MAMONA, REBANHO DE PESTE! Clerisvaldo B. Chagas, 3 de outubro de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.750 MAMONA. ...

MAMONA, REBANHO DE PESTE

MAMONA, REBANHO DE PESTE!
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de outubro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.750

MAMONA. Foto: (remédiodaterra).
Houve época em que o sertanejo de Alagoas plantava feijão e milho como cereais básicos e tradicionais. O algodão, estimulado desde a década de 20, assegurava uma quantia extra de final de ano. Era esta renda extra que vestia e calçava a família campesina. O produto era dirigido à indústria e havia várias algodoeiras receptando, beneficiando, enfardando e exportando o capulho para as grandes indústrias brasileiras. Além das bolandeiras distribuídas por altos fazendeiros, a cidade de Santana do Ipanema tinha várias algodoeiras que geravam emprego e renda na área do semiárido. Um grande sertanejo dizia que “era preciso pelo menos UM produto industrial nas roças sertanejas” para fazer o papel do algodão.
Pois bem, as “farras” das grandes produções sertanejas de milho e feijão acabaram. As terras cansadas por vários fatores empobreceram o povo. Até a chamada Festa Regional do Feijão que em Santana do Ipanema foi apontada como a segunda festa agrícola do Brasil, há muito deixou de existir. Todas as algodoeiras fecharam com a política mesquinha do algodão.
Dois bons produtos hoje desafiam os mandantes que não estão nem aí para ideias progressistas: a goiaba e a mamona. A primeira está presente em todos os quintais sertanejos em cidades, vilas e povoados. Mas cadê pelo menos uma só fábrica de doce para estimular o cultivo e o cooperativismo? A outra é a mamona que prolifera em todos os quintais da pobreza, em margens e leitos secos de riachos e rio Ipanema, trecho urbano. Tem tanta carrapateira, camarada, que antes e ainda hoje o vegetal serve de privada das casas sem banheiro. Com algumas desculpas esfarrapadas, não foi à frente qualquer projeto de se cultivar para a indústria. Mas algumas regiões do Brasil estão produzindo e colhendo para a indústria do biodiesel.

Enquanto isso as nossas terras sertanejas exauridas e abandonadas pela boa vontade do poder público, vão produzindo apenas urtigas e rasga-beiço pelas veredas que as cercam. Foi por isso que em um bar famoso de Santana do Ipanema, entre outros, esse tema foi tocado.  Levantou-se da mesa um ex-bancário, agricultor e, erguendo os dois braços, falou quase gritando: “Mamona, rebanho de pestes!”.

NA ANTÁRTIDA BRASILEIRA Clerisvaldo B. Chagas, 2 de outubro de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.749 Foto: (Div...

NA ANTÁRTIDA BRASILEIRA

NA ANTÁRTIDA BRASILEIRA
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de outubro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.749

Foto: (Divulgação).
Alguns países do mundo mantêm bases de pesquisas científicas no Continente Gelado, inclusive, o Brasil. Você lembra o incêndio que houve em nossa estação da Antártida em 2012? Custou a vida de dois militares e prejuízo de milhões. As pesquisas brasileiras, então, passaram a funcionar provisoriamente na base da Marinha. Mas era importante que o nosso País tivesse um amparo físico adequado às suas pesquisas. Assim em 2014 um edital para a construção ou reconstrução da Estação Brasileira Comandante Ferraz, não conseguiu nenhuma empresa brasileira interessada, o que acabou em mãos dos chineses. Agora a estrutura está pronta em Xangai, feita de aço e que será desarmada e acomodada em navio para transporte àquele continente.
A Construtora chinesa CEIEC, vai montar a nova estação na Antártida que teve a inspeção constante de quatro engenheiros navais brasileiros em todas as etapas na China. O investimento é de 110 milhões de dólares e o Brasil não pode ficar fora dessa elite de países que pesquisam oficialmente no Continente. O futuro será vantajoso para cada um deles e várias ciências serão beneficiadas com todas as descobertas científicas. Tudo estará completamente pronto em 2019, dizem as previsões dos envolvidos no projeto. Sabe-se que o Continente Gelado influencia todos os climas da terra. É de lá que vem às massas de ar geladas que sobem pelo Brasil chegando mesmo até a Amazônia em tempos de inverno.
As riquezas minerais que estão no seu subsolo, causam grandes cobiças internacionais. Entre eles estão o carvão, ferro, campos petrolíferos e gás e, tudo indica, minas de diamantes. No Protocolo de Proteção Ambiental do Tratado da Antártida está proibida sua exploração até 2048, quando outras providências serão tomadas a partir daí. Além disso, existe a riqueza animal e vegetal da região que se enquadram nas pesquisas dos países presentes no gelo. Mas, voltando ao assunto da nova estrutura da estação brasileira na Antártida, é bela e de aspecto futurista. Basta uma espiada na foto acima para senti-la. Não nos parece com cara de chinês e nem com cara de brasileiro, apenas com cara de futuro.




MUTUM NO MOQUÉM ENTENDEU? Clerisvaldo B. Chagas, 29 de setembro de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.748 AVE MU...

MUTUM NO MOQUÉM ENTENDEU?
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de setembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.748

AVE MUTUM-DE-ALAGOAS. Foto: (IMA).
Com a transformação da escrita, principalmente nesses tempos modernos, muita gente jovem engole calada ou mergulha na pesquisa de palavras quase em desuso. Uma delas voltou com tudo em Alagoas e no Brasil, nos últimos dias. A outra faz parte de algumas comunidades quilombolas, mas no geral está praticamente esquecida. São elas: mutum e moquém. Em nossa infância quando alguém falava em mutum quase sempre era para rimar. A mesma coisa acontecia com a outra palavra. Havia na época até uma piada de putaria que circulava entre os adolescentes. Um sujeito era fanho (outra palavra de pouco uso) e ouvira o cantador dizer: amanhã eu vou ao Mutum. E o fanho dizia para imitar: amanhã em vou no u... Dum. Entendeu, não é?
Pois bem, o mutum é uma ave que em nosso estado e no Brasil é chamada mutum-de-alagoas. Foi considerada extinta por aqui, pois não se via um mutum na Mata Atlântica de Alagoas há trinta anos. Com a volta de casal trazido do cativeiro, o Pauxi mútu se encontra em viveiro na Usina Utinga, até se adaptar e partir para a natureza. Assim o governador, sexta-feira passada (22) decretou o mutum como ave símbolo de Alagoas. Você deve saber que no caso da Flora, já tínhamos o símbolo do estado que é a craibeira, não é? Pois agora temos os dois o da Flora e da Fauna: Craibeira e Mutum. Bem que isso daria belo tema para um trabalho escolar. Outros dois casais criados em cativeiro também estarão chegando para povoar as nossas matas.
Sobre o moquém, se você ainda não descobriu, é uma antiga cozinha ou uma grelha alta na cozinha que usava lenha para esquentar (moquear) a carne para que ela tivesse maior durabilidade. Essa palavra sempre foi muita usada nas comunidades negras dos quilombolas e nos parece africana. Assim fica mais fácil entender o desafio do título desta crônica. Bem, agora que o título estar entendido como carne moqueada, não quer dizer que iremos capturar o casal de mutum que chegou ao nosso estado para metê-lo na grelha e se deliciar. E se você sabia de tudo, parabéns, está bem informado. E se não sabia, vamos fazer como dizia Camões, segundo o povo: “É morrendo e aprendendo”.