É HOJE O ENCERRAMENTO Clerisvaldo B. Chagas, 24 de julho de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.149 MATRIZ DE...

É HOJE O ENCERRAMENTO


É HOJE O ENCERRAMENTO
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de julho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.149

MATRIZ DE SENHORA SANTANA. (FOTO: B. CHAGAS).
Encerrar-se-á hoje (quarta-feira) a maior festa religiosa do interior alagoano.
“Nossa Senhora Santana é aquela criatura que Deus predestinou e escolheu para ser, na terra, Mãe da Virgem Imaculada, Mãe da Mãe de Deus e avó de Jesus Cristo, Nosso Salvador.
Santa Ana, São Joaquim e o Glorioso São José, os Pais e o Esposo castíssimo de Maria, estão envoltos no silêncio e na humildade.
Bem pouco deles se conhece. E, no entanto, o universo inteiro há séculos não cessa de cantar os seus louvores.
Santa Ana, depois de São José, foi a criatura mais íntima do Verbo Encarnado, a Intimidade do sangue e do parentesco, Mãe de Maria, a Virgem concebida sem pecado, e por Maria, avó de Jesus Cristo. Há um véu de mistério e um grande silêncio da História e das Escrituras sobre Santa Ana.
Dela bem pouco nos diziam a História e a Tradição, mas basta para sabermos o que Ela é e quão grande é seu poder e sua glória. Basta-nos só isto: É Mãe da Mãe de Deus e Avó de Jesus Cristo!
Segundo a tradição dos antepassados, Joaquim (São Joaquim), chegado o tempo de contrair matrimônio, foi procurar, na família de David, entre a gente da sua estirpe, uma esposa digna e virtuosa. Encontrou Santa Ana, privilegiada criatura do seu ideal. Não era rico, mas possuía alguns bens, e segundo a tradição, vivia do comércio de lãs e de carneiros. (Acta Sanct Martir Ton. III – Anne Chretienne). (...).
(...) Santa Ana é, pois, da família nobre do Rei – Profeta. Maria, quer da parte de São Joaquim, quer de origem materna, é filha de David.
(...) O pai de Santa Ana chamava-se Mathan e a mãe, Maria”.

(Trecho extraído do livro “Santana do Ipanema conta sua História”, dos irmãos Floro e Darci Araújo de Melo, págs. 15-16).

HEROÍNAS DO RIO IPANEMA Clerisvaldo B. Chagas, 22 de julho de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.148 LAVADEI...

HEROÍNAS DO RIO IPANEMA


HEROÍNAS DO RIO IPANEMA
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de julho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.148

LAVADEIRA. (FOTO: CORONEL EZEQUIEL BLOG.).
Antes da água encanada do São Francisco, década de 60, não era fácil a vida das lavadeiras profissionais em Santana do Ipanema. Lembramo-nos das que atuavam no trecho das três olarias do rio que corta a cidade. A passagem pelo rio, da antiga rodagem que ia de Santana a Olho d’Água das Flores, chamava-se Minuíno, palavra que arrancou muitos cabelos em busca de um significado, sem êxito. Pois era ali no tal Minuíno que as lavadeiras ganhavam a vida na profissão. Escavavam no leito seco do rio Ipanema com uma cuia ou outra vasilha e logo a água assoberbava na cacimba rodeada de areia grossa. Faziam um jirau com varas esqueléticas e cobriam-no com palha de coqueiro ouricuri e panos velhos. Debaixo daquela fragilidade contra o Sol de mais de trinta graus, lavavam-se roupas da classe mais aquinhoada da sociedade.
Sempre se encontravam lavadeiras com trouxas de panos à cabeça descendo às ruas em direção ao Panema. Raras dessas senhoras também engomavam. Se se fazia uma coisa, não se fazia  outra. Havia uma diferença profissional em que a engomadeira estava em patamar mais elevado, embora ambas fossem subalternas.
A apreciação romântica no saudosismo poético visto por alguns escritores, não existia nas lavadeiras do selvagem e rude rio Ipanema. Havia a dura labuta, sem cânticos, sem afeto, sem porvir, daquelas fêmeas rijas e batalhadoras para levar o pão à mesa. Mulheres do Ipanema, companheiras inseparáveis do tempo, filhas da favela e do alastrado.
Após luta feroz, o advento da água encanada, foi aos poucos extinguindo as profissionais lavadeiras e os botadores d’água em jumentos (mais de cem), em Santana do Ipanema. Assim também, a ponte sobre o rio – década de 60 – afastou banhistas e lazer do mais famoso e aprazível Poço dos Homens, no mesmo rio Panema.
Tempos depois surgiram algumas lavanderias que abriam e fechavam às postas, como até os dias atuais.
Vou historiando à minha terra na hora de botar roupa na máquina de lavar. Também virei moderna lavadeira... Ou lavadeiro? Sei apenas, compadre, que a roupa sai cheirosinha e chega à memória um preito de gratidão e carinho às antigas lavadeiras, heroínas anônimas do meu amado rio Ipanema. Saudade... .












CHUVA, JULHO, CHUVA Clerisvaldo B, Chagas, 19 de julho de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.147 TEMPO NO SE...

CHUVA, JULHO, CHUVA


CHUVA, JULHO, CHUVA
Clerisvaldo B, Chagas, 19 de julho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.147

TEMPO NO SERTÃO. (FOTO: B. CHAGAS).
 Faltando um garrancho para uma coivara ou um empurrão para uma briga, melhor dizendo, faltando pouco para o amanhecer, já estava previsto. Nesse Sertão de Nosso Senhor Jesus Cristo, variação entre galope e sereno de chuva à noite inteira comadre. Um deserto tão grande nas ruas que até os sapos não transitaram nas vias. O rio Ipanema desce com um pouco d’água para ornar as narrativas das tradições. Vez em quando um jornalista, um poeta, um escritor ou mesmo um saudosista, foca suas lentes para o lombo do rio. Cada vez mais com a aproximação de agosto, a frieza vai apertando o parafuso no semiárido. As feiras livres vão fraquejando devido a ocupação na agropecuária pelo homem do campo, aonde a temperatura chegou aos 13 graus centígrados, amigo.
Já é meio-dia desta sexta-feira, 19, o dia chuvoso e nublado ainda não parou a marcha lenta do tempo que distribui água a valer. Isto faz lembrar o padre José Augusto da Paróquia de São Cristóvão, em Santana do Ipanema, hoje na Serraria, em Maceió: “Deus nos mande bastante chuva... Mas que ela venha mansa” (gargalhada). Pois é mansa mesmo que ela se derrama por aqui. Prosseguem os festejos à Senhora Santana que no mundo inteiro ocorrem na mesma data do mês de julho. O foguetório avisa no início, meio e final do dia, para o pensamento cristão. Os estouros dos fogos misturam-se à chuva fina e molhadeira que mantém o Sertão montado no dorso da esperança. A faina continua com frio ou sem frio, quando passam estudantes fardados para as provas do bimestre.

No inverno tão bonito
Vai o carão pra lagoa
Pescador enche a canoa
Onça pula no granito
Do tetéu se houve o grito
A cobra fica enroscada
Codorniz desconfiada
Inda teme o caçador
Gato procura calor
Gavião baixa à ramada.