CHEGOU O PRETINHO Clerisvaldo B. Chagas, 11 de novembro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.309   A nossa rua...

 

CHEGOU O PRETINHO

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de novembro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.309



 

A nossa rua, no Bairro São José, foi calçada com paralelepípedos na gestão municipal Paulo Ferreira. Não se pode negar os inúmeros benefícios de uma rua que sai da poeira para o calçamento, inclusive, a sua valorização. A princípio, foi formado o Conjunto São João com dezoito casas, dividido em duas ruas, uma com um lado sé, outra com os dois lados. Aluta pelo abastecimento d’água, ainda precário, foi melhorado graças a mobilização particular dos seus moradores, que financiaram uma puxada de encanação do terminal da Rua Manoel Medeiros. Até o presente momento, há mais de trinta anos, a rua ainda é “boa de água” como diz o povo.

E hoje acordamos com um barulho intenso de máquinas no conjunto ganhando asfalto. Agora mesmo, enquanto vestimos essa crônica, os ruídos irritantes do maquinário trazem o eco da rua do Posto de Saúde que também está sendo contemplada, mas não deixamos que perturbem esse trabalho. Embora a nossa rua seja   pequena e vertical ao Posto de Saúde e a do Posto de Saúde não tenha nada relevante, além da própria repartição pública, enorme fatia do Bairro São José se entrelaçam facilitando o acesso às principais para a mobilização urbana como a Avenida Castelo Branco e a BR-316 que corta grande fatia do Bairro da zona Oeste, São José, também saída para o Alto Sertão.

Estamos até fazendo brincadeiras, dizendo que “vamos cobrar pedágio”. Ora! Asfalto hoje é uma coisa tão comum, pode dizer alguém. E de fato é comum mesmo e rotina de muitos, há muito. Mas, meu amigo, minha amiga, para quem estar desprovido do conforto moderno, grande diferença faz. A valorização da rua foi há mais de 30 anos, portanto, quase uma vida completa, mas só agora tivemos outro benefício de peso. É ou não é motivo de alegria e comemoração!  Sabemos sim, que o asfalto da cidade contribui para o aumento do calor e das infiltrações das chuvas adequadamente nos terrenos revestidos, mas tudo faz parte da vida evolutiva. Se somos prejudicados em uma coisa, procuraremos compensar em outras, como já assistimos em soluções de urbanistas.

Esta primeira noite de asfalto na minha rua, não irá de maneira nenhuma me dá insônia.

Fica registrado o benefício neste mês de novembro, dia 11. Pronto, Fonte de pesquisa para o futuro.  

ASFALTO CHEGANDO (FOTO: B. CHAGAS).

 

  VAQUEJADA Clerisvaldo B. Chagas, 11 de novembro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica; 3.308   Pois é, já estamos ...

 

VAQUEJADA

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de novembro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica; 3.308



 

Pois é, já estamos na segunda semana do mês de novembro e mesmo após um inverno prolongado, o verãozão como se diz por aqui, não está de brincadeira. A vegetação já vai ficando crestada e nessa situação podemos esperar uma trovoada boa como a primeira do ano. É que esse mês que é o mês dos ventos, abre o período de chuvas com raios e trovões e essas possíveis trovoadas, escolhem o mês do agrado: novembro, dezembro, janeiro ou mesmo fevereiro. E quando acontece o fenômeno climático, geralmente é uma vez só entre os meses citados acima. O tempo é muito aguardado para os que gostam de uma boa vaquejada, porque o mato fica ideal para o esporte de cabra macho. Prêmios, apostas, coragem e habilidades abalam o Sertão Velho de meu Deus.

O céu é sempre belíssimo com este azul claro e pequeníssimas gazes de nuvens, parecendo céu de praia. Imaginemos a felicidade na zona rural sertaneja dos que habitam as margens do Canal do Sertão, nesse período. O carro-pipa tradicional deixou de circular em inúmeras comunidades que abraçam o Canal. Fartura, fartura, fartura na terra. Parceria da boa-vontade entre Deus e os homens. E a tela sertaneja muda constantemente de cores, mas o paraíso continua no inverno, no verão, na primavera. Aproxima-se rapidamente o final do ano e os vegetais filhos da quentura enfeitam-se das mais belas flores e oferecem no meio do cinza queimado, o colorido que inspira pintores, poetas, escritores e aves que voam no divino espaço ruralista.

As paisagens vão mudando mais continuam belas com as estradas recentes, que vão se especializando no quadro surrealista do cenário sertanejo. Barreiros, açudes, montanhas, currais, rios temporários na face dupla de asfalto e terra. E os olhados constantes para os céus, desviados do horizonte multicor, parecem implorar mais cenário, mais paisagens, mais fôlegos, mais inspiração para os apreciadores da rotina, do inesperado, do inédito, dos deslumbrantes que ornam a vida de quem aprendeu a viver. Entrevejo o Natal por trás de facheiros, mandacarus, favelas e alastrados.

Sertão suspira fim de ano.

Sertão suspira dever cumprido.

Sertão aguarda aniversário de escritor.

SERTÃO.

 

 

  BONDE Clerisvaldo B. Chagas, 10 de novembro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.306   Ainda alcancei como cri...

 

BONDE

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de novembro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.306

 



Ainda alcancei como criança e adolescente, a mobilidade urbana em Maceió, através de bondes. Década de 50, quando estava acontecendo movimentos literários em efervecência. Escritores que se tornaram nomes nacionais, de Alagoas e de outros estados nordestinos. Mas, devido a idade, eu ainda não sabia, nem entendia essas coisas. Entretanto, os olhos estavam sempre ligados na paisagem urbana da nossa capital. O bonde era eficiente, barato e romântico e que tanto levava e trazia trabalhadores, quanto pessoas a passeios. Os homens ainda se comportavam em seus trajes, como em Santana do Ipanema vila com a elegância de ternos brancos de linho e chapéus Panamá. Era uma capital bonita, ingênua e querendo progredir.

Os boêmios elegantes, preferiam ficar em pé segurando na estrutura do bonde, ao invés dos bancos. Talvez para aparecerem mais atraentes para às mocinhas da época. O ponto de parada na Praça Deodoro, coincidia com o encontro da elite masculina e feminina que frequentava o Centro. Outras atrações sempre estavam em evidência como a praia da Avenida, o “Gogó da Ema”, os faróis do Alto da Jacutinga, o teatro e o cheirinho da cidade repleto de mangas, fruta-pão e abacates nos quintais. O acesso a Maceió quase sempre era pelo trem de Palmeira dos Índios, que partia madrugada para a capital através de Quebrangulo e Viçosa. De Santana a Palmeira usava-se boleias de caminhões ou automóveis de praça. De Palmeira a Maceió, estrada de terra.

Mas é bom lembrar aos nossos jovens leitores, que antes do trem de Palmeira dos índios, o acesso à Maceió, era a cavalo de Santana a Viçosa e de trem de Viçosa Maceió. E se quer saber antes disso como se chegava a capital, era indo para Pão de Açúcar, embarcava em navio até Penedo e de Penedo a Maceió, em outro navio próprio do mar. Você pode citar o ditado do povo para aquela época: Ê, rapadura é doce, mas não é mole não. A propósito, quando o trem de Viçosa e depois de Palmeira dos Índios, entrava e saía de Maceió, era pelo Bairro de Bebedouro, que era o bairro de grandes festas da capital e dos ricaços elitistas. Nada de saudosismo, mas sem lembrança do passado o sujeito é um desmemoriado.

PRAÇA DEODORO, ATUALMENTE. (FOTO: B. CHAGAS).