalha
com madeira usada nas construções de casa, pegou o apelido Tupi de carapina,
isto é, pica-pau. Podemos encontrar o carapina, principalmente nas construções
da zona rural, fazendo cumeeira, portas, janelas, forras e alisais. Por ele
temos o mesmo respeito que temos ao marceneiro e ao carpinteiro. E por mais
modesta que seja a casa as marcas do seu trabalho coopera com o conforto e a
segurança do novo lar.
Portanto,
ao compreender a mansidão, o caráter e a coragem de trabalhar do pai de Jesus,
posso simplesmente compará-lo a simplicidade do bairro sob a sua égide. Um
bairro onde o trabalho medra na força das pessoas do povo. E São José, pacato,
laborioso e bom, continua trazendo para o Sertão, as chuvadas benfazejas desde
o seu dia tão aguardado pelos devotos que dependem dos frutos da terra, da companhia
permanente dos rebanhos, das imagens misteriosas dos campos. Como se pode desassociar
a imagem atrativa do balcão aqui de dentro com as pancadas educadas da chuva lá
de fora? E quem se chama José, se envaidece ao se sentir sob a proteção segura,
leal e amorosa de um pai bravamente defensor que a história milenar não nega.
A
propósito, ontem foi dia do Corpo do seu FILHO, hoje se inicia o inverno, seu INVERNO.
SÃO
JOSÉ, DO POSTO DE SAÚDE (FOTO: B. CHAGAS).
IGREJA: NA FORÇA DA GRADE Clerisvaldo B. Chagas, 19 de junho de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.253 Após u...
IGREJA:
NA FORÇA DA GRADE
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de junho de
2025
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
3.253
Após
uma entrevista na Casa da Cultura, resolvi estacionar defronte a Igreja Matiz
de Senhora Santana, que estava muito bonita ao entardecer e com o sol
refletindo em partes metálicas da parede com um céu bonitão ao fundo. Não tive
como não me lembrar quando havia vários fotógrafos tipos lambe-lambe que
atuavam naquela calçada alta. Eram homens que registravam casamentos, batizados,
crismas... Enfim, registravam o andamento da cidade, usos e costumes de uma
época. Ao nosso ver, nada tinham de vendilhões do templo. Para mim, eram
historiadores registrando a história santanense através do milagre da foto.
Mas, por isso ou por aquilo, o padre Delorizano Marques, muito abusado e
pernóstico, resolveu expulsar todos os fotógrafos da calçada alta da Igreja
Matriz. Aliás, ali também costumava se reunir para palestra entre si, os
remanescentes das forças volantes que trucidaram Lampião.
Não
conformado com a expulsão daqueles profissionais que alimentava a família do
que ali produziam nos dias de feira, resolveu passar uma grade nos degraus da
Matriz. Os profissionais, desarvorados desapareceram da calçada da Igreja, da
feira e da cidade. A grade colocada pelo padre ainda hoje permanece passados mais
de uma década. A calçada sem grade sempre foi corta-caminho dos passantes por
ali e nunca se ouviu dizer que a calçada afundasse porque os passantes cortavam
caminho. Mas, do meu tempo de criança até os presentes dias houve cerca de três
reformas no aspecto do acesso à Matriz.
Igreja
construída em 17... teve sua primeira
reforma no ano de 1900 e depois na década de 1940, quando se apresenta no
aspecto de hoje. A Igreja Matriz de Senhora Santana, foi erguida no curral do
gado do fazendeiro Martinho Rodrigues Gaia e, esse núcleo que já era um
arraial, passou a ser as origens da futura cidade de Santana do Ipanema,
divinamente acidentada. Quanto às grades que ostenta limitando os seus degraus,
o que pensaria disso o seu fundador, padre Francisco Correia de Albuquerque?
Entretanto, esses pensamentos tão fugazes, não me impedem de continuar
admirando o grande templo de dentro do carro. O trânsito de fim de expediente
já começou com sua loucura, principalmente de motoqueiros. Hora de comprar pão quente.
IGREJA
MATRIZ DE SENHORA SANTANA À TARDINHA. (FOTO: B. CHAGAS).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.